Diversão e Arte

Canal Brasil exibe segundo episódio da série As chacretes

postado em 18/02/2010 09:09
Gracinha Copacabana: vida pacata de funcionária de pet shop retratada sem detalhes, na série As chacretesQue interesse pode haver na história pessoal de um grupo de mulheres que um dia trabalharam como dançarinas nos programas de Abelardo Barbosa, o Chacrinha? Muito para quem chegou a acompanhar tais programas. Afinal, as chacretes ainda hoje fazem parte do imaginário do grande público - e faziam, no caso dos rapazes da época, parte do imaginário sexual. Ao mesmo tempo que se exibiam em maiôs apertadíssimos, mantinham uma discrição em cena - limitadas a dançar e lançar sorrisos - que as tornava de certa forma enigmáticas. Daí a curiosidade em saber, afinal, quem eram aquelas moças e no que elas se transformaram longe das câmeras. Este seria o interesse maior da série As chacretes - que o Canal Brasil estreou quinta-feira passada e cujo segundo episódio vai ao ar hoje, às 21h -, além de o programa se constituir num registro de memória necessário dessas personagens que ajudaram Chacrinha a criar um estilo que fez história na televisão brasileira. Pena que os episódios se sustentam basicamente no depoimento de cada uma delas. Falta material de arquivo além daquilo que já se mostrou em todas as reportagens que rememoram o Velho Guerreiro. Ou seja, imagens dos próprios programas. Mesmo os episódios sendo curtos - 13 minutos em média -, acaba sendo pouco. Há também uma diferença no rendimento de cada entrevista. Não por acaso, Índia Potira foi escolhida para estrear a série. Ela tem uma história mais, digamos, vibrante. O fato de ter se envolvido com um traficante e ido parar nas páginas policiais, em si, já seria motivo para isso. Mas também acaba fornecendo recortes de jornais e revistas que enriquecem visualmente o episódio. Índia é, também, uma personagem mais falante, atrevida. Fala tão sem pudor de seu passado que, em um momento, chega a ser repreendida pela filha e o genro, que acompanham a entrevista. Ao contrário de Gracinha Copacabana, que em sua pacata rotina como funcionária de um pet shop, deixa pouco a explorar. Ou talvez seja uma uma opção da produção ficar na superfície, afinal, Gracinha nem sequer comenta o rápido affair que teria tido com Roberto Carlos. Um terceiro episódio, dedicado a Betty Boné, também não se aprofunda na história de como a ex-chacrete se tornou pastora evangélica, nem como ela lida com os confrontos entre a fé e o próprio passado - já que não o renega. Não só guarda com carinho fotografias e recortes de antigas reportagens, como chega a vestir, diante da câmera, um maiô da época para mostrar como ainda está em forma. Mesmo com tais lacunas, não deixa de ser oportuna uma série como essa. Principalmente para que vejamos como a máquina da tevê, mesmo com toda sua força, já teve espaço para uma certa ingenuidade. Afinal, por mais voluptuosas e exibidas que fossem, as chacretes seguiam uma rígida disciplina imposta por Chacrinha, que parecia assumir o papel de um rigoroso pai - como elas até hoje o consideram. Os desacertos pessoais era todos mantidos à distância do palco do Cassino, da Buzina ou da Discoteca. Hoje, dariam pano pra manga nas colunas e sites de fofoca e essas chacretes - com o espaço que tinham em cena - teriam, no mínimo, se tornado celebridades instantâneas desesperadas pela manutenção da fama, assim acontece com os ex-BBBs.

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