Ciência e Saúde

Número de idosos que usa remédios que afetam o cérebro dobra em dez anos

Este aumento ocorreu especialmente entre os idosos das zonas rurais, onde a taxa de visitas ao médico triplicou durante o mesmo período

postado em 13/02/2017 20:59
O número de idosos nos Estados Unidos que tomam ao menos três medicamentos que afetam o cérebro mais do que dobrou em uma década, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, que alerta sobre o risco elevado desta prática.

Este forte aumento ocorreu especialmente entre os idosos das zonas rurais, onde a taxa de visitas ao médico triplicou durante o mesmo período.

Os remédios prescritos são uma combinação de opiáceos, antidepressivos, tranquilizantes e antipsicóticos, segundo um estudo publicado pela revista médica americana Journal of the American Medical Association (JAMA) Internal Medicine.

Esta combinação, que age sobre o sistema nervoso central, é "preocupante" devido ao risco que implica para os idosos.

Além das quedas e dos ferimentos que esta prática provoca, os autores mencionam também os riscos quando essas pessoas estão ao volante, as perdas de memória e outros problemas cognitivos.
Combinar analgésicos opiáceos com alguns tranquilizantes é particularmente preocupante, como alertou recentemente a Food and Drug Administration (FDA, agência sanitária americana).

Esta equipe de pesquisadores da Universidade de Michigan analisou dados de uma amostra representativa de consultórios médicos entre 2004 e 2013, procedente dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Os pesquisadores descobriram que em 2004, 0,6% dos pacientes com mais de 65 anos recebiam prescrições de três ou mais medicamentos que afetam o sistema nervoso central, e que em 2013 esse número subiu para 1,4%.

Se esta proporção for extrapolada para toda a população de idosos dos Estados Unidos, significaria 3,68 milhões de visitas médicas por ano nas quais foram prescritas três ou mais dessas drogas.

"O aumento que vimos nestes dados pode indicar que os idosos cada vez mais procuram assistência médica e aceitam tomar medicamentos para tratar problemas de saúde mental", disse o autor principal do estudo, Donovan Maust, psiquiatra geriátrico da Universidade de Michigan.

"Mas isso também é preocupante por causa dos riscos de combinar esses medicamentos", acrescentou.

O estudo revelou, ainda, que cerca da metade das pessoas com mais de 65 anos que tomam esses coquetéis de medicamentos não parecem ter sido diagnosticadas anteriormente com problemas de saúde mental, insônia ou dor crônica.

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