Diversão e Arte

O segundo passo de Mallu Magalhães

Um ano após a estreia, Mallu Magalhães lança disco com 13 faixas inéditas que transitam pelo folk, o indie rock, a psicodelia e o reggae

postado em 14/12/2009 08:00
A imagem de menina bonitinha, meiga, ainda com ares de criança, com a qual Mallu Magalhães foi apresentada ao grande público no começo do ano passado, de certa forma desviou a atenção para o talento da cantora. Afinal de contas, não é qualquer adolescente que compõe ; e ainda por cima, defende com interpretação sincera e visceral ; músicas sobre amores desfeitos como Get to Denmark. E, gostem ou não, Tchubaruba é de uma sensibilidade pop que não se encontra todo dia. Por isso, algumas pessoas podem se surpreender com o segundo disco da paulistana.

Um ano após a estreia, Mallu Magalhães lança disco com 13 faixas inéditas que transitam pelo folk, o indie rock, a psicodelia e o reggaeNão que, aos 17 anos (completados em agosto), ela já seja uma cantora madura, indefectível. Na avaliação da própria Mallu, seu novo trabalho é um disco de transição. ;É um segundo passo;, diz. Batizado com o nome da cantora (assim como o CD anterior), o álbum apresenta 13 músicas compostas por ela (sete em inglês, seis em português), algumas já conhecidas dos shows.

;A mais antiga é O herói, o marginal, uma das primeiras que fiz. Bee on the grass também escrevi tem um tempo. As outras foram surgindo na época da gravação do primeiro disco;, ela detalha. O herói, o marginal foi gravada com a banda Jennifer Lo-Fi. As outras faixas contam com a banda da cantora: o baterista Jorge Moreira, o tecladista André Lima, o baixista Thiago Consorti e o guitarrista Kadu Abecassis. A ficha técnica conta ainda com a participação do baterista Maurício Takara, as cantoras Chiara Banfi e Taciana Vaz, o produtor e multi-instrumentista Kassin e, claro, Marcelo Camelo (o namorado da moça faz backing vocal em três músicas e assobia em mais uma).

;Algumas músicas estavam prontas antes de a gente entrar no estúdio, outras nem tinham arranjo. Nessas horas, o Kassin foi muito presente. Ele participou da pré-produção com muita dedicação, ficou lá o tempo todo ; foram dois meses de ensaios, quase todos os dias da semana;, conta Mallu. A ideia original era trabalhar mais uma vez com Mario Caldato Jr., responsável pela estreia. Mas a parceria não pôde ser repetida devido a compromissos do produtor nos Estados Unidos. ;Eu não imaginava trabalhar com o Kassin. Enxergava-o como uma pessoa meio inalcançável. ;Será que ele vai querer trabalhar comigo?;, ficava me perguntando. Mas a gente se deu superbem.; Mallu explica que o produtor carioca a ajudou a amarrar as canções, dando um conceito ao disco, além de formatar nas músicas as influências nacionais e estrangeiras que ela queria.

Bob Dylan deixou de ser o norte quase opressor de antes, ainda que o folk rock continue presente. Marcelo Camelo é, inevitavelmente, outra influência perceptível. Mas, no geral, o repertório é abrangente, convive também com indie rock, psicodelia e até early reggae. Mallu está cantando melhor, aprendendo a domar os cacoetes e as limitações vocais.

Como álbum, o novo disco é um pacote mais bem resolvido, mais redondo do que o anterior, ainda que, tirando a contagiante Shine yellow (a de clima jamaicano), talvez nada aqui seja tão imediato quanto os hits do primeiro disco. Mas apontar os bons momentos é fácil. O herói, o marginal, que segundo Mallu não estava planejada para entrar no CD, justifica sua presença e fecha o álbum num clima diferente do das canções anteriores.

Versinho de número um, Compromisso e É você que tem (esta, com grandiloquente arranjo de cordas) poderiam estar no Ventura, no 4 ou no solo de Camelo. Make it easy ; uma conversa com a mãe para pegar leve porque as coisas com ela vão ficar ok ; é outro tiro certeiro. Bee on the grass bebe de Beatles safra 1967 (e são faixas como essa que provam o poder de fogo de Kassin como produtor). Ao fim da audição, uma coisa fica clara: Mallu ainda tem longa estrada pela frente, mas segue pelo caminho certo.

Sucesso precoce
Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães nasceu em São Paulo, em 29 de agosto de 1992. Começou a tocar violão influenciada pelo pai. Fã de Caetano Veloso e Bob Dylan, pediu de presente de 15 anos a gravação de algumas músicas que tinha feito. As canções foram colocadas no site MySpace e em pouco tempo conseguiram grande repercussão. No ano passado, a menina tocou pelo Brasil, se apresentou em vários programas de televisão, lançou o disco de estreia (produzido pelo internacional Mario Caldato Jr.) e engatou namoro com o músico Marcelo Camelo.

Mallu gravou sete canções em inglês e seis em português: influências vão de Bob Dylan a Marcelo CameloMALLU MAGALHÃES

Segundo disco da cantora paulistana, produzido por Kassin. Lançamento Sony Music, 13 faixas. Preço médio: R$ 20. ***

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