Diversão e Arte

Presente em 3D para Brasília

postado em 31/12/2009 10:04
Não tem como não ver. As formas aparentemente distorcidas chamam atenção de longe, mas não se iluda, embora as figuras passem a impressão de estarem em pé, tudo foi desenhado ali mesmo, no chão. Trata-se da magia visual da arte em 3 D (três dimensões), técnica que há anos tem feito a cabeça de artistas na Europa e nos Estados Unidos e que, de uns tempos para cá, tem influenciado os artistas brasileiros. Kobra e sua homenagem aos 50 anos de Brasília: o artista estava em Paris no Salon National Des Beaux-Arts 2009Febre em São Paulo, a novidade desembarca em Brasília agora em forma de presente do grafiteiro, muralista e artista plástico paulista Eduardo Kobra, que deixa registrado na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Complexo Cultural Museu da República, uma ilustração que homenageia os 50 anos da cidade. A ideia foi estendida às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde outros desenhos começaram a ser trabalhados pelo artista e sua equipe de 15 pessoas desde 24 de dezembro. Patrocínio "A princípio, eu queria homenagear nove estados, mas infelizmente só tive patrocínio para essas três cidades. Ainda bem que consegui levar a ideia a Brasília porque queria muito também reverenciar os 50 anos da cidade", comenta o artista, que supervisiona simultaneamente o trabalho de arte desenvolvido em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Em São Paulo fiz uma enorme caricatura do Rei Pelé, numa referência à Copa que vem aí e, no Rio, uma grande piscina, alusão às Olimpíadas de 2016", detalha. Aos 34 anos, Kobra, que chegou recentemente de Paris, onde participou, junto com outros 10 artistas brasileiros, do Salon National Des Beaux-Arts 2009, exposição que acontece há 148 anos, no Museu do Louvre, desenvolve seus trabalhos visuais desde os 12 anos. No início, o talento chegou a assustar os parentes."Nunca tive apoio da família, no começo todo mundo ficou preocupado, criticaram muito, ainda mais porque comecei grafitando", conta. "Mas não desisti, não%u201D, emenda. O nome foi tirado das brincadeiras dos amigos na escola. "Eles viam os meus desenhos e saíam gritando pelo corredor 'é cobra, é cobra!', pegou", ri. Caminhos Uma rápida experiência numa agência bancária foi mais do que suficiente para empurrá-lo de vez para os caminhos das artes. "Muita gente pedia para fazer desenhos em camiseta, portas de lojas e tudo o mais. Com o passar do tempo descobri que ganhava mais que no banco", recorda. "Com o tempo veio o aperfeiçoamento, que foi algo natural. Não frequentei nenhuma escola de artes, sou autodidata", observa. Com trabalho reconhecido em sua cidade, onde tem vários murais pintados, hoje Eduardo Kobra quer ver seu trabalho expandindo por todo o país. Para tanto, desenvolve o projeto Muros da memória, onde busca resgatar o passado das cidades com intervenções urbanas. Ele conta com o apoio de 15 artistas que fazem parte de sua empresa, a Studio Kobra. "Não são ajudantes não, mas artistas como eu, arquitetos, desenhistas, designers, entre outros profissionais", enfatiza. Projeto, aliás, que pretende trazer para Brasília. "Fiz vários painéis em São Paulo, onde mostro como era a cidade antes, contrastando com as transformações", explica. "Se tudo der certo, quero fazer uma outra homenagem a Brasília desenhando um enorme painel no muro da rodoviária mostrando os pioneiros da cidade. Ainda não consegui apoio, mas não perdi as esperanças, daqui para abril ainda tem muito tempo", torce. Monumentos Para homenagear Brasília, Eduardo Kobra bolou um desenho materializado em figura com mais de 9m x 27m, onde serão traçados as esculturas A Justiça, de Alfredo Ceschiatti; e Dois Candangos, de Bruno Giorgi, além de edificações como a Catedral e o Museu Nacional de Oscar Niemeyer. O trabalho, desenvolvido a partir de tinta guache, bisnagas de cor e giz, materiais que não danificam o patrimônio público, conta com o apoio de outros três artistas e deve ficar pronto hoje. A expectativa é que o desenho permaneça ali ao longo de um mês.

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