Irlam Rocha Lima
postado em 22/07/2010 07:00
A fase inicial da chamada música popular brasileira, que vai de 1900 a 1935, é focalizada no segundo show do projeto A música na linha do tempo, protagonizado pelo flautista Sérgio Morais, amanhã, às 20h30, na Sala Cássia Eller do Complexo Cultural Funarte. Ele vai interpretar temas de compositores que foram marcantes naquele período: Chiquinha Gonzaga, Antônio Callado, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.;No show que preparei especialmente para o projeto, vou seguir os moldes tradicionais de execução das músicas. A ideia é criar, com Fernando César (violão 7 cordas), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Thiago Viegas (percussão), a sonoridade de um conjunto regional;, explica Morais. ;Com isso, o público ouvirá o choro, o maxixe e a valsa sendo tocados como foram concebidos por seus criadores.;
O roteiro do show, com uma hora e 20 minutos de duração, traz 20 músicas. Entre elas estão Atraente, Corta jaca e Lua branca (Chiquinha Gonzaga); Flor amorosa, que Antônio Callado compôs para a pianista; Apanhei-te cavaquinho e Odeon (Ernesto Nazareth); Acerta o passo, Descendo a serra, Lamentos, Rosa e Um a zero (Pixinguinha). Com essa última, o genial compositor, flautista e saxofonista homenageou a Seleção Brasileira depois da vitória sobre o Uruguai, com gol de Friedenreich, na decisão do Campeonato Sul-Americano de 1919.
O interesse de Morais pela flauta foi despertado ainda na infância. Mais tarde, já tocando o instrumento, entrou para a Escola de Música de Brasília, onde teve contato com diversos estilos e formações musicais ; do erudito ao popular. Frequentando o Clube do Choro, descobriu sua paixão pelo chorinho, que considera ;a genuína música brasileira;. Como integrante do grupo Firme & Forte, acompanhou vários artistas, inclusive a sambista Beth Carvalho.
Erudito
O alaudista Fernando Dell Isola fará o segundo recital da parte erudita do A música na linha do tempo, sábado, às 17h, também na Sala Cássia Eller. O destaque é o período renascentista, representado por composições dos franceses Adrian LeRoy (Passemeze e Tiers Branle de Malte) e Jean Paul Paladin (Fantasie I e II). Com trabalho voltado para música barroca e renascentista, o instrumentista costuma executar peças de compositores utilizando vários alaúdes para períodos diferentes ; de 1480 a 1780.
Dell Isola, desde 1999, é professor da Escola de Música, onde implantou o curso de alaúde. Ao lado de Umberto de Freitas, concebeu a família de violões, com instrumentos de diversas dimensões e afinações, ;que juntos viabilizam a interpretação de música renascentista, barroca e clássica sem necessidade de transcrições;. Com total domínio da técnica, vem atuando como recitalista e concertista desde 1986.
A MÚSICA NA LINHA DO TEMPO
Show do flautista Sérgio Morais e grupo amanhã, às 20h30, na Sala Cássia Eller da Funarte (Setor de Difusão Cultural, atrás da Torre de TV). Não recomendado para menores de 14 anos. No sábado, às 17h, recital do alaudista Fernando Dell Isola. Classificação indicativa livre. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia).