Diversão e Arte

Crônica de um fim anunciado

Em 2008, o Correio mostrou como a trajetória da cantora Amy Winehouse sucumbia com as drogas

postado em 03/08/2008 08:00
Janis desaba e solta o veredito cabuloso e um tanto desesperado: %u201CO cérebro dela já está viciado. Não conheço esta pessoa%u201D, choraminga para a lente indiscreta de um programa popular da tevê britânica. Do outro lado do palco, a platéia comportada ouve a mãe de Amy Winehouse lamentar que o talento da filha role ladeira abaixo em uma mistura de obsessão amorosa, farras com crack, cocaína, uísque e uma dieta baseada em pizza e restos de comida dos bares da vizinhança. Enquanto outras garotas prodígio da música experimentam a vida sem lei e ordem %u2014 lembra de Britney Spears e Lily Allen? %u2014, fãs, críticos, empresários da indústria fonográfica e até médicos repetem uma ladainha que consideram injusta: Britney não está na categoria de supercantora, Lily Allen tampouco, mas Amy, ela sabe mesmo cantar. Não que as outras mereçam a bancarrota, mas Winehouse%u2026 %u201CFaz parte de uma linhagem de cantoras que mistura drogas pesadas com voz e musicalidade incomuns. É uma coisa meio Janis Joplin, Billie Hollyday, Bessie Smith. Ainda tem o quesito auto-estima baixa e falta de amor que as transforma em uma bomba-relógio. Seria lamentável perdê-la tão jovem%u201D, resigna-se Fernando Lixia, crítico e produtor musical. De fato, aos 24 anos, Amy é um prodígio rumo à maldição da música pop na qual artistas revolucionários morrem com a fatídica idade de 27 anos. Foi assim com Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain e a própria Janis Joplin. Na %u201Cregra%u201D, Winehouse %u2014 que reinventou a diva-soul e hoje é referência de moda, com o cabelão à anos 1950 e delineador marcado %u2014 não teria mais do que três anos de vida. Ou menos %u2014 apostam alguns sites %u2014 se continuar nesse ritmo. Apesar de aparentemente pouco interessada no próprio bem-estar, Amy engordou 9,5kg depois da última estada no hospital. Amigos e familiares associam o ganho de peso à notícia de que o marido da cantora, preso há nove meses por agressão, deve sair da cadeia até o Natal. O curioso é que a própria Amy associa o seu atual estado de loucura ao amor desvairado e incondicional a Blake Fielder-Civil, com quem já foi flagrada aos tapas, e também aos beijos. %u201CEstou chateada e sou jovem. Mas isso deve acabar quando ele voltar para casa%u201D, disse, em julho, à edição americana da revista Rolling Stone.

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