Ciência e Saúde

Nova técnica usa estímulos elétricos para aliviar e superar traumas

Criada nos EUA, técnica é aplicada enquanto o paciente dorme e age diretamente em áreas do cérebro ligadas ao medo e à ansiedade

Paloma Oliveto
postado em 12/02/2016 06:10
Criada nos EUA, técnica é aplicada enquanto o paciente dorme e age diretamente em áreas do cérebro ligadas ao medo e à ansiedade
Durante muito tempo, a ideia de utilizar corrente elétrica no tratamento de transtornos psíquicos esteve associada às torturantes práticas sanatórias do início do século 20, quando pacientes recebiam fortes choques na cabeça, para desencadear convulsões, muitas vezes sem sedação ou imobilização muscular. A estimulação cerebral caiu em desuso até que, aprimorada, voltou aos consultórios médicos com resultados promissores e quase nenhum incômodo para quem se submete à técnica.

Há diferentes modalidades de estimulação sendo utilizadas comercialmente ou de forma experimental. Uma, em particular, está chamando a atenção de pesquisadores porque se mostra eficaz em estudos sobre o tratamento de uma variedade de condições, como depressão, deficit de atenção e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Um experimento recente, feito com um pequeno número de pacientes que sofriam consequências de traumas há três décadas, constatou que a chamada estimulação do nervo trigêmeo (TNS, sigla em inglês) é capaz de amenizar significativamente os sintomas de forma não invasiva.

Desenvolvida pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), a TNS é feita com o paciente dormindo. Basta encostar na testa dele um eletrodo que tem formato e textura de um adesivo curativo. O sensor fica conectado a um aparelho do tamanho de um celular, programado pelo médico e alimentado por uma bateria comum de 9V. Durante oito horas, o equipamento manda sinais elétricos para o cérebro através do nervo trigêmeo, que tem várias ramificações, inclusive na testa. Como ele fica muito próximo da pele, consegue captar bem os impulsos e enviá-los para diversas estruturas cerebrais associadas a ansiedade, medo e humor, entre outras.

Idealizada em 1987, a técnica passou por aprimoramentos e, em 2003, a Ucla publicou as primeiras evidências científicas de sua eficácia para epiléticos resistentes ao tratamento medicamentoso tradicional. Há seis anos, o psiquiatra e professor Ian Cook, que desenvolveu a TNS, apresentou um estudo indicando 70% de redução na gravidade dos sintomas de depressão em pacientes que também não respondiam aos remédios. Mais recentemente, os pesquisadores da universidade americana começaram a testar o método em crianças e adolescentes diagnosticados com hiperatividade e deficit de atenção (Leia mais nesta página). Agora, os primeiros estudos com pacientes de TEPT sugerem a indicação da TNS também para lidar com traumas.

Revivência extrema
O psiquiatra Andrew Leuchter, professor de psiquiatria e diretor de neuromodulação do Instituto de Neurociência e Comportamento Humano Semel, na Ucla, explica que, de forma geral, boa parte dos pacientes de transtorno do estresse pós-traumático se beneficia dos tratamentos existentes, mas a grande maioria convive com os sintomas por muitos anos. ;Para essas pessoas, uma nova terapia como a TNS seria um ganho enorme porque, no caso delas, é impossível imaginar a vida sem esses sintomas debilitantes;, observa.

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