Discos voadores no céu do Ceará

Area Q. é o filme de ficção científica que está sendo rodado em Quixeramobim com o ator americano Isaiah Washington e Murilo Rosa

Correio Braziliense

postado em 03/09/2009 13:03

;Você já ouviu falar de Quixeramobim e Quixadá?; A pergunta, feita pelo cineasta cearense Halder Gomes, foi decisiva para que o diretor carioca Gerson Sanginitto, há 13 anos radicado em Los Angeles, mudasse radicalmente os planos do sexto filme que comandará, Area Q., a partir de 23 de setembro. O Arizona deixou de ser cenário para que a região de um dos primeiros municípios do Ceará (Quixeramobim), valorizado pela comunidade versada em ufologia, se impusesse e absorvesse o set do filme, ;um drama com elementos de ficção científica;, como conta Sanginitto, na produção que tem argumento dele, ao lado de Gomes. Além de ter no elenco o brasiliense Murilo Rosa, o norte-americano Isaiah Washington, o doutor Burke do seriado Grey;s anatomy, também tomará parte da produção.

Com orçamento de US$ 1,3 milhão, Area Q. é um projeto da independente Reef Pictures, produtora que já empregou atores como Heather Donahue (A bruxa de Blair), C. Thomas Howell (Vidas sem rumo) e Gary Busey (Caçadores de emoção). Na trama, escrita pela estreante Julia Camara, o conceituado repórter Thomas Mathews (Isaiah Washington), viúvo, tem o filho Peter sequestrado e, por mais de um ano, atônito, perde a razão de viver. ;Ele está falido, envelhecido e quase sem trabalhar, sempre na expectativa do reencontro. Sem direito a voltar à vida, Thomas fica paranóico, mas percebe que a vida está acabando e pede ajuda;, adianta o cineasta, entusiasmado com o cronograma das filmagens, que adentra o mês de outubro.

O repórter do longa-metragem deixa a Califórnia, com rumores até de um caso de pedofilia no drama pessoal, ao receber uma missão no Brasil, onde ;coisas extraordinárias estão acontecendo;. ;Thomas é cético, e trabalha com fatos. Por ser repórter, ele age como o apóstolo Tomé: precisa ver para crer. Aqui, coisas extraordinárias acontecem, relacionadas ao desaparecimento de Peter. Aliás, friso no filme que coincidências não existem, tudo está conectado;, observa o cineasta, já no sexto longa.

Efeitos visuais

Aos 43 anos, com formação teatral no Tablado, no Rio, onde conheceu Murilo Rosa, Sanginitto foi produtor de peças de Maria Clara Machado. No exterior desde 1996, ele estudou na California State University Long Beach (famosa pelo ex-aluno Steven Spielberg) e é casado com a diretora de fotografia dos filmes que produz, Carina. ;A gente está bem ousado, com o Area Q., mas não é um filme de ovnis. O Márcio Ramos (do premiado curta de animação Vida Maria) será o coordenador de efeitos visuais. Não será de ficção científica, até pelo orçamento mais limitado;, explica o cineasta. A modesta produção comportou um astro do porte de Isaiah Washington, contratado muito abaixo do cachê normal.

;Ele está encantado com o projeto, entrou mais pela crença na mensagem do filme. A visão dele é a de uma celebridade que quer atingir pessoas necessitadas. Isaiah tem, por exemplo, se empenhado no fortalecimento de uma fundação voltada aos ancestrais dele, que são africanos de Serra Leoa. Ele pretende ajudar na reconstrução do país;, conta Sanginitto.

Responsável ainda pela inédita paródia política Commander and chief , que traz o personagem George W. Shrub, Gerson Sanginitto busca ampliar o alcance das fitas, lançadas geralmente no mercado de DVD, com associações junto a empresas como a Lionsgate e a Universal. Cadáveres 2, por exemplo, alcançou salas exibidoras da Espanha, Alemanha e Hungria. ;Area Q. terá captação em alta definição, mas com cópia para 35mm, para ser distribuído no Brasil. Temos perspectivas de lançamentos nos mercados europeu e norte-americano;, explica o realizador, parceiro da Boa Vontade Filmes e de programa de pesquisas da fabricante de câmeras Panavision.

O número
1,3 milhão
Serão gastos para produzir o filme