Diversão e Arte

Scorsese e DiCaprio apresentam "Ilha do medo" em Berlim

Agência France-Presse
postado em 13/02/2010 16:10
O mestre do cinema Martin Scorsese e seu atual "muso" Leonardo DiCaprio apresentaram neste sábado (13/2), fora de competição em Berlim, o filme "Ilha do medo" ("Shutter Island"), que explora a paranoia e o terror psicológico vividos pelos Estados Unidos na época da guerra fria.

Baseado no livro "Paciente 67", romance de mistério do escritor Dennis Lehane, autor de sucessos adaptados para o cinema como "Sobre meninos e lobos", de Clint Eastwood, "Ilha do medo" transcorre em uma ilha perdida, açoitada por tempestades, onde funciona um asilo psiquiátrico para loucos perigosos.

Leonardo DiCaprio, que, segundo suas próprias palavras, já não é mais o jovem ator que encantou as adolescentes na época de "Titanic", vive um detetive veterano da Segunda Guerra Mundial, encarregado de investigar o misterioso desaparecimento de uma paciente. Pouco a pouco o espectador irá descobrindo seus traumas e terrores profundos.

Scorsese, 67 anos, disse na coletiva após a exibição que não sabia exatamente por que seu filme não estava concorrendo ao Urso de Ouro.

Recordou que, nos anos 1950, quando tinha apenas 10 anos, ele viveu uma época do medo, do segredo, da paranóia, embora "no mundo moderno também haja muito medo e paranoia".

"O roteiro me causou muito impacto. Era material para um thriller psicológico no qual podíamos lançar mão do ambiente do expressionismo alemão. Eu me inspirei na atmosfera e na tonalidade dos filmes produzidos por Val Lewton, no início dos anos 40 ", explicou.

Esta é a quarta parceria de Scorsese e DiCaprio, de 35, desde "Gangues de Nova York" (2002) e é a que os permite "ir mais longe", declararam ambos em uma recente coletiva de imprensa em Paris para divulgar o filme, que descreveram como "uma viagem emocional".

"Já havíamos explorado alguns limites juntos, em ;Gangues de Nova York; e ;O Aviador;", afirmou Scorsese, cujo estilo muito pessoal se concentra em tirar tudo o que pode de seus atores, como fez com Robert De Niro em "Taxi Driver" (1976).

"Depois, em ;Os Infiltrados; (2006) nos demos conta de que podíamos ir mais longe", disse o diretor, que recebeu o Oscar por esse filme. "Depois disso, sabíamos que queríamos voltar a trabalhar juntos e ultrapassar os limites", acrescentou.

"Sabíamos que filmar ;Ilha do medo;, que é um livro com muitos níveis, era um verdadeiro desafio. E sabíamos que podíamos explorar novas fronteiras, ultrapassar os limites. Ainda que não soubéssemos aonde chegaríamos", falou o diretor.

DiCaprio, que divide as telas com Ben Kingsley, Mark Ruffalo e Max von Sydow, ressaltou que "Ilha do medo " foi um de seus trabalhos mais intensos e, talvez, o que mais desafios proporcionou ao ator. "Ao ler o livro me dei conta que era um terror psicológico com elementos de horror gótico. Mas o verdadeiro coração do livro é a catarse de um homem", disse DiCaprio. "É a viagem complexa de um homem para confrontar seus próprios fantasmas", disse o ator, indicando que, para chegar à essência do protagonista, precisou entrar no mundo das doenças mentais.

"Se concentrar no sofrimento das pessoas que sofrem de doenças mentais foi muito intenso", disse o ator, que se preparou para seu papel vendo muitos documentários sobre doenças mentais e hospitais psiquiátricos. "Esse filme foi como um mantra para nós", disse. "Mas é impossível alcançar seu nível de intensidade", reconheceu.

Ainda que nenhum deles fale de projetos futuros, a colaboração entre Scorsese e DiCaprio, que já é uma das mais produtivas do cinema atual, com certeza terá prosseguimento. "Há um elemento de confiança. Compartilhamos o mesmo gosto no cinema, na arte. E sabemos por onde queremos ir", disse DiCaprio, reiterando sua admiração pelo cineasta.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação