Diversão e Arte

Entrevista com o DJ Faroff (Leonardo Bursztyn)

postado em 03/09/2009 08:01
O mash-up é uma tendência na noite de Brasília ou ainda são raros os DJs que se aventuram no gênero? O mashup é uma tendência mundial que felizmente tá pegando em Brasília. Um ano atrás poucos DJ;s tocavam mashups em seus sets na cidade. Hoje em dia, na maioria das festas em que você vai, você acaba ouvindo sempre um mashup ou outro. A coisa tá começando a pegar na cidade. Em média, em quantas festas você toca aqui em Brasília por mês? Olha, eu ainda moro nos EUA, ainda que passe um tempão em Brasília. Tem gente que brinca que Harvard fica em Anápolis, mas é que minha pesquisa é toda aplicada ao Brasil. Enfim, quando estava em Brasília, tocava toda a semana na Cansei de Ser Cult, e mais umas 3-4 festas pela cidade. Eu diria que umas 7-8 festas por mês na cidade. Também toco muito no Rio quando estou no Brasil. Aqui fora, normalmente toco em Boston, Nova York e California (Los Angeles e San Francisco). Tive que cancelar meus sets na Europa em Agosto este mês por conta do meu doutorado (a tese estava apertando...), mas no início do ano que vem já posso ir para lá novamente. Como o público de Brasília recebe a ideia do mash-up? Eles aprovam a mistura ou ainda encaram a proposta com um pouco de desconfiança? No começo, alguns ficavam meio confusos com o excesso de informação e mistura de linguagens. Mas já foram se acostumando. O fato de ter tocado todas as semanas na Cansei quando eu estava na cidade ajudou bastante a criar um hábito. Apresentei os sets em lugares tão distintos da cidade quanto a Criolina, Landscape e Funfarra e os mashups sempre foram muito bem recebidos. Algo que também ajudou, e muito, foi o fato de eu estar fazendo video-sets, isto é, tocando vídeos que misturam os clipes das músicas misturadas nos mashups. Esta é a novíssima tendência mundial com pouca gente fazendo. Por conta dos vídeos, consegui muito mais espaço. Um deles (The Brits are playing at my house) já conseguiu mais de um milhão de hits no site collegehumor.com, por exemplo e mais de 80.000 no youtube. Por causa dos vídeos, os convites na Europa e EUA começaram a pipocar. A mistura de estilos é uma tendência na noite da cidade ou ainda vence a segmentação? Acho que a mistura é o futuro. Segmentação é caretice, Desde a época do Móveis acredito nisto. Esta era minha postura na banda, e acho que de certa forma as músicas que eu compunha para o grupo já eram mashups, não de músicas já existentes, mas de estilos. As pessoas estão prontas para a mistura. [SAIBAMAIS] Nos seus mash-ups, você mistura só músicas internacionais ou também músicas brasileiras? Como é o processo de pesquisa para montar essas versões para pista? Leva muito tempo? Comecei com muitas músicas brasileiras, mas como me voltei mais para o mercado internacional, acabei fazendo mais coisas com músicas internacionais, pois posso tocá-las tanto no Brasil quanto fora. Venho trabalhando com rock e pop dos anos 60 ao atual, além de balkan e algo eletrônico. Enfim, um pouco de tudo. Recentemente, fiz um mashup e vídeo misturando o tema do Darth Vader com a bateria da Beija-Flor. Ou seja, dá para usar elementos brasileiros também. Quando toquei em San Franciso, entrou um cara fantasiado de Storm Trooper e uma passista americana dançando no palco na hora dessa música. Os gringos piraram! Quanto ao processo de pesquisa, é uma questão de aprendizagem. Você acaba sacando as músicas que vão bem juntas. Quanto à produção, demora um pouco. De 5 a 10 horas para a música e outro tanto para o vídeo. Ou seja, montar um vídeo-set de uma hora e meia demorou um tanto! Em Brasília, principalmente nas pistas de rock, há uma onda de novos DJs. Muitos deles tocam sem cobrar cachê, só por diversão. Como você lida com isso? Os "novatos" prejudicam as pessoas que querem ser DJs profissionais? Acho ótimo, enriquecem a pista da cidade, mostrando o que curtem e tudo mais. Acho que tem espaço para todo mundo. É possível viver trabalhando apenas como DJ em Brasília? É. Mas para viabilizá-lo é necessário produzir festas também. Acho que é a combinação certeira. É certamente mais fácil viver como DJ do que como músico (olha que eu vivi os dois...) Como você alia suas atividades do dia-a-dia com o trabalho como DJ? Dormindo pouco. De dia visto a capa de economista e à noite, a de DJ e produtor de mashups (aliás já toquei uma vez de capa em Boston). Uma grande vantagem de produzir e tocar mashups (comparado com uma banda) é a flexibilidade. Eu "ensaio" e toco quando quiser. Se tenho tempo sobrando no aeroporto, trabalho numa música. Se quiser passar uma semana inteira produzindo, vou lá e faço. Se tiver que passar dois meses sem tocar (como agora por conta do fim do PhD), vou lá e paro. Por exemplo, até outubro, não vou tocar, voltando apenas no fim do mês em Boston e depois Los Angeles. E, como sempre, a música é a melhor válvula de escape, seja como guitarrista ou como "mashupeiro".

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