Ciência e Saúde

Da bariátrica à plástica corretiva: perda de pesa provoca excesso de pele

Uma cirurgia corretiva pode ser feita depois da estabilização do peso

Alessandra Alves/Estado de Minas
postado em 02/02/2016 06:05

Vídeo de John Glaude com excesso de pele já foi visto na internet mais de 8 milhões de  vezes


Belo Horizonte ; Em novembro de 2014, John Glaude, um norte-americano de 21 anos, publicou um vídeo no YouTube em que tira quase toda a roupa para mostrar como ficou o seu corpo depois de perder 70 quilos. Visivelmente envergonhado, o jovem diz que a razão principal de querer compartilhar sua intimidade com o mundo ; o vídeo tem mais de 8 milhões de visualizações ; é justamente perder a vergonha. Em um relato emocionante, defende que ;nenhuma pessoa deve deixar que o excesso de pele ou qualquer outra coisa a impeça de ir atrás dos seus sonhos;. Mesmo reconhecendo que não se trata do fim da sua luta pelo corpo ideal, John se diz orgulhoso de si mesmo. ;O meu sonho era ser feliz na minha pele. E eu sou.;

Aceitar o excesso de pele resultante do processo de emagrecimento é uma batalha comum tanto para quem perde peso sem intervenção cirúrgica quanto para aqueles que fazem a cirurgia bariátrica. No caso do procedimento cirúrgico, a batalha começa pela operação, que, por si só, não é simples. No período pré-operatório, além de fazer dieta, o paciente deve se submeter a uma série de exames e fazer acompanhamento com profissionais como psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Nos primeiros 40 dias, a dieta é composta exclusivamente por líquidos e, depois desse período, pode restringir diversos tipos de alimentos. Lidar com as mudanças do corpo e da rotina definitivamente não é uma tarefa simples.

A técnica de enfermagem Lilian Trant, 43 anos, tinha 34 anos quando decidiu se submeter à cirurgia. Ela, que sempre foi magra, chegou a pesar 114 quilos depois da gravidez. Com dieta, emagreceu e chegou aos 68 quilos, mas engordou mais uma vez quando perdeu a mãe. Desanimada e sem forças para seguir a batalha contra a balança, foi convencida por uma prima a procurar um cirurgião. Saiu de lá com a certeza da cirurgia. Fez todos os exames, acompanhamento psicológico e, cerca de dois anos depois da primeira consulta, operou. ;A cirurgia foi ótima e o processo, excelente por dois motivos: o meu médico foi muito rigoroso e sou muito obediente;, conta.

Lilian seguiu todas as recomendações médicas e emagreceu rapidamente. Sentiu-se feliz e deu adeus à tristeza que a obesidade havia trazido à sua vida. Mas alguma coisa ainda a incomodava. ;Era louca para tirar a barriga. Por causa do emagrecimento, a pele na região ficou flácida e isso me incomodava muito;, conta. Um dia, a técnica em enfermagem dividiu o toalete da clínica em que trabalhava com uma cirurgiã plástica, que a ofereceu a cirurgia de graça. ;Ela disse para mim: ;Você é um exemplo, está cada dia mais magra e linda, já venceu uma batalha, você merece tirar essa barriga;;, lembra.

Sem precisar arcar com os custos da plástica e tendo conhecimento do trabalho da médica, Lilian não pensou duas vezes para voltar ao centro cirúrgico e fazer uma abdominoplastia. ;Todo mundo que faz a bariátrica tem que fazer a plástica. Antes, a barriga pesava, me deixava constrangida. Eu já estava feliz, mas ainda tinha isso que me incomodava bastante. Hoje, estou com minha autoestima nas alturas, de body de lycra, com a barriga chapada;, comemora.

Mais que estética
Além da sensação de não ter completado o ciclo de emagrecimento e o constrangimento com o novo corpo, alguns pacientes podem desenvolver problemas que ultrapassam a questão estética. O excesso de pele pode causar dermatites, assaduras e até mesmo infecções. Se o paciente não conseguir lidar com a flacidez do corpo, há o risco de a situação gerar ainda um quadro depressivo. ;Falo que a plástica, nesse, caso é uma cirurgia curativa. Ela muda a mente da pessoa. É uma solução para dar qualidade de vida a esses pacientes que passaram por tantas dificuldades com o excesso de peso;, explica a cirurgiã plástica Cíntia Mundim.

Entre as intervenções mais procuradas por quem faz a cirurgia bariátrica, Cíntia cita, em primeiro lugar a abdominoplastia, feita para retirar o excesso de pele na região do abdômen. Em seguida, vêm as cirurgias de mama, na coxa e nos braços. A médica esclarece que a maior parte dos pacientes geralmente opta por uma região ou no máximo duas. Quando a opção é pela plástica na barriga, por exemplo, só é possível fazer essa região, já que a cirurgia demora em média quatro horas. Quando a área é menor e os locais próximos, pode-se fazer duas correções, como na mama e no braço. ;São combinações possíveis porque estão no mesmo segmento corporal e o pós-operatório é parecido;, explica a médica.

A nutricionista Adriana Rodrigues submeteu-se à cirurgia bariátrica há 10 anos. Apesar de não ter feito ainda nenhuma cirurgia corretiva, ela confessa que, por causa do excesso de pele, queria fazer na mama. ;Gostaria de colocar um pouquinho de silicone para melhorar a aparência. Mas é só;, garante. Assim como o jovem John Claude, Adriana acredita que a maior batalha já foi vencida. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em 2014, no Brasil foram feitos em torno de 88 mil procedimentos do tipo, um número 10% maior do que o ano anterior.

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