Ciência e Saúde

Algumas pessoas tendem a gostar de produtos que são fracasso de vendas

São sempre as mesmas pessoas, respondem pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts

postado em 06/02/2016 07:01
Lançar algo no mercado é sempre arriscado. Da ideia inicial até a chegada da novidade às prateleiras, muito esforço, tempo e dinheiro são gastos. Por isso, um erro costuma render enormes prejuízos. Depois que a empreitada dá errado, muitos se perguntam como uma companhia pode ter sido tão ingênua de acreditar que um refrigerante transparente sabor cola ou um biscoito de chocolate com recheio de melancia ; ideias realmente lançadas alguns anos atrás nos Estados Unidos ; poderiam fazer sucesso.

O fato, contudo, é que muita gente, durante os testes com consumidores e na fase de lançamento, compram aquele produto, dando a impressão aos fabricantes de que a proposta é realmente boa. Só depois de um tempo, os estoques empacam, e o fracasso se evidencia. Mas se isso acontece, uma outra pergunta pode vir à mente: quem adquire algo que a imensa maioria rejeita logo de cara?

São sempre as mesmas pessoas, respondem pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Em um estudo publicado recentemente na revista especializada Journal of Marketing Research, os cientistas mostram que existe uma classe de indivíduos de gosto duvidoso que sempre se interessam pelo que não vai dar muito certo. Essa curiosa característica os levou a serem batizados pelos especialistas de ;arautos do fracasso;.

;Eles têm a propriedade incomum e curiosa de continuar a comprar produtos que logo são retirados das prateleiras;, explica, em um comunicado, Catherine Tucker, professora de marketing do MIT e coautora do artigo. Portanto, o tipo de produto não importa muito. Seja um xampu, seja uma peça de roupa, se a ideia for comercialmente inviável, provavelmente chamará a atenção de um arauto do fracasso. Trata-se de um comportamento repetitivo, diz Tucker. ;Se você é o tipo de pessoa que comprou algo que realmente não ressoou bem no mercado, digamos, café com sabor de Coca-Cola, então você está mais propenso a comprar um tipo de creme dental ou detergente que também não funcionarão.;



Novo paradigma
Segundo ela, a descoberta muda bastante o estudo sobre hábitos de consumo. ;Normalmente, quando você está fazendo pesquisa de mercado, as pessoas gostarem de seu produto é visto como uma coisa boa;, afirma Tucker. ;Mas o que fizemos foi identificar um grupo de pessoas que você realmente quer que odeie seu produto. E isso muda o paradigma da pesquisa de mercado;, destaca.

O trabalho baseou-se em dois amplos conjuntos de dados de uma grande cadeia de lojas de conveniência espalhada por todos os Estados Unidos. Um deles mostrava as vendas semanais agregadas de 111 lojas entre 2003 e 2009. Já o outro reunia compras feitas por consumidores entre 2003 e 2005. No total, os pesquisadores examinaram 77.744 clientes que compraram 8.809 novos produtos. Com esses levantamentos em mãos, foi possível ver quais novidades não resistiram ao tempo ; 60% não estavam mais nas prateleiras três anos depois de lançadas ; e cruzar os dados para chegar aos consumidores que as haviam adquirido.

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