Ciência e Saúde

Estudo: resgatar terras degradadas traz benefícios ambientais e lucro

ONG ambiental WRI estima o ganho de US$ 23 bilhões com a retomada produtiva de 20 milhões de hectares em 50 anos

Vilhena Soares
postado em 06/12/2016 06:03

Área devastada da Floresta Amazônica no Pará: países latinos e caribenhos somam 650 milhões de hectares nessa condição

O uso excessivo de produtos químicos e o desmatamento disseminado são algumas das práticas que prejudicam a flora e a fauna de uma região. Muitas vezes, de forma devastadora. Cientistas da ONG ambientalista World Resources Institute (WRI) mapearam áreas do tipo na América Latina e no Caribe e descobriram 650 milhões de hectares de terra degradada. Resgatá-las, segundo eles, traz, além de uma infinidade de benefícios ambientais e sociais, lucro. O estudo da WRI mostra que a recuperação de pelo menos 20 milhões de hectares ; o equivalente ao tamanho do Uruguai ; pode render benefícios de cerca de US$ 23 bilhões em 50 anos e o armazenamento de quase 5 gigatoneladas de gás carbônico.

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;Terra degradada e improdutiva é um obstáculo para os agricultores locais e as economias nacionais. Mas também representa uma tremenda oportunidade;, justifica Walter Vergara, pesquisador sênior da WRI e autor principal do estudo. No trabalho, a equipe usou imagens feitas de satélites e analisou o nível de produção das áreas atingidas, que foram classificadas conforme as suas condições. Eles identificaram 650 milhões de hectares degradados, área equivalente a duas Argentinas. A equipe da WRI acredita que 15% dessas terras podem ser restaurados em ecossistemas naturais; 15%, em terras agrícolas de melhor desempenho; e 70% podem ser transformados em ;mosaicos; economicamente produtivos de florestas e pastagens.

Essa divisão traria diversos ganhos financeiros pela venda de madeira para o comércio de celulose e pelo varejo de produtos medicinais, como frutas e nozes. Outros ganhos incluíram o cultivo de milho, soja e trigo, além da renda que poderia ser obtida com atividades de ecoturismo. Pelos cálculos realizados, essas atividades renderiam um aumento de valor de pelo menos US$ 1.140 por hectare, em média. ;A análise econômica da restauração mostra, pela primeira vez, que, se pudermos trazer produtividade de volta para terrenos com desempenho inferior, a restauração não só paga por si, mas gera bilhões de dólares de valor adicional;, detalha Vergara.

Wilson Mozena, professor da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), concorda com os resultados da pesquisa e ressalta que a recuperação de áreas degradadas pode ser uma estratégia positiva para alcançar a estabilidade econômica. ;É um problema que vem crescendo e gerando mais prejuízos. No Brasil mesmo, chegamos a perder, por ano, até 13 toneladas de solo que foi comprometido pelo uso de pastagens que degradam a terra;, justifica.

Outro benefício apontado no relatório é o ambiental. Segundo a WRI, uma recuperação inicial de 20 milhões de hectares pode render cerca de 5 gigatoneladas de CO2 em 50 anos. ;Essa recuperação rende benefícios ambientais e representa uma grande oportunidade para armazenamento de carbono;, explica Vergara. Trata-se de uma técnica para ;aprisionar; um dos principais gases causadores do efeito estufa, que pode ser ;guardado; no mar ou abaixo da superfície da terra, sendo definitivamente descartado.

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