Desafiohidrico

Programa Plantando Rios promete reflorestar matas ciliares de nascentes e mananciais

De acordo com o ministro, o projeto é urgente, pois os rios não têm mais condições de suportar a agricultura na área das matas ciliares

postado em 18/04/2017 06:00
De acordo com o ministro, o projeto é urgente, pois os rios não têm mais condições de suportar a agricultura na área das matas ciliares

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, mostra entusiasmo com o programa Plantando Rios, que será lançado em 5 de junho, no Dia Mundial do Meio Ambiente. O projeto já tem 200 milhões de orçamento e pretende reflorestar as matas ciliares de nascentes e mananciais. ;As florestas são responsáveis por maior evaporação e permeabilidade do solo, aumentando as precipitações e alimentando os lençóis freáticos. Por isso, ações de recomposição da cobertura vegetal merecem destaque no combate à crise hídrica. A proteção das nascentes e beiras de cursos d;água é fundamental para a revitalização dos rios;, ressaltou.
De acordo com o ministro, o projeto é urgente, pois os rios não têm mais condições de suportar a agricultura na área das matas ciliares. Em visita aos Programas do Rio São Francisco, no começo do mês, ele alertou os prefeitos da região sobre a importância da recuperação dos mananciais. ;Além de água limpa, precisamos de quantidade. Por isso, é importante ter recursos para as nascentes, do contrário, no futuro, teremos um riacho São Francisco, em vez de rio.;

O ministro foi além: ;Acredito que um evento desse porte, no momento em que vivemos, de crise hídrica em várias regiões do país, com muitas cidades, inclusive esta capital, sofrendo com o racionamento, motivará a sociedade a questionar nossas legislações, políticas, modelos de gestão e padrões de consumo;, disse. Para ele, é significativo que o Fórum Mundial da Água ocorra em Brasília, no coração do Cerrado, berço das águas do país e bioma ameaçado pelo desmatamento.

O 8; Fórum traz uma novidade: a plataforma on-line Sua Voz, que está recebendo contribuições de pessoas do mundo todo, desde fevereiro, em torno de seis diferentes temas ; clima, desenvolvimento, ecossistemas, finanças, pessoas e urbanismo. O mote principal do evento, em 2018, será o ;Compartilhando Água;.

Sarney explicou que é preciso cuidar da mitigação das mudanças climáticas e de regimes de chuvas, sem esquecer da adaptação e do plantio de árvores. ;As últimas crises hídricas mostraram isso. Não houve só mudança nos regimes de chuva, mas as bacias que transportavam as águas eram as mais desprotegidas.; Para ele, os Dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) indicam que o Brasil tem cerca de 1,5 milhão de nascentes em propriedades privadas e posses rurais. "Cerca de 50% dessas nascentes estão nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Juntas, abrigam quase 50% dessas nascentes", acrescentou.Produtores

Produtores
Outra iniciativa voltada à preservação dos recursos hídricos é o programa Produtor de Água. O projeto, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA), funciona por meio de adesão voluntária de produtores rurais que se proponham a adotar práticas e manejos sustentáveis em suas terras para conservação de solo e água ; entre elas a de reflorestar áreas próximas às nascentes.

O governo tem adotado o Produtor de Água como modelo para futuros projetos ambientais e como forma de valorizar o trabalho do produtor rural. Há previsão de investimentos de R$ 30 milhões em novos projetos para produtores de água até o final de 2019.

Um bom exemplo de recuperação das matas ciliares é o Programa WWF - Águas Brasil, criado para atuar nos principais biomas brasileiros, com ações, em diferentes níveis, no Pantanal, na Amazônia e na Mata Atlântica na recuperação de áreas degradadas, rios e nascentes. A segunda fase do projeto, iniciada em março de 2016, envolve o Cerrado. Entre as metas do Programa, até 2020, estão o aumento da disponibilidade hídrica e da cobertura de vegetação nativa nas bacias. Considerado por muitos especialistas a caixa-d;água do Brasil, o Cerrado possui oito das 12 principais bacias fluviais, que ocupam 25% do território brasileiro e é o único que faz interface com todos os outros biomas nacionais.

Coordenador do programa, Cristiano Cegana explicou que, por meio de um estudo em parceria com a Universidade de Brasília, pode-se comprovar que, com boas práticas, é possível melhorar o volume e a qualidade da água e do solo. Além de diminuir em até 30% nos custos de recuperação florestal. ;Nós já plantamos um milhão de mudas. Capacitamos mais de 1.600 produtores. Trabalhamos com mais de 700 hectares recuperados nessas bacias e ensinamos 60% dos produtores a mudarem o modo de produção.;

Cegana apontou que, durante o Fórum, a WWF pretende levar o caso de sucesso da Bacia do Pipiripau. ;Com o reflorestamento de mata ciliar e mudanças nos métodos de produção, houve um aumento da oferta de água suficiente para mais de 37 mil pessoas nas cidades de Planaltina e Sobradinho;, diz ele. ;O projeto-piloto pode ser replicado no resto do país. Mas ainda temos um desafio muito grande, pois o Brasil assinou o Acordo de Paris e ainda precisarecuperar mais de 12 milhões de hectares em região de Áreas de Preservação Permanente (APP).;

"Pessoas do mundo todo podem participar da construção dos temas centrais do Fórum para favorecer o amplo debate do evento"
Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente.

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