Diversão e Arte

O futebol no divã de Freud

postado em 30/07/2010 07:00 / atualizado em 14/10/2020 12:38

Nelson Rodrigues escreveu que o futebol é um teatro tão intenso e revelador das paixões humanas que no banco do treinador deveria estar o próprio Sigmund Freud. O psicanalista Francisco Martins aceitou a provocação e resolveu pensar o futebol sob as luzes da psicanálise, por meio de uma série de crônicas, reunidas no livro Footanálise ; Por que o futebol nos é tão vital?, a ser lançado, hoje, às 19h30, na Livraria Cultura do Casa Park.

Francisco Martins se interessa por futebol desde os tempos em que jogava peladas nos campinhos de Fortaleza, no Ceará. Mas o desejo de pensar o esporte veio da perplexidade em face do fato de haver poucas reflexões sobre algo que mobiliza e vitaliza tanto os brasileiros e os povos de quase todos os países do mundo: ;Penso que a psicanálise pode esclarecer e ser esclarecida pelo futebol. Veja o que ocorreu na última Copa do Mundo, em que o nervosismo do Dunga foi mais desastroso do que qualquer questão tática.;

Footanálise %u2013 Por que o futebol nos é tão vital Lançamento, hoje, a partir das 19h30, na Livraria Cultura/Casa Park 292 páginas. Preço: R$ 40As crônicas de Francisco tratam de Garrincha encarnando em campo o personagem Carlitos, de Chaplin; do futebol como trabalho e arte, do mecanismo de identificação com o jogo da bola, de Gerson e sua língua de papagaio discreto, da cabeçada de Zidane no beque italiano, do futebol de quem não é craque, do drible que o futebol tenta dar na pulsão de morte, entre outros temas.

Logo no início do livro, Francisco faz um diário de sua vivência das Copas do Mundo. Ao longo do tempo, ele foi se interessando por questões levantadas pelo futebol: ;O futebol é uma psicopatologia da vida cotidiana. Por isso, eu procurei usar os conceitos da psicanálise, mas de uma maneira acessível. Tento, por exemplo, entender por que muitas pessoas preferem Maradona ao Pelé. É que Pelé é standard e o Maradona é um ídolo exótico. As pessoas não querem ser standards, elas querem ser diferentes.;

E quanto à pergunta lançada pelo subtítulo do livro, por que o futebol nos é tão vital?, Martins responde que o esporte fornece descarga, desopilação, tensão e o prazer do gol: ;O futebol consegue resolver muitas questões da agressividade humana. É um esporte agonista, dramático, arrebatador. Em nosso país, ele contribuiu para a constituição da identidade dos negros e sua ascensão social. É um esporte mais democrático do que o vôlei e o basquete. Cabe gente de toda altura. O Romário era baixinho, mas em um espaço de 20 metros, ele se virava e disparava em um flash sem que ninguém pudesse alcançá-lo. O futebol é um palco, um teatro popular moderno;.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação