Diversão e Arte

Força e competitividade

postado em 22/10/2009 08:52
O cinema de Brasília mostra sua força com a indicação de dois filmes na mostra competitiva do 42; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A notícia foi dada, ontem, durante a cerimônia de divulgação dos filmes selecionados para o encontro que acontece entre os dias 17 e 25 de novembro. Perdão mister Fiel, documentário de Jorge Oliveira sobre o operário comunista Manoel Fiel Filho, morto nos porões da ditadura, em 1974, e a ficção O homem Mau dorme bem, de Geraldo Moraes, representarão a cidade no evento que contou com a inscrição de 366 títulos. Desse número, 52 só de Brasília. ;A produção local impressionou não apenas pela quantidade, mas sobretudo qualidade;, festeja Fernando Adolfo, à frente do evento desde 1965.

Mais uma vez, a edição deste ano será dominada pelo gênero documentário. Dos seis títulos que brigam pelo troféu Candango, quatro flertam com o cinema verdade. Além do já citado Perdão Mister Fiel, estão na briga A falta que me faz, da mineira Marília Rocha, Filhos de João, Admirável mundo novo, de Henrique Dantas, e Quebradeiras, de Evaldo Mocarzel, que volta ao festival depois de concorrer no ano passado com Jardim Ângela. ;A excitação é grande. Entrar na seleção de Brasília revitaliza a vontade de fazer cinema;, comenta o diretor, vencedor de seis prêmios Candango. ;Brasília é a cara do cinema brasileiro, com aprofundamento das discussões da nossa brasilidade e pelo grande painel temático que propõe. A capital tem um público inconformista, mas que pode ser extremamente generoso;, avalia.

Em seu novo projeto ele foca sua lente questionadora sobre a realidade das quebradeiras de coco de babaçu na região do Bico do Papagaio. ;Esse filme é completamente diferente dos que já fiz;, avisa.

Sem filmar há 10 anos, o gaúcho Geraldo Moraes, radicado em Brasília desde 1967, retoma à cena cinematográfica com o denso O homem mau dorme bem. Na trama, três pessoas que se encontram casualmente tecem seus destinos sem perceberem que têm algo em comum. ;O filme tem como tema o pequeno mercado informal, a pirataria. Com certeza promoverá um debate interessante;, comenta Bruno Torres, um dos protagonistas do filme e diretor do curta-metragem A noite por testemunha, um dos três brasilienses que concorrem ao prêmio na categoria junto com Verdadeiro ou falso, de Jimi Figueiredo, e Dias de greve, do diretor Adirley Queirós, de Ceilândia. ;O filme de uma adaptação livre sobre aquele episódio envolvendo o índio Galdino, é uma história que fala sobre culpa e inconsequência;, comenta.

O drama É proibido fumar, da paulista Anna Muylaert, é a outra ficção que integra a mostra competitiva do 42; Festival de Brasília. Protagonizado pela dupla Glória Pires e Paulo Miklos, o filme traz uma reflexão sobre o vício do cigarro. ;Será minha primeira vez em Brasília. Nunca havia sido selecionada para a capital com meus curtas;, ri. ;Acho que todo o festival tem sua particularidade e, no caso, de Brasília, a conexão é com um tipo de cinema mais sério, mais autoral;, avalia a diretora.

Ainda em fase de finalização, a cinebiografia Lula, o filho do Brasil, de Fábio Barreto, foi o filme escolhido para abrir a mostra de cinema mais importante do país. ;A ideia é que o presidente Lula participe da cerimônia de abertura, o que irá reforçar ainda mais a importância do Festival de Brasília no cenário cultural do país;, torce o secretário adjunto de cultura Beto Sales.

Colaborou Ricardo Daehn

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