Ciência e Saúde

MG, ES e SP registram casos de febre amarela e acendem sinal de alerta

Minas Gerais enfrenta a pior situação. Espírito Santo investiga dois casos suspeitos, enquanto São Paulo monitora a doença após registrarem casos de macacos mortos em dezembro. Como medida de prevenção, DF reforça vacinação

Otávio Augusto
postado em 16/01/2017 22:55
Minas Gerais enfrenta a pior situação. Espírito Santo investiga dois casos suspeitos, enquanto São Paulo monitora a doença após registrarem casos de macacos mortos em dezembro. Como medida de prevenção, DF reforça vacinação
Os casos suspeitos de febre amarela começam a se espalhar pelo país. Nesta segunda-feira (16/1), a Secretaria de Saúde do Espírito Santo anunciou que investiga dois casos suspeitos da doença em São Roque do Canaã e Conceição do Castelo. Os municípios são próximos a Minas Gerais, onde está centralizado o maior número de diagnósticos positivos. Lá, são 152 notificações e 47 mortes, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde local. No DF, Vigilância Epidemiológica intensifica a vacinação contra a enfermidade.

Em apenas dois dias, os casos suspeitos de febre amarela subiram 14,2% em Minas Gerais. As mortes em decorrência da doença cresceram 23,6%. Na contagem anterior, divulgada na sexta-feira (13/1), eram 133 ocorrências sob suspeita e 20 casos prováveis. O número de óbitos que podem estar relacionado à enfermidade subiu, de 38 para 47. Desses, 22 estão provavelmente ligados ao vírus. A região leste do estado é a mais afetada. Ao todo, 26 municípios, onde vivem 2,4 milhões de pessoas, estão em estado de alerta.

Investigações

Nesta terça-feira (17/1), uma terceira equipe do Ministério da Saúde chega a Minas Gerais para auxiliar nas investigações dos casos. "As equipes estão atuando presencialmente nas localidades com relato de casos de febre amarela e estabelecendo medidas de controle;, ressalta informativo da pasta.

[SAIBAMAIS] A morte de 80 macacos com febre amarela no Espírito Santo acendeu o sinal de alerta. O governo capixaba solicitou ao Ministério da Saúde o envio de 15 mil doses de vacina por mês, para garantir a imunização durante as férias. Hoje, o estado recebe 5 mil doses mensais. "Esta é uma medida preventiva diante dos casos crescentes em Minas Gerais, uma vez que, até o momento, não há confirmação da doença no Estado;, destaca a Secretaria de Saúde capixaba, em nota. Mais de 20 municípios que fazem divisa com Minas ou com registro de macacos mortos estão em estado de atenção.

Desde o ano passado, cinco municípios do interior de São Paulo registraram mortes de primatas por febre amarela. Lá, duas pessoas morreram em 2016 com a suspeita de complicações da enfermidade. As autoridades sanitárias iniciaram uma campanha para imunizar cerca de 100 mil pessoas que não são vacinadas contra a doença na região de Ribeirão Preto.

;Caso seja detectada a presença de animais doentes ou mortos, a pasta notificará o plantão médico do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde. Este, por sua vez, acionará os profissionais para coleta de material a ser destinado à análise laboratorial para confirmação diagnóstica;, destaca o informativo divulgado em dezembro passado pela Secretaria de Saúde de São Paulo.

De acordo com o Ministério da Saúde, todos as unidades da federação estão abastecidas com doses da vacina contra a febre amarela. ;Toda pessoa que reside em áreas com recomendação da vacina contra febre amarela e pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata, deve se imunizar. Em 2016, o total distribuído foi de mais de 16 milhões de doses. A vacina é altamente eficaz e segura para o uso, a partir dos 9 meses de idade, em residentes e viajantes a áreas endêmicas ou, a partir de seis meses de idade, em situações de surto da doença;, salienta a pasta.
Minas Gerais enfrenta a pior situação. Espírito Santo investiga dois casos suspeitos, enquanto São Paulo monitora a doença após registrarem casos de macacos mortos em dezembro. Como medida de prevenção, DF reforça vacinação

DF em alerta

O receio de um pico da doença fez com que a Secretaria de Saúde do DF chamasse a atenção para a imunização ; 2016 teve um dos índices mais baixos de adesão dos últimos seis anos: 81,9% da população, segundo dados preliminares. No ano anterior, o índice foi de 91,7%. Em 2015, houve, pela primeira vez, aumento do mal no DF desde o surto de 2007. Ocorreram 38 notificações. No ano passado, foram registradas 24.

Apesar de não haver um grande volume de doentes, o vírus está em circulação do DF. No ano passado, a pasta da Saúde recolheu pelo menos oito macacos mortos com a doença. Os óbitos aconteceram no Jardim Botânico, no Lago Sul e na Candangolândia. A febre amarela é passada ao homem por mosquitos, inclusive o Aedes aegypti, o mesmo transmissor de dengue, zika e chicungunha, em áreas urbanas ou silvestres.

Apesar de não ter havido notificações de febre amarela no DF em 2017, nesta semana, a Saúde publicará uma nota técnica sobre o assunto. O documento servirá como alerta aos profissionais para a notificação dos casos suspeitos e ressaltará a necessidade da imunização. Em 2015, duas pessoas morreram por complicações em decorrência da febre amarela. Goiás registrou, em 10 anos, 33 casos e 23 mortes pela enfermidade.

Para saber mais

Como é a vacinação?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que apenas uma dose da vacina já é suficiente para a proteção por toda a vida. No entanto, como medida adicional de proteção, o Ministério da Saúde definiu a manutenção do esquema de duas doses da vacina Febre Amarela no Calendário Nacional, sendo uma dose aos 9 meses de idade e um reforço aos 4 anos. Para os adultos, também são duas does. Quem não sabe se já tomou ou não o imunobiológico, recebe a primeira dose e, após 10 anos, o reforço. A vacina, no entanto, não é recomendada para mulheres grávidas, mulheres que estejam amamentando criança com menos de 6 meses de vida, pessoas com doenças ou em tratamento que prejudique a resposta imunológica (HIV/Aids, quimioterapia, etc) e pessoas com alergia grave a ovo.

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