Diversão e Arte

O tiro de canhão de Cabral

postado em 15/04/2010 07:00
O pop é um terreno pantanoso no qual muita gente boa já se afundou em nome de fazer uma música pretensamente mais acessível. Pop acabou virando sinônimo de musical banal, comercial. Mas nem todo mundo precisa se envergonhar de assumir ;eu faço música pop;. O cantor brasiliense Fernando Cabral é um exemplo disso. E a prova é seu primeiro disco, que será lançado esta noite em show no Teatro dos Bancários. Fernando Cabral lança hoje seu primeiro disco no Teatro dos Bancários;Meu som é pop, mas não é tipo Jota Quest;, ele compara. ;É uma coisa um pouco diferente, não é um pop tão fácil.; Fernando Cabral, o disco, se inspira em um pouco de tudo que o cantor escutou e gostou ao longo de seus 26 anos. ;Na adolescência, ouvi muito Ramones, Blink 182, toquei em bandas de hardcore como CCV, Silto e Torner. Depois meu gosto foi mudando. Antes eu era muito fechado. Não fechado, mas ignorante. Para mim, era aquilo ali e eu não procurava outras coisas. Fui abrindo o meu leque musical com o passar do tempo. Mesmo quando eu tocava com essas bandas, compunha músicas à parte, coisas mais pop. Fazia sem filtros, sem me preocupar com o que os outros pudessem pensar;, comenta. Jorge Ben, Novos Baianos, Los Hermanos e o grupo americano The Format são alguns dos nomes que Cabral cita como audições que foram mudando sua concepção musical. Curiosamente, nada disso está necessariamente explícito em suas músicas. ;Pode parecer um clichê, mas procuro não ficar parecido com ninguém. Gosto de criar;, afirma. O plano de gravar um disco já vem de muito tempo, mas a decisão de que a hora certa chegou veio no ano passado, depois de o cantor alcançar a segunda colocação, segundo o voto do público, no festival Candango Cantador. Por sugestão de uma amiga de seu irmão, ele entrou em contato com o produtor Nelson Faria (músico mineiro com passagem por Brasília e hoje radicado no Rio de Janeiro). Entre dezembro e janeiro, no estúdio Tenda da Raposa (no bairro carioca de Santa Teresa), Cabral gravou as 10 faixas do disco. Nas letras, ele canta sobre relacionamentos e percepções do cotidiano (Feliz edital, por exemplo, versa sobre não se render à tentação de um concurso público). Os arranjos ficaram a cargo de Nelson. Além de baixo, guitarra e bateria, as canções ganharam instrumentos de sopro, cordas, acordeão, piano elétrico, teclados, gaita; Gilson Peranzzetta, Jessé Sadoc, Flávio Guimarães, Kiko e Alberto Continentino foram alguns dos músicos que participaram da gravação do CD. Hoje, no palco, o cantor será acompanhado por amigos que tocaram com ele em projetos anteriores. ;Ainda não tenho banda fixa. Como estão surgindo datas de shows, preciso saber se eles estão dispostos a continuar. Sei que vários deles dividem comigo o sonho de viver de música.; Cabral reconhece que esse começo de carreira não apresenta garantias. É um tiro no escuro. ;Mas dei um tiro de canhão. Vou arriscar, com força;, ressalta. Ouça música Feliz Edital FERNANDO CABRAL Disco de estreia do cantor brasiliense, produzido por Nelson Faria. Independente, 10 faixas. Preço médio: R$ 15. Lançamento hoje, às 20h30, no Teatro dos Bancários (314/315 Sul). Show de abertura: Vinicius Castro (PE/RJ). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Classificação indicativa livre.

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