Diversão e Arte

O ano gordo do CCBB

Instituição investe em projetos diversificados para cinema, artes cênicas, música, artes plásticas e ideias. Brasília é destaque nas exposições

Ricardo Daehn
postado em 06/01/2010 08:12
Depois de atender um público de mais de 900 mil pessoas, ao longo de 2009, o Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília anunciou a programação para o novo ano, após a avaliação de 881 projetos - num grupo do qual foram extraídas 70 atrações para a capital. No ano do 50º aniversário da cidade, o segmento das artes plásticas surge como um dos mais vistosos, no pacote cultural que - distribuídos entre Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro - trará investimentos da ordem de R$ 41,5 milhões. Ao todo, 4012 projetos passaram pela seleção, que contemplará 160 proponentes, em escala nacional, nas unidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. "Brasília e o construtivismo: O encontro adiado e Patrimônios Culturais da Humanidade no Brasil são algumas das exposições com enfoque na cidade. No caso da primeira, virão obras de Amílcar de Castro e Franz Weissmann, com as de maior escala ocupando os jardins do CCBB. É um projeto bem arrojado, que conta com a arte de Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica. São obras que, à época do movimento, os brasilienses não tiveram muita oportunidade de contato", explica a gerente do CCBB Brasília, Luzineide Soares. Outro destaque será Brasília - Síntese das artes, com núcleos dedicados a mestres da Universidade de Brasília, como Amelia Toledo e os desdobramentos do aprendizado na UnB, por meio de ex-alunos como Evandro Salles e Gê Orthof. Obras de Anita Malfatti ocuparão as galeriasEntre linguagens híbridas e propostas experimentais, o centro cultural também trará nomes do porte do holandês Maurits Cornelis Escher. "Será a primeira exposição aprofundada, com pinturas e gravuras dele no país. Por trabalhar com conceitos matemáticos e da física, Escher terá uma mostra lúdica, com jogos e interação multimídia", conta Luzineide Soares. Com 267 mil brasilienses interessados (ao longo de 2009), as artes plásticas terão atrações como A expedição Langsdorff e Exposição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, além de obras de Mariko Mori e Tarsila do Amaral. No campo das artes cênicas, o maior aproveitamento do teatro 2 (inaugurado no ano passado) se dará com as peças Laranja azul (que trata de preconceitos raciais e abandono social), Tentativas contra a vida dela, Banal (com a violência urbana abordada por Alessandra Colasantti) e Cartas de amor (com Gabriel Braga Nunes e Sílvia Buarque). Estão asseguradas as continuidades dos festivais Cena Contemporânea e MIT - Mostra Internacional de Teatro. Jovens diretores responderão por adaptações de autores como Daniel Galera e Xico Sá, na série Nova Dramaturgia Brasileira. As artes cênicas ainda avançam para a proposta de debates (com Mitos do Teatro Brasileiro), que contará também com temas como Arte e Vanguarda na Internet e o universo das danças populares (com aula espetáculo de Antonio Nóbrega). Para a formação de novas plateias, o CCBB aposta no concerto-espetáculo Chopin para crianças, com mix cênico musical, que promete fundir elementos lúdicos na "descoberta" (pelos pequenos) da obra de Frédéric Chopin. Sem data de apresentações definidas, outra aposta foi no projeto Dois pra lá, dois pra cá, que revê os 40 anos de parceria entre João Bosco e Aldir Blanc, com shows das duplas Leila Pinheiro e Moacyr Luz; Elza Soares e Emílio Santiago, e Roberta Sá e Yamandú Costa. Um outro olhar sobre ele, que mobilizará a cultura popular periférica carioca, trará nomes como MV Bill, DJ Malboro e o grupo Palafitas, em meio a chorinho, samba, MPB e black music. O cinema marcará presença na nova programação do CCBB, não apenas pela série de retrospectivas de obras individuais (do sueco Arne Sucksdorff a John Ford, passando por Luc Moulett, Andrei Tarkovsky e Tsai Ming-Liang), mas ainda pela visão de conjunto atrelada à mostra Brasília 50 anos: A maturidade de um cinema e a painéis que saúdam as cinematografias filipina, africana e até o "bang-bang à italiana" (o faroeste spaghetti). Em Brasília ARTES CÊNICAS A lua vem da Ásia Com direção de Aderbal Freire-Filho, o monólogo interpretado por Chico Diaz explora um mundo de realidade paralela e absurda criada por Walter Campos de Carvalho. Deborah Colker dá suporte para os movimentos do ator e a trilha sonora é de Jards Macalé. Previsto para junho. Êxtase A solidariedade no meio proletário está no centro do texto assinado pelo cineasta Mike Leigh, que ganha a força das interpretações de Marcos Cesana e Mario Bortolotto. Previsto para agosto. Inverno da luz vermelha Montagem assinada por Monique Gardenberg, que parte da peça de Adam Rapp, atenta à relação entre vazio existencial e contatos sexuais no famoso bairro de Amsterdã. Previsto para 2011. ARTES PLÁSTICAS Anita Malfatti - 120 anos de nascimento Pinturas a óleo, aquarelas e desenhos, agrupadas em lote de 120 obras, concentram as diversas fases da artista. Previsto para fevereiro. Arte do Islã Mais de 1400 anos de história impregnam cerca de 500 peças que representam artes desenvolvidas por mais de 50 nações do mundo muçulmano. Para 2011. A expedição Langsdorff Saídos de São Petersburgo (Rússia), mais de 120 desenhos e aquarelas originais de Rugendas, Taunay e Hércules Florence - num apanhado inédito no Brasil - retratam flora e faunas nacionais, tudo como produto da expedição que, entre 1821 e 1829, estendeu-se entre o Rio de Janeiro e a Amazônia. A partir de maio. CINEMA A poesia do eu: Auto-retratos filmados François Truffaut, Manoel de Oliveira e Federico Fellini despontam entre os renomados autores que aplicam ou representam experiências pessoais nos 30 longas e uma dúzia de curtas reunidos na mostra. Prevista para julho. Hou Hsiao Hsein e o cinema de memórias fragmentadas O influente Village Voice apresentou o cineasta chinês como o nome da década dos 1990. Ainda assim, o premiado realizador é nome pouco difundido no Brasil e ganhará a chance de se popularizar, a partir da exibição de 19 longas dele. Em agosto. Órfãos da Embrafilme: O cinema que quase existiu Lacunar, em termos de visibilidade, os títulos nacionais lançados no conturbado período entre 1990 e 1994 ganham nova janela de exibição, em 2010, em mostra com produção executiva de Francisco César Filho. Para março. IDEIAS E DEBATES Mitos do teatro brasilero Nomes fundamentais para as artes cênicas nacionais, como Dulcina de Morais e Nelson Rodrigues, terão homenagem em projeto que, narrando a vivência e os feitos artísticos, pretende recompor parte da história brasileira nos palcos. MÚSICA Chopin insólito Francesco Libetta, Flávio Augusto, Silvia Chiesa e Juean-Marc Luisada estarão alinhados para a sequência de quatro concertos em homenagem ao bicentenário de nascimento de Frédéric Chopin. Data ainda sem definição. Nossa língua, nossa música Um intercâmbio musical se apresentará no encontro entre nomes como Ceumar, Maria Dapaz, Ancha e Tetê e Alzira Espíndola. A partir de março. Riffs, grooves e beats Com direção musical de Otto e repertório que funde sonoridade do eletro-rock, de batuques regionais e até de aboios, a proposta trará nomes como Edgar Scandurra e Comadre Fulozinha. Para setembro e outubro.

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