Desafiohidrico

Perda de densidade populacional é grave, diz especialista

%u201CPara um ecossistema extremante sensível como o Cerrado, a perda de densidade populacional é um problema grave%u201D, explica o secretário de Gestão do Território e Habitação, Thiago Andrade

postado em 18/04/2017 06:00

Luis Nova/Esp. CB/D.A Press

A expansão da mancha urbana, o crescimento da população, as ocupações irregulares e a perda de densidade populacional são problemas crônicos que levam à falta de água e devem ser enfrentados com planejamento e ações de médio e longo prazos. ;Para um ecossistema extremante sensível como o Cerrado, a perda de densidade populacional é um problema grave;, explica o secretário de Gestão do Território e Habitação, Thiago Andrade. De acordo com ele, o DF tem hoje 52 habitantes por hectare, enquanto a média das grandes cidades é de 180 habitantes por hectare. ;Paris, por exemplo, tem 200 habitantes por hectare;, completa.

Mas o que significa perder densidade populacional quando o número de domicílios só aumenta? ;Significa ocupar cada vez mais porções do território. É mais desmatamento, maior distância que se tem de cumprir para suprir o cidadão de infraestrutura, maior chance de ter que captar água cada vez mais longe, maior poluição hídrica;, explica Andrade.

A perda de densidade populacional é um fenômeno global. São raríssimas as cidades que têm aumentado a concentração urbana. Uma delas é Bogotá, na Colômbia. ;Se toda a população mundial vivesse na densidade urbana de Bogotá, caberiam todos no espaço territorial da Nova Zelândia;, ele compara. Apesar de a dispersão no território ser bastante grande no DF, o Plano Piloto tem basicamente a mesma população há 30 anos.

Segundo o Secretário, Brasília tem um crescimento vertiginoso para uma capital no século 21, de 2,3% ao ano. Para fazer uma comparação, a cidade de São Paulo cresce 0,7% ao ano, e o estado de São Paulo, 1,4% ao ano. ;Nós estamos numa curva demográfica muito atrás do restante do Brasil. Estamos cerca de 20 anos atrasados em taxa de fecundidade e perspectiva de decréscimo populacional, por exemplo;, avisa.

Ocupações irregulares

A última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (Pdad), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), mostra que 19,9% dos habitantes vivem em áreas não regularizadas. ;Como a pesquisa contabiliza o que é declarado pelos moradores, estima-se que 25% das ocupações sejam irregulares, somando áreas industriais, comerciais, residenciais e aquelas com características urbanas em área rural;, diz o secretário.

Um fenômeno muito particular de Brasília em relação a outras capitais brasileiras é que a ocupação irregular aqui não tem classe social. ;Tradicionalmente, são as populações mais pobres que buscam as áreas ambientalmente mais sensíveis, não para causar dano, mas porque são as áreas que sobraram.; Em Brasília, isso é distinto, e para Andrade as razões são históricas. ;O processo de desapropriação e toda a questão fundiária da fundação da cidade ajudaram os grileiros, que desenvolveram uma série de tecnologias de ordem jurídica e técnica.;

Para o secretário, o fato de, em Brasília, o Estado ser proprietário das terras, gerou, ao longo dos anos, uma postura perdulária, com a crença de que é sempre mais fácil abrir uma nova fronteira de ocupação, fazer novos projetos e novas cidades, enquanto várias aglomerações ainda muito jovens não estão com sua capacidade instalada.


Realidade

3.022.017

População atual do DF, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


1.203.333
População do DF em 1980 ; aumento de 150% em 37 anos

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