Diversão e Arte

Depois de passar por grupos gaúchos como baixista e baterista, Gabi Lima lança EP em que canta, compõe e toca todos os instrumentos

postado em 22/01/2010 08:19
Gabi Lima, 27 anos, é daquelas pessoas que faz a hora, não espera acontecer. Com um punhado de composições próprias esboçadas no violão, mas sem uma banda para acompanhá-la, a gaúcha de Pelotas, também conhecida como Gru (o apelido vem de Groo, o Errante, personagem dos quadrinhos), cantou, tocou todos os instrumentos (baixo, guitarra e bateria), gravou e produziu sozinha (em casa) seu mais recente EP, Kitchen door. "O que vai parar na minha música é tudo aquilo que não consigo expressar normalmente através da fala, da conversa do dia a dia. São coisas pessoais, sentimentos que guardo no cantinho de um sorriso ou em uma lágrima que não caiu e que depois despejo nas canções. A música é praticamente o amigo confidente que eu convencionalmente não tenho", ela comenta. Gabi: Na ficha técnica do disquinho, as únicas participações são as de Dudu Camargo e John Ulhoa, respectivamente, tecladista e guitarrista do Pato Fu - o primeiro tocou na música All this time e o segundo mixou a faixa de abertura, Saturday morning hope. A amizade com a banda mineira vem de longa data. Mas foi outra das paixões de Gru, a fotografia, que a aproximou dos ídolos. Ela passou duas semanas viajando com o grupo, fotografando e filmando os bastidores de uma turnê. Disso surgiu um acervo fotográfico muito extenso e também um documentário e outras minisséries em vídeo que foram lançadas ano passado no DVD Extra! Extra! (alguns dos vídeos podem ser assistidos em www. patofu.com.br/extra). Gabi aprendeu a tocar violão na pré-adolescência e passou os anos seguintes ao som do rock alternativo da década de 1990. "Minha banda preferida dessa época, e até hoje, é Buffalo Tom", conta. "Ouvi eles cantando uma música no seriado My so-called life (Minha vida de cão). Eu gravava tudo em VHS. E gastei a fita ouvindo a música Late at night, que o Buffalo Tom tocava por menos de um minuto." Kitchen door, aliás, é o nome de uma música do trio de Boston. Faz-tudo Ao longo dos anos, Gabi passou por diversos projetos musicais em sua cidade natal. Ela tocou baixo na Denix e na Supermuffin. Na Freezer, uma banda cover de Weezer, ela era a baterista. Atualmente, além da carreira solo, Gru canta na Água de Melissa. Esse acúmulo de experiência está refletido nas oito faixas do EP, na maneira de cantar e de estruturar as canções. Músicas como The same as being e Pick up the pieces não soariam estranhas num disco do Superchunk ou de Liz Phair. Formada em publicidade, Gru se mudou no ano passado para Porto Alegre, onde trabalha em uma produtora de áudio. "Nos fins de semana, também fotografo casamentos e formaturas. E adoro", afirma. Para as próximas apresentações na capital gaúcha, ela vai contar com a ajuda de amigos músicos de Pelotas, mas uma nova formação com músicos locais está em vista. "Conheci aqui o pessoal das bandas Prozak, Superguidis e Loomer. É possível uma mescla dessas três." Uma das poucas mulheres "faz-tudo" no cenário alternativo brasileiro, Gru acredita que o sexo feminino ainda é visto com alguma desconfiança no meio do rock. "Algumas áreas têm mais meninos. Quando uma menina chega, é olhada de forma estranha e desencorajada, como se não fosse para ela estar fazendo aquilo ou, para ser respeitada, tem que já começar sabendo o que faz. Isso afasta algumas", analisa. Nada disso, no entanto, a intimidou. "Gosto de fotografar, de filmar, de cantar, de tocar bateria. Não tem nada que me impeça de fazer isso porque sou menina." GRU Conheça a cantora gaúcha em www.gabilima.com. Kitchen door pode ser baixado gratuitamente em www.gabilima.com/mp3/kitchendoor.html.

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