Ciência e Saúde

Ferramenta colaborativa registra atropelamentos de animais em estradas

Sistema registra atropelamentos de animais nas vias brasileiras com a ajuda da sociedade. Segundo os criadores, ao unificar dados, a ferramenta digital pode ajudar na formulação de políticas de conservação e de campanhas de conscientização de motoristas

Carolina Cotta
postado em 19/07/2016 06:10
Os animais de pequeno porte são as principais vítimas e os casos não costumam ser registrados: monitoramento quer reunir 17 mil parceiros
Belo Horizonte ; A cada segundo, 15 animais silvestres são atropelados nas estradas brasileiras, incluindo espécies ameaçadas. Isso representa a perda de 1,3 milhão de animais por dia, ou 475 milhões todos os anos. O impacto socioeconômico ambiental desses atropelamentos foi o que originou o Sistema Urubu, desenvolvido para contribuir com o governo e concessionárias de rodovias na identificação de áreas de maior risco de atropelamento dos bichos e mapeamento das espécies mais afetadas em cada ponto. A partir dos dados, é possível proteger e conservar a biodiversidade das áreas atingidas.

Baseado no conceito de ciência cidadã, no qual procedimentos científicos são compartilhados e complementados pela sociedade, o Sistema Urubu usa um conjunto de ferramentas tecnológicas que permite a qualquer pessoa colaborar com a conservação da biodiversidade brasileira e tem como propósito reduzir o impacto ambiental de rodovias, asfaltadas ou não, e ferrovias. Hoje, o sistema, criado em 2014, já é a maior rede social de conservação da biodiversidade brasileira, reunindo, sistematizando e disponibilizando informações sobre a mortalidade da fauna selvagem do país.

O projeto é coordenado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), vinculado à Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais. O principal diferencial do Sistema Urubu em relação a outros bancos de dados é que 100% dos casos são avaliados por especialistas em identificação de espécies. A ideia é chegar ao menor nível taxonômico possível, mas, em função do atropelamento, às vezes, não se identifica a espécie, apenas a classe.

Segundo Alex Bager, professor do Departamento de Biologia da Ufla e coordenador do projeto, ainda em 2012, pesquisadores ligados ao centro reuniram estudos disponíveis para o território nacional sobre atropelamentos de fauna selvagem. Naquela época, as estimativas apontavam para cerca de 500 milhões de animais selvagens morrendo todos os anos no Brasil. Mas onde estão tantas carcaças? Segundo Bager, 90% dos animais atropelados são de pequeno porte, como sapos, cobras e aves. ;Muitos motoristas sequer percebem. A roda passa rapidamente e ;some; com eles. Além disso, temos a ação dos animais carniceiros;, diz.

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