Diversão e Arte

Três perguntas para Jorge Antunes

postado em 20/10/2009 07:00
O documentário sobre a sua vida lançado em 2005 se chama Polêmica e modenidade. Essas duas palavras realmente resumem a sua trajetória?
Acho que é meio um resumo da minha vida sim. Sempre fui um cara vanguardista, de ideias novas, sem medo de colocar meus pensamentos. Inclusive, muita gente diz que não existe mais a vanguarda, com aquela coisa reacionária do Fukuyama (Francis Fukuyama é um cientista político norte-americano) de que a história acabou, que o socialismo foi derrotado, que o capitalismo é a grande saída, a grande solução. E aí muita gente começou a falar que a vanguarda acabou, as vanguardas acabaram. E eu sempre disse o contrário. Vanguarda é uma expressão que foi tirada da arte da guerra, da atividade militar. Estar na vanguarda é estar na frente, é estar de peito aberto, enfrentando o inimigo, enfrentando o adversário sempre, sem temor. E eu nunca parei de fazer isso. Então eu acho que a vanguarda nas artes não morreu. E eu me considero um vanguardista! Sempre! E acaba que a polêmica também marcou a minha vida.

Mas para ser vanguardista tem que ser polêmico?
Não necessariamente. Porque, às vezes, existem movimentos ou ações de vanguarda que acabam não sendo polêmicas porque elas são o que a maioria pensa. Só que muitas vezes, a maioria tem medo de dizer o que pensa. E quando alguém, vanguardista, corajoso, audaz tem coragem de dizer, é imediatamente apoiado por essa maioria silenciosa, que até então era silenciosa.

Como analisa o investimento em cultura no país?
As pessoas não olham para a cultura, não há apoio. E é isso que dá investimento. É isso que dá respeitabilidade. Eu acho que o que dá respeitabilidade a uma nação e a um povo é a sua produção cultural, é a sua inteligência. Não são as suas armas, como o governo vem tentando fazer.

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