Ciência e Saúde

Estudo traça prejuízos invisíveis do aumento de gás carbônico na atmosfera

Entre eles, estão alterações na composição do solo e na estrutura das plantas

Paloma Oliveto
postado em 01/11/2016 08:00

Regiões áridas e semiáridas, como em Pontiville, na Austrália, são as que mais sofrem com esse tipo de adversidade

Os efeitos do aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera são bem conhecidos. Temperaturas altas, derretimento de calotas polares, aumento do nível do mar e estiagens prolongadas são alguns dos mais explorados pela ciência. Contudo, pesquisadores da Universidade de Southampton, na Austrália, alertam que não se pode ignorar as adversidades indiretas associadas à produção excessiva de CO2. De acordo com eles, consequências como alterações na composição do solo e na estrutura das plantas podem ter um impacto maior nos ecossistemas do que o imaginado.

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;Compreender a importância desses efeitos indiretos, em comparação com os diretos, vai melhorar nosso entendimento de como os ecossistemas respondem às mudanças climáticas;, alega Athanasios Paschalis, pesquisador da instituição e coautor de um estudo sobre o tema publicado na revista Plos. O cientista ambiental destaca que os impactos indiretos serão sentidos particularmente nas regiões áridas e semiáridas. ;Para esses ecossistemas, eles podem ser ainda piores que os efeitos diretos;, observa. ;Nossos resultados têm implicações também para o futuro dos recursos aquíferos e para projeções globais de fertilização com CO2. Isso porque, embora os efeitos diretos sejam tipicamente compreendidos e facilmente reproduzidos em modelos, simular os indiretos é algo muito mais desafiador e de difícil quantificação;, afirma.

O pesquisador dá um exemplo: diretamente, o aumento nos níveis de dióxido de carbono afeta diversas espécies ao estimular a fotossíntese e reduzir a perda de água ; a transpiração da planta ; porque diminui a abertura de pequenos poros localizados nas folhas, os estômatos. Isso desencadeia efeitos mais sutis e indiretos. ;Quando as plantas fecham seus estômatos, elas usam menos água do solo, mudando a quantidade de água disponível para outras plantas. Ao mesmo tempo, alteração na disponibilidade de água e estímulo à fotossíntese podem mudar a quantidade de folhas, raízes e micróbios subterrâneos na composição da biomassa, o que leva a mudanças importantes no funcionamento dos ecossistemas;, observa o cientista.

Segundo os pesquisadores, efeitos indiretos como esses podem explicar em média 28% da resposta da produtividade das espécies, e eles são tão importantes quanto os diretos no processo de evapotranspiração ; o balanço hídrico da região, calculado pela perda de água no solo por evaporação e pela perda de água da planta por transpiração. Para investigar os efeitos dos níveis elevados de CO2 em diversas regiões, os cientistas fizeram simulações computacionais. Dessa forma, conseguiram chegar a uma fórmula que determinou especificamente para quais ecossistemas e sob quais condições climáticas as consequências indiretas desse fenômeno são de importância crucial.

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