Diversão e Arte

Orquestra Claudio Santoro e Haydn Eisenstadt Trio proporcionaram uma noite austríaca na Villa-Lobos

Nahima Maciel
postado em 06/08/2009 08:16
A ausência de Joseph Haydn foi sentida pelo público durante a apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro com o Haydn Eisenstadt Trio na noite da última terça-feira. Ninguém trocaria o encontro que gerou uma belíssima execução do Concerto tríplice para trio e orquestra, de Beethoven, mas bem que Haydn poderia estar presente. %u201CEles fizeram uma viagem tão longa! Já que vieram ao Brasil seria importante também uma apresentação em trio%u201D, lamentou o poeta Salomão Souza, 56 anos, proprietário de uma caixa com 170 CDs do mestre austríaco, cujo bicentenário de morte tem sido lembrado em festivais e concertos pelo mundo afora. Haydn não foi ignorado pela orquestra do Teatro Nacional. Desde o ano passado o compositor integra o programa e o público já pôde conhecer duas sinfonias, duas cantatas e o poema As sete últimas palavras do Cristo. E, obviamente, o Beethoven de ontem não foi nada dispensável. Os instrumentistas do Eisenstadt trabalham juntos há 17 anos e fica clara a perfeita sintonia do trio. Não são solistas que ensaiam isolados para se juntar à orquestra uma semana antes da apresentação. [SAIBAMAIS]O trio é praticamente uma unidade de solistas e essa coesão foi a responsável por fazer das conversas entre o violino de Verena Stourzh e o violoncelo de Hannes Gradhwol a delicada renda de gracinhas e virtuosismo muito bem tecida por Beethoven no primeiro movimento. A conversinha cede lugar a um duelo no terceiro e último movimento. Verena e Gradhwol parecem disputar tecnicamente enquanto o pianista Harald Kosik serve de mediador com intervenções contidas, mas precisas. O Concerto tríplice para trio e orquestra não privilegia o piano na liderança %u2014 é o cello quem toma a frente e realiza os maiores solos %u2014 e Kosik, habituado a liderar nos trios escritos por Haydn, é de extrema gentileza na peça de Beethoven. O estudante Carlos Eduardo Pootz, 16, não conhecia a peça e saiu do teatro com a sensação de mais uma descoberta. %u201CGeralmente, quando venho aqui tenho uma surpresa. Independente do compositor, sinto que vou gostar%u201D, conta o rapaz, que frequenta as apresentações da orquestra pelo menos duas vezes por mês e descobriu os concertos por indicação de amigos. %u201CTirando a do Teatro Nacional, não conheço outras orquestras%u201D, admitiu, ao dobrar um folheto de divulgação da Ars Hodierna distribuído à entrada do teatro. %u201CAcabei de ficar sabendo dessa outra. Agora, são as duas únicas que conheço. Se tem outras, devem ser pouco divulgadas%u201D.

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