Diversão e Arte

Cadê o meu casaco?

postado em 12/08/2010 07:00 / atualizado em 19/10/2020 17:30

Caianno: o autor confessa ter enorme influência da literatura de cordelUma novela poética, que tem como contexto a gestão pública e a situação de Brasília, abordando também política, sociologia, filosofia e antropologia. Assim, o poeta José Garcia Caianno, Dedé para os íntimos, define seu primeiro livro, Todo mundo é muito bom, mas meu casaco sumiu, que será lançado hoje, às 19h, no Açougue Cultural T-Bone (312 Norte). ;Apesar de ter muitos outros, prontos para publicação, este será o primeiro a ir para a rua;, atualiza.

A obra, publicada pela Banca de Poetas, narra a história de Joca, um humilde e honesto rapaz que se envolve com as pessoas erradas em Brasília, e acaba preso. Porém, Roberto Gicello, que assina a página de apresentação, explica que a narrativa descreve, na verdade, a trajetória de um ex-governador envolvido em escândalos, e que Joca seria o seu codinome.

Segundo Caianno, o romance traz, em suas 34 páginas, críticas sociais, acopladas a rimas bem-humoradas e mordazes, que têm como proposta literária uma comunicação ágil, capaz de acompanhar o anseio contemporâneo por textos menores, fruto da veloz ;era da internet;, como o próprio classifica. ;Em vez de um livro com 400 páginas, custando R$ 60, dividimos o texto em etapas para resultar em um formato menor, que encoraje as pessoas a lerem;, explica. Ele ainda enfatiza que personagens como o porcão com cara de chifrudo, os abutres engravatados e os jegues festivos em praça pública são frutos unicamente de sua imaginação. ;Não pensei em ninguém, mas se alguma carapuça lhe servir, use-a com desvelo;, provoca.

Posteridade
Todo mundo é muito bom, mas meu casaco sumiu De José Garcia Caianno. Editora Banca de Poetas. 34 páginas. Preço médio R$ 5. Lançamento, hoje, às 19h, no Açougue Cultural T-Bone (312 Norte)O título da obra, segundo ele, é proveniente de um provérbio popular português, que originalmente dizia ;todo mundo é muito bom, mas meu capote sumiu;. Após chegar ao Brasil, nas bagagens da família real lusitana, em 1808, a palavra capote acabou substituída por casaco, na versão abrasileirada do ditado. ;Sempre uso adágios em meus trabalhos, eles agregam, guardam e conduzem para posteridade toda sabedoria popular,; completa.

Criado em Goiás, Caianno confessa ter enorme influência do cordel, já que cresceu ao lado de trabalhadores nordestinos que migravam para as terras goianas em busca de emprego e que, desta forma, acabaram trazendo para o Centro-Oeste a literatura cordelista, conhecida pelos mesmos adjetivos que ele emprega em seu trabalho: agilidade e humor, como na história de Juvenal e o dragão, de Leandro Gomes de Barros, que ele classifica como uma das mais marcantes de sua infância.

O lançamento do livro contará com a participação especial do maestro Jorge Antunes, da cantora Célia Porto, do bonequeiro Paulo de Tarso e dos grupos Tribo das Artes, Radicais Livres e Mambembrincantes.

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