Ciência e Saúde

Primeira imagem 3D do vírus zika deve acelerar desenvolvimento de vacina

As características particulares do zika podem ser as que lhe permitem aderir a certas moléculas e infectar células humanas

Agência France-Presse
postado em 01/04/2016 06:31
As características particulares do zika podem ser as que lhe permitem aderir a certas moléculas e infectar células humanas

Miami, Estados Unidos - Pesquisadores americanos anunciaram na quinta-feira (31/3) que conseguiram obter o primeiro mapa tridimensional do zika, uma conquista que pode acelerar os esforços para desenvolver uma vacina contra esse vírus relacionado a más-formações nos recém-nascidos.

O zika vírus seria muito similar a outros da família dos flavivírus, que inclui a dengue, a febre amarela e a febre do Nilo Ocidental. Teria, porém, diferenças estruturais-chave, segundo o estudo publicado na revista Science. "O vírus é como um desconhecido que oferece uma bala para uma vítima desprevenida", explicou o comunicado da Universidade Purdue, onde foi feita a pesquisa. "A célula humana vai atrás da guloseima e, aí, é agarrada pelo vírus, que, quando ataca, pode infectar a célula", acrescentou.

[SAIBAMAIS]As características particulares do zika podem ser as que lhe permitem aderir a certas moléculas e infectar células humanas. "Talvez um inibidor possa ser desenhado para bloquear essa função e evitar que o vírus possa aderir e infectar as células humanas", comentou o professor de Biologia Michael Rossmann, de Purdue.



Ao contrário dos outros flavivírus, o zika aparentemente infecta o cérebro do feto e evidências científicas apontam que a infecção do vírus está ligada à microcefalia, uma doença congênita irreversível que provoca danos irreparáveis no desenvolvimento motor e cognitivo da criança. "A maioria dos vírus não invade o sistema nervoso, ou o feto, graças à barreira que a placenta representa, mas o vínculo entre o desenvolvimento cerebral inadequado nos fetos sugere que o zika faz isso", afirmou Devika Sirohi, pesquisadora da Purdue. "Não está claro como o zika pode acessar estas células e infectá-las, mas a chave pode estar em suas diferenças estruturais", completou.

O modelo desenvolvido pelos cientistas foi baseado em uma cepa do vírus de um paciente infectado durante a epidemia da Polinésia francesa entre 2013 e 2014. Cientistas do governo americano indicaram que levará anos para desenvolver uma vacina contra o zika, um vírus sem cura e sem tratamento que se propagou pela América Latina.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação