Desafiohidrico

Nem 80% da população nacional tem acesso ao saneamento básico

Especialista diz que há pouca atenção ao setor e que essa é uma das maiores incógnitas das políticas públicas brasileiras

Michelle Horovits - especial para o Correio
postado em 18/04/2017 06:00

Teixeira, da Caesb:  Por isso a sociedade tem muita força. A única saída para isso é a educação ambiental
A qualidade da gestão do saneamento básico é uma das maiores incógnitas das políticas públicas no país. ;Temos que ver se o que está faltando são recursos financeiros, gestão, capacidade administrativa, excesso de controles ou falta de expertise;, disse o diretor financeiro da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Marcelo Teixeira. Para ele, há pouca atenção ao setor, pois ainda estamos longe de atender 80% da população.

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;E o que está faltando para que isso ocorra, e a gente apresente resultados no 8; Fórum Mundial da Água?;, questionou Teixeira, sugerindo que se busquem respostas para a efetividade do Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB). ;Mesmo as unidades de tratamento em operação no país não conseguem alcançar as expectativas ambientais e de saúde pública projetadas no plano.;

Teixeira apresentou um histórico sobre a questão do saneamento básico no mundo, enfatizando a importância de implantação no país de sistemas ambientais e processos de saúde pública eficazes. ;A história da epidemia de cólera que ocorreu em Londres em 1854 foi um dos casos mais emblemáticos da relação entre saneamento versus saúde;, disse. ;Milhares de mortos em 10 dias. Na época, Londres já era uma megalópole com 5 milhões de pessoas. Um padre, um médico e um engenheiro se uniram para compreender que a água também era um veículo transmissor de doenças e tentaram apresentar soluções para o problema.;

História

Ele ainda destacou que o Brasil de 1861 era totalmente insalubre. ;No Rio de Janeiro, as excretas eram jogadas no mar, ou no meio da rua, pela janela. Foi quando se cunhou o termo ;sai de baixo!’. Nesse período, tínhamos um mau cheiro terrível pelas ruas;, assinalou. O especialista ainda recordou o ano de 1979, quando a manchete do Correio Braziliense foi ;Brasília fede;. ;A poluição do Lago Paranoá foi o maior desastre ambiental da cidade, pois o lago não aguentou o crescimento populacional e se tornou uma grande sopa verde de algas com cheiro ruim. Na década de 1990, conseguimos transformá-lo em uma área de lazer. Foi o primeiro lago tropical do mundo a sofrer uma intervenção dessa natureza e a se recuperar com tanta rapidez. Esse é um exemplo de sucesso da cidade;, relembrou.

Sobre a qualidade da água em Brasília, Teixeira garantiu: ;A população pode beber água que sai da torneira à vontade.;Mas ressalvou: ;Desde que faça a manutenção da tubulação e da caixa- d;água de sua residência.; A limpeza do reservatório caseiro deve ser feita de seis em seis meses. O devido cuidado é necessário para não comprometer a qualidade da água que chega até as residências. Isso porque, quando ela sai de um dos 300 pontos de distribuição da companhia, já está pronta para o consumo humano.

A população é capaz de alterar as condições e serviços de saneamento. Quando moradores fazem um gato e roubam água da companhia, desequilibram o sistema. Se jogam lixo na rua, as galerias de água pluvial ficam entupidas e o sistema é novamente alterado. ;Por isso, a sociedade tem muita força. A única saída para isso é a educação ambiental,; concluiu Teixeira.

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