Tributacao

Setor público corre o risco de precisar elevar taxas, afirma economista

Para economista, sem corte de gastos, o setor público correrá o risco de ter que elevar ou taxar mais os cidadãos

postado em 13/03/2018 08:00

Raul Velloso, consultor econômico:

É bom que todos os brasileiros se preparem, porque o próximo governo deverá ser pressionado a aumentar impostos, para equilibrar as contas públicas. O alerta é do consultor econômico, Raul Velloso. ;Será um desastre se isso acontecer. Mas não podemos abstrair que há um momento econômico a ditar as coisas. E esse momento econômico mostra que o país está mergulhado num desequilíbrio fiscal gigantesco;, diz.

Cético em relação à disposição do governo em reduzir despesas, Velloso adverte: ;Vou dizer logo a vocês: eu não tenho notícia boa. Vai vir aí uma forte onda, de certos segmentos, em prol de aumento da carga tributária, o que seria inadequado;. Usando uma imagem apresentada pelo ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que diz que a boa tributação é aquela que; tira todas as penas do ganso, sem matá-lo;, Velloso assegura que ;muita gente acha que o ganso ainda tem muita pena para tirar;, por isso, os tributos podem subir

Diante da difícil situação que as contas governamentais vivem no momento, com deficits sucessivos desde 2014, tudo é possível. A perspectiva é de que as contas públicas só voltem ao azul em 2021, na melhor das hipóteses. Segundo ele, o descalabro da situação fiscal do governo começou em 2010, quando a arrecadação da União em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou a cair. ;As receitas (ante o PIB) começaram a desabar antes mesmo de a recessão entrar em cena. E o gasto continuou seu curso ascendente;, frisa.

Para Velloso, a situação fiscal do governo é das mais difíceis que o país já atravessou. E lançar mão do aumento de impostos será uma alternativa para o governo que tomará posse ano que vem. O rombo previsto nas contas deste ano é de R$ 159 bilhões. ;Ninguém aceita fazer as outras coisas que poderiam ser feitas. Temos, hoje , o maior desequilíbrio fiscal da nossa história, e uma situação com uma falta de disposição das lideranças políticas para enfrentar isso, do lado que tem que ser enfrentado, que é o lado do gasto;, assevera.

Na opinião do economista, é natural que, para sanar o deficit fiscal, o governo traga para a mesa a discussão de uma nova rodada de aumento na tributação. ;O problema é que não se consegue mexer em gasto no Brasil. É impressionante;. Para tentar mudar esse quadro, ele convoca entidades, como o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), e a sociedade em geral, que clama por uma carga tributária menor e de melhor qualidade, ;para um esforço de controle e redução do gasto público;.

;Repito, o desequilíbrio fiscal é gigantesco. Virá uma pressão por aumento da carga tributária. Não sei dizer em que momento, mas certamente virá no próximo governo, porque agora é mais difícil;, afirma. Tal esforço conjunto precisa envolver ;soluções realmente inovadoras. O esforço de melhoria do gasto público não pode esperar;, diz Velloso. No entender dele, é preciso olhar para frente, pois, se o país ficar simplesmente levantando problemas antigos e não enfrentando a questão da necessidade de corte dos gastos governamentais, a fatura virá pelo caminho mais fácil: a alta da carga tributária.

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