Diversão e Arte

Mostra com 30 curtas-metragens faz um apanhado da produção brasiliense contemporânea, a partir de hoje, no CCBB

Ricardo Daehn
postado em 06/04/2010 07:00
Primeira Visão, Cinema de Escola e Cenas de Brasília são alguns dos objetivos títulos para programas que compõem a mostra Brasília Ano 10, que, remetendo ao emblemático curta-metragem homônimo de Geraldo Sobral Rocha, exprime o conceito de renovação da maratona de 30 curtas a serem exibidos a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil. Com títulos que representam a produção contemporânea (feitos entre 2006 e 2009), a mostra, que prestigia realizadores como Santiago Dellape, Adriana de Andrade e Cássio Pereira dos Santos, se beneficia da pluralidade ao projetar ainda cineastas em busca de traços autorais, experimentação e outros componentes dos primeiros trabalhos. À frente do documentário A saga das candangas invisíveis (melhor curta na Mostra Brasília de 2008), Denise Caputo, jornalista formada em audiovisual pela UnB, percebe a aproximação da capital com a vertente do cinema verdade, bem contemplada em Brasília Ano 10. ;O documentário tem tradição forte por causa de grandes mestres, como Vladimir Carvalho, Dácia Ibiapina e Erika Bauer. Por aqui, há prestígio, e o público demonstra certo interesse em se assistir;, diz a diretora, aos 28 anos, dois deles reservados à execução do curta. O período anterior à inauguração da cidade, entre 1957 e 1960, assenta a trama, ligada às primeiras prostitutas do Planalto Central. Por coincidência, ambas batizadas Noeme. Elas foram localizadas em trabalho árduo que teve como origem uma tese de mestrado e idas ao Arquivo Público do DF. ;Na Cidade Livre (Núcleo Bandeirante), havia a área da zona do baixo meretrício. A locomoção era feita com cavalos e charretes. Havia construtoras que jogavam lá os operários, vindos de caminhão, e os recolhia à tardinha. Num só dia, havia prostitutas que atendiam até 80 homens;, comenta a diretora. No curta, que empregou 10 pessoas e custou R$ 35 mil, há recortes diferenciados de visão, com entrevistas de um gerente de cabaré e até de uma criança (à época) dona de olhar ;glamorizado; da profissão. Brasiliense que dirigiu o curta Ana Beatriz, a diretora Clarissa Cardoso, formada em publicidade (na UnB) e há seis anos atuante nos sets de cinema (como diretora de arte, figurinista e produtora), arrisca um denominador comum à atividade cinematográfica feita na capital. ;Há um registro de desconforto na própria pele, uma ideia de crise e de uma geração querendo se encontrar, mas, no fundo, acho que todo mundo sempre passa por isso aos 20 anos;, comenta. Aos 24 anos, em 2008, ela foi premiada pelo melhor roteiro no Festival de Brasília com o projeto de conclusão de curso (orçado em R$ 28 mil), saído de conto de Juliano Cazarré. ;Acho o filme simples como deve ser: histórias do cotidiano são banais e não precisam obedecer aos momentos de impacto que, normalmente, esperamos do cinema. Gosto do apelo que tem o ;eu era feliz e não sabia;. O curta revela um encontro casual;, resume. Vitrine estrangeira Ainda do bloco Primeira Visão, montado para a mostra Brasília Ano 10, As fugitivas (2007) ; premiado pelo melhor roteiro no Festival Mix Brasil 2008 ; representa o alcance das produções de Brasília no cenário estrangeiro. ;A visibilidade foi maior no exterior: com o curta, participei de seis mostras internacionais. Na Espanha e na Inglaterra, por exemplo, ouvi muito de paralelos feitos com os filmes de Pedro Almodóvar. Poderia ser um Almodóvar, só que bem abrasileirado;, brinca o diretor gaúcho Otavio Chamorro, aos 24 anos. Formado pela UnB, ele emplacou a história do ;casal de rapazes apaixonados que foge das respectivas casas;. Nessa história, despontam as mães dos personagens, ;mulheres loucas e nervosas, num tom caricato e cômico, que revelam meu olhar, a partir de figurinos gritantes e alguma linguagem chula;, explica o diretor. Curiosamente, este ano deve evidenciar os primeiros passos dele em cinema, com o lançamento de Andar debaixo, curta feito em digital, numa parceria com Luísa Campos. Além do tempero de descoberta ou apresentação de talentos, a mostra do CCBB abre espaço para diretores estabelecidos, como André Luis da Cunha (Dia de visita) e Bruno Torres (A noite por testemunha), ambos representados com curtas (no segmento Cenas de Brasília) que retratam episódios marcantes para a capital. Destacado como melhor curta (em Cuba) na 30; edição do Festival de Havana do Novo Cinema Latino-Americano, Para pedir perdão é um dos títulos importantes da mostra, que exibe outro filme do mesmo Iberê Carvalho: Entre cores e navalhas (codirigido por Catarina Accioly). BRASÍLIA ANO 10 Mostra de curtas-metragens brasilienses, de hoje a 11 de abril, com sessões às 16h30, 18h30 e 20h30, no CCBB (SCES, Tc. 2, Lt. 22, 3310-7087). Entrada franca Terça, 6 de abril 16h30 ; Cenas de Brasília 1 Raul de Xangô (2008, 17min; classificação indicativa livre), de Erico Cazarré; Dia de visita (2007, 25min; não recomendado para menores de 12 anos), de André Luis da Cunha; A noite por testemunha (2009, 24min; não recomendado para menores de 14 anos), de Bruno Torres; e Brasília (título provisório) (2008, 15min; não recomendado para menores de 14 anos), de J. Procópio; 18h30 ; Cinema de Escola Cuidado! Palhaços (2008, 14min; classificação indicativa livre), de Pablo Peixoto; Feijão com arroz (2009, 8min; classificação indicativa livre), de Daniela Marinho; Memórias do cinema (2009, 10min; classificação indicativa livre), de Bruna Carolli; Meu jardim (2009, 13min; não recomendado para menores de 14 anos), de Thiago Sutir e Ana Pieroni; e Café de amanhã (2007, 20min; não recomendado para menores de 18 anos), de Chico Acioli; 20h30 ; Primeira Visão Borralho (2006, 17min; classificação indicativa livre), de Arturo Saboia e Paulo Barbosa; Ana Beatriz (2008, 9min; não recomendado para menores de 14 anos), de Clarissa Cardoso; Dona Custódia (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Adriana de Andrade; As fugitivas (2007, 13min; não recomendado para menores de 12 anos), de Otavio Chamorro; e A descoberta do mel (2009, 16min; não recomendado para menores de 16 anos), de Joana Limongi. Quarta, 7 de abril 16h30 ; Cenas de Brasília 2 Um certo esquecimento (2008, 13 min; classificação indicativa livre), de André Carvalheira; Bem vigiado (2007, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Santiago Dellape; Oficina Perdiz (2006, 20min; não recomendado para menores de 14 anos), de Marcelo Díaz; A saga das candangas invisíveis (2008, 15 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Denise Caputo; e Dias de greve (2009, 24 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Adirley Queirós; 18h30 ; Outros Olhares Calango! (2007, 7min; classificação indicativa livre), de Alê Camargo; Tétrio, vazio e gelado (2007, 5min; classificação indicativa livre), de Steve Eponto; Mas na verdade uma história só (2009, 12min; não recomendado para menores de 14 anos), de Francisco Craesmeyer; Roteiro para minha morte (2009, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Pablo Gonçalo; As estalactites de Davi (2009, 10min; não recomendado para menores de 10 anos), de R. C. Ballerini; e Verdadeiro ou falso (2009, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Jimi Figueiredo; 20h30 ; Lirismo Menina espantalho (2008, 12min; classificação indicativa livre), de Cássio Pereira dos Santos; A menina que pescava estrelas (2008, 9min; classificação indicativa livre), de Ítalo Cajueiro; Uma (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Nara Riella; A minha maneira de estar sozinho (2008, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Gustavo Galvão; Para pedir perdão (2008, 17min; não recomendado para menores de 10 anos), de Iberê Carvalho; e Entre cores e navalhas (2007, 10min; não recomendado para menores de 14 anos), de Iberê Carvalho e Catarina Accioly. Quinta, 8 de abril 16h30 ; Primeira Visão Borralho (2006, 17min; classificação indicativa livre), de Arturo Saboia e Paulo Barbosa; Ana Beatriz (2008, 9min; não recomendado para menores de 14 anos), de Clarissa Cardoso; Dona Custódia (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Adriana de Andrade; As fugitivas (2007, 13min; não recomendado para menores de 12 anos), de Otavio Chamorro; e A descoberta do mel (2009, 16min; não recomendado para menores de 16 anos), de Joana Limongi; 18h30 ; Cenas de Brasília 1 Raul de Xangô (2008, 17min; classificação indicativa livre), de Erico Cazarré; Dia de visita (2007, 25min; não recomendado para menores de 12 anos), de André Luis da Cunha; A noite por testemunha (2009, 24min; não recomendado para menores de 14 anos), de Bruno Torres; e Brasília (título provisório) (2008, 15min; não recomendado para menores de 14 anos), de J. Procópio; 20h30 ; Cinema de Escola Cuidado! Palhaços (2008, 14min; classificação indicativa livre), de Pablo Peixoto; Feijão com arroz (2009, 8min; classificação indicativa livre), de Daniela Marinho; Memórias do cinema (2009, 10min; classificação indicativa livre), de Bruna Carolli; Meu jardim (2009, 13min; não recomendado para menores de 14 anos), de Thiago Sutir e Ana Pieroni; e Café de amanhã (2007, 20min; não recomendado para menores de 18 anos), de Chico Acioli. Sexta, 9 de abril 16h30 ; Lirismo Menina espantalho (2008, 12min; classificação indicativa livre), de Cássio Pereira dos Santos; A menina que pescava estrelas (2008, 9min; classificação indicativa livre), de Ítalo Cajueiro; Uma (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Nara Riella; A minha maneira de estar sozinho (2008, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Gustavo Galvão; Para pedir perdão (2008, 17min; não recomendado para menores de 10 anos), de Iberê Carvalho; e Entre cores e navalhas (2007, 10min; não recomendado para menores de 14 anos), de Iberê Carvalho e Catarina Accioly; 18h30 ; Cenas de Brasília 2 Um certo esquecimento (2008, 13 min; classificação indicativa livre), de André Carvalheira; Bem vigiado (2007, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Santiago Dellape; Oficina Perdiz (2006, 20min; não recomendado para menores de 14 anos), de Marcelo Díaz; A saga das candangas invisíveis (2008, 15 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Denise Caputo; e Dias de greve (2009, 24 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Adirley Queirós; 20h30 ; Outros Olhares Calango! (2007, 7min; classificação indicativa livre), de Alê Camargo; Tétrio, vazio e gelado (2007, 5min; classificação indicativa livre), de Steve Eponto; Mas na verdade uma história só (2009, 12min; não recomendado para menores de 14 anos), de Francisco Craesmeyer; Roteiro para minha morte (2009, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Pablo Gonçalo; As estalactites de Davi (2009, 10min; não recomendado para menores de 10 anos), de R. C. Ballerini; e Verdadeiro ou falso (2009, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Jimi Figueiredo. Sábado, 10 de abril 16h30 ; Cinema de Escola Cuidado! Palhaços (2008, 14min; classificação indicativa livre), de Pablo Peixoto; Feijão com arroz (2009, 8min; classificação indicativa livre), de Daniela Marinho; Memórias do cinema (2009, 10min; classificação indicativa livre), de Bruna Carolli; Meu jardim (2009, 13min; não recomendado para menores de 14 anos), de Thiago Sutir e Ana Pieroni; e Café de amanhã (2007, 20min; não recomendado para menores de 18 anos), de Chico Acioli; 18h30 ; Primeira Visão Borralho (2006, 17min; classificação indicativa livre), de Arturo Saboia e Paulo Barbosa; Ana Beatriz (2008, 9min; não recomendado para menores de 14 anos), de Clarissa Cardoso; Dona Custódia (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Adriana de Andrade; As fugitivas (2007, 13min; não recomendado para menores de 12 anos), de Otavio Chamorro; e A descoberta do mel (2009, 16min; não recomendado para menores de 16 anos), de Joana Limongi; 20h30 ; Cenas de Brasília 1 Raul de Xangô (2008, 17min; classificação indicativa livre), de Erico Cazarré; Dia de visita (2007, 25min; não recomendado para menores de 12 anos), de André Luis da Cunha; A noite por testemunha (2009, 24min; não recomendado para menores de 14 anos), de Bruno Torres; e Brasília (título provisório) (2008, 15min; não recomendado para menores de 14 anos), de J. Procópio. Domingo, 11 de abril 16h30 ; Outros Olhares Calango! (2007, 7min; classificação indicativa livre), de Alê Camargo; Tétrio, vazio e gelado (2007, 5min; classificação indicativa livre), de Steve Eponto; Mas na verdade uma história só (2009, 12min; não recomendado para menores de 14 anos), de Francisco Craesmeyer; Roteiro para minha morte (2009, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Pablo Gonçalo; As estalactites de Davi (2009, 10min; não recomendado para menores de 10 anos), de R. C. Ballerini; e Verdadeiro ou falso (2009, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Jimi Figueiredo; 18h30 ; Lirismo Menina espantalho (2008, 12min; classificação indicativa livre), de Cássio Pereira dos Santos; A menina que pescava estrelas (2008, 9min; classificação indicativa livre), de Ítalo Cajueiro; Uma (2007, 13min; classificação indicativa livre), de Nara Riella; A minha maneira de estar sozinho (2008, 14min; não recomendado para menores de 16 anos), de Gustavo Galvão; Para pedir perdão (2008, 17min; não recomendado para menores de 10 anos), de Iberê Carvalho; e Entre cores e navalhas (2007, 10min; não recomendado para menores de 14 anos), de Iberê Carvalho e Catarina Accioly; 20h30 ; Cenas de Brasília 2 Um certo esquecimento (2008, 13 min; classificação indicativa livre), de André Carvalheira; Bem vigiado (2007, 14min; não recomendado para menores de 14 anos), de Santiago Dellape; Oficina Perdiz (2006, 20min; não recomendado para menores de 14 anos), de Marcelo Díaz; A saga das candangas invisíveis (2008, 15 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Denise Caputo; e Dias de greve (2009, 24 min; não recomendado para menores de 14 anos), de Adirley Queirós.

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