Diversão e Arte

Ex-motorista gaúcho estreia em livro com uma coletânea de 50 poemas

postado em 18/08/2010 07:00
Dezoito de outubro de 2007. O dia em que Jorge Coffy descobriu que podia escrever poesia. Estava na varanda de casa, aflito com uma homenagem pretendida para a mãe da ex-namorada, que não conseguia realizar. Numa prece, pediu a Deus inspiração. ;Na mesma hora veio, peguei a caneta e escrevi;, ele adianta. E o que começou com apenas uma poesia ganhou forma de celebração aos 50 anos de Brasília. Numa tarde, recebeu a ligação da amiga Ana Maria de Oliveira, que lhe alertava para a beleza do céu naquele dia. Chegando em casa, Coffy, incomodado com o comentário da amiga, não teve dúvida sobre o que faria: escrever. O primeiro poema, ;Ao céu azul de Brasília;, ganha a companhia de outros 49 no livro Brasília ; Sua história contada em versos. Cada poesia foi uma soma de esforços: intuição mais pesquisa histórica. E Coffy, 42 anos, rabiscou textos sobre monumentos naturais e urbanos da cidade, regiões administrativas, personalidades, candangos e anônimos. O lançamento será realizado hoje, às 20h, no Memorial Juscelino Kubitschek. SEMENTES DO DESTINO. De Pedro Gordilho. 336 páginas, Edições Foco. R$ 70. Lançamento hoje, às 19h, no Espaço Chatô (sede do Correio Braziliense). À venda no Café com Letras (203 Sul) e Espaço Maria Tereza (QI 5, Lago Sul).Antes do livro, Coffy nunca tinha escrito um verso sequer. Nascido em Itaqui (RS), é o 15; de 16 irmãos, e veio para Brasília há três anos, a propósito de uma oportunidade de emprego: motorista na Câmara dos Deputados. Antes disso, trabalhou como pasteleiro, cobrador de ônibus, mecânico, jardineiro e em outros ofícios. ;Sou um homem simples;, resume. Com a sinceridade de quem está estreando, cuja primeira edição foi produzida apenas para o lançamento, Coffy revela que a sua relação com a literatura se resumia na capacidade de memorização do que lia e escutava. ;Uma coisa sempre tive comigo, a facilidade pra decorar textos. Tenho praticamente toda a obra decorada. A única coisa que tive na infância em relação à escrita era decorar músicas, poesias, coisas tradicionais, da região, e nacionais. Do nada, virei escritor;, observa. BRASÍLIA - SUA HISTÓRIA CONTADA EM VERSOS. De Jorge Coffy. 112 páginas, Grupo MPE. À venda somente hoje, no lançamento, a R$ 60. Às 20h, no Memorial Juscelino Kubitschek. Entrada mediante apresentação de convite.O ambicioso projeto de contar a história de Brasília em 50 poemas custou dinheiro do próprio bolso e exigiu pedido de empréstimo pessoal para financiar as visitas às cidades do DF. Coffy visitou os principais pontos da cidade, pesquisou informações em livros e revistas, e conversou com gente que ajudou a erguer a capital no Planalto Central. As poesias são divididas em ;Primórdios;, ;Plano Piloto;, ;Brasília Romântica;, ;Cidades Satélites; e ;Homenagens;. E a escrita, desenvolvida em versos ensolarados e informativos, é tributária da narrativa em prosa. Colheita da memória Quando completou 70 anos, o advogado baiano Pedro Gordilho, folheando artigos publicados na revista Foco, constatou que o número de textos equivalia ao número de verões vividos até então. Isso o deixou com uma sensação de que a coincidência queria lhe dizer alguma coisa. Em Paris, por ocasião da compra de um imóvel, viu, na parede de um apartamento, reprodução do quadro As respigadoras, de Jean-François Millet. Tocado pela beleza da pintura, Gordilho refletiu: ;Era uma reprodução fidedigna, a bico de pena. Pensei: ele está me ensinando alguma coisa. Ele mostra pessoas que colhem o trigo depois que as máquinas passaram;. As dezenas de artigos, que contam as experiências de Gordilho em suas viagens, ganharam edição definitiva em livro, graças às tintas do pintor realista. A coletânea de textos Sementes do destino será lançada hoje, às 19h, no Espaço Chatô (sede do Correio Braziliense). Ao visualizar a colheita das sobras do trigo, que ilustra a capa do livro, Gordilho se sentiu como as três mulheres desenhadas por Millet. ;Sou eu utilizando o que sobrou dos grandes pensadores que trataram dos mesmos assuntos que trato. Minha vida imitou a arte que eu vi naquela parede;, revela. Os temas, todos eles escritos com notável curiosidade histórica, vão da gastronomia à música erudita. E Gordilho, mesmo tendo visitado os principais destinos da Europa ocidental, dedica um capítulo apenas a Paris. Entre os pensadores que existiram antes dele, os preferidos são Thomas Mann, Ernest Hemingway e o músico Mozart. ;Meu coração é um museu de tudo que vi de grandioso no mundo, é um pedaço do autor. Coloquei meus sentimentos e alegrias;, diz o escritor. Além da paixão por Paris, Gordilho é fascinado pelo império romano, sentimento verbalizado em ;Destino: somente onde os romanos passaram;. ;Eles criaram a forma mais extraordinária de simbiose entre o conquistador e o conquistado, a pax romana. Eles chegavam, conquistavam, faziam o povo conquistado se sentir honrado, valorizavam a cultura do lugar. Por isso hoje podemos fazer distinções nítidas entre França, Portugal, Espanha, lugares que ficaram com identidade própria;, afirma. Destino: somente onde os romanos passaram Quando se diz que só vale a pena conhecer se aprofundar nos destinos geográficos por onde os romanos passaram -- deixando um certificado de civilização, cultura e respeitando a História dos povos dominados, História que assim logrou alcançar com interesse nossos dias, nosso tempo -- na verdade colocam-se na ordem de preferência as áreas que contemplam a cultura que efetivamente participa da inteligência e dos interesses do civilizado homem do ocidente. Basta que se tenha presente, primeiramente, a antiga Grécia, onde nasce a filosofia, a ciência política, a arquitetura, a literatura do mundo ocidental. A Grécia foi, toda ela, ocupada pelo Império Romano, que preservou toda a sua história e privou dos ensinamentos gregos nos centros de estudos e nas famílias romanas. Toda a Itália, a atual Espanha e o atual Portugal, a antiga Gália, incluindo a região provençal chegando até Bordeaux e Lyon, Lutetia, antiga denominação de Paris. Ao Norte a Britânia até a muralha de Adriano, que dividia este território romano com a Escócia, antiga Caledonia, incluindo Londinium, atual Londres. No limite oriental toda área à margem esquerda dos rios Reno e Danúbio, incluindo a região dos Alpes, Hungria, Romênia, e, mais ao oriente, Bizâncio e toda a região da Ásia menor, onde se colocam a atual Turquia, Armênia, a região onde está o atual Iraque, incluindo os rios Tigre e Eufrates. Mais ao Sul a região onde hoje está Israel, incluindo as cidades de Nazaré, Jerusalém, o atual Egito, todo norte da África, Tunísia, Cartago, até chegar ao estreito de Gibraltar. Foi este vastíssimo Império que deixou as marcas mais magnificentes em nossa cultura, aquelas marcas que permanecem vivas por mais de vinte séculos. Vangloriava-se o povo romano justamente de ter deixado um legado que iria encantar o mundo ocidental. E uma síntese desse pensamento expressou-a certa autoridade romana, olhando a História e comparando civilizações que antecederam o Império: " -- Alguém ousaria comparar as inúteis pirâmides com as nossas estradas, os nossos aquedutos, as nossas construções monumentais e indispensáveis para o conforto do povo romano?" A rota dos vinhos da Alsacia É a rota gastronômica mais celebrada do mundo, permitindo um fascinante zig-zag de quase 200 km de Marlenheim até Thann. Esta famosa rota permite uma variação de prazeres múltiplos, uma verdadeiro imersão na História, o conhecimento de culturas que promanam dos albores da idade média facilmente apreendidas nas belas villages, nos velhos castelos, nas modernas caves de degustação, no cenário luxuriante da vinha, nas minúsculas capelas e nas abadias. Com efeito, depois que os romanos (sempre eles) plantaram algumas variedades de vinha sobre sua terra, pode dizer-se que a Alsacia soube lhes fazer frutificar. Com exceção do Edelzwicker, que designa a reunião de diversas variedades da vinha Edel, os vinhos da Alsacia vêm de uma única cépage. Entre elas, a mais prestigiosa é a Riesling, uma das mais importantes uvas brancas do mundo. Alguns preferem a elegânciaa da uva Gewurztraminer, tipo de uva dita condimentada por causa do seu gosto rico, aromático e poderoso. A uva Sylvaner produz um vinho seco e leve. Quanto à uva Pinot blanc, ela é seca, não obstante mais encorpada. O Muscat da Alsacia tem um gosto de uvas frescas. Não se deve confundir a uva Tokay da Alsacia com os vinhos da Hungria, com nome parecido. Um momento de agradável surpresa é o conhecimento do Crémant d; Alsace, um espumante de inconfundível e significativa qualidade. Leia poesias do livro A catedral de Brasília Quatro horas da manhã, despertar de um novo dia; O meu Anjo me acordou, a escrever a poesia. A inspiração acredito, que agora vem noutro astral; Vcou descrever o que sinto pela nossa Catedral. Majestosa, muito linda, com uma visão diferente, Com certeza essa obra é o mais lindo presente. Na cidade o conjunto de toda sua arquitetura, A catedral se destaca como a mais linda pintura. Está bem localizada no Eixo Monumental; De tudo o que eu vi aqui, não existe nada igual. No desenho você tem uma coroa formar; Para que muita energia possa ela captar. E ela é distribuída em todo seu interior; A luz que de cima vem, enviada pelo Senhor. Quando dentro dela estou, tenho essa sensação: A de sentir a energia em tamanha proporção. E tem, como cobertura, somente belos vitrais; Quem um dia os contemplar, não se esquecerá jamais. Imagino muitos Anjos, voando em seu interior, A distribuir muitas bênçãos de Jesus Nosso Senhor. Mas não é só a formosura que tu tens na construção, Tens a luz de meu Senhor dando muita proteção. Que não tenha só beleza esta nossa Capital, Se não estivermos juntos na proteção celestial. O bom seria que todos, antes de ir ao labor, Passassem ali e rezassem para Deus Nosso Senhor. A pedir a proteção para toda esta cidade; Com certeza mudaria essa nossa sociedade. Mesmo que o Pai e o Filho sempre nos deem proteção, Tá faltando nas pessoas muita reza e gratidão! Ao céu azul de Brasilia Desde a infância eu compreendiam, das cores a utilidade: De transformar um ambiente, a trazer a felicidade. Ao passar de tantos anos, me veio a transformação; Eu hoje vejo as cores com uma outra percepção. As cores foram criadas não só ao embelezamento, Mas a nos transmitir e enviar os mais puros sentimentos. O amarelo é a força, a energia vital; O lilás nos ajuda no equilíbrio espiritual. O rosa é o amor, também a tranquilidade. O verde, a regeneração, amor à paz e amizade. O azul é a cor que vemos no céu a todo momento; Nos limps, nos purifica, junto o fortalecimento. Pois meu Deus me deu um Anjo, com muita luz é verdade; De eu escrever o que sinto com muita sinceridade. Quando em Brasília cheguei, sempre escutei uma expressão: Que um lago aqui existia, que praia não tinha não. E que o mar de Brasília é o céu de azul primordial; Colocada sobre nós numa função celestial. Que Deus na sua grandeza, e na sua bondade infinita, Pois tudo estava projetado, conforme a sua escrita. Que aqui neste Planalto, no centrão do seu Brasil, O céu ia ter cor de um azul quase que anil. Mesmo ao anoitecer, em noites enluaradas, Parece uma tela azul, e estrelas nela pintadas. Vou tentar falar do azul, conforme minha compreensão: Cor primária é o azul, que vem desde a Criação. Colocada pela mão de Deus, sobre toda a humanidade; Da cor, da sua ação, na sua finalidade. E no alto deste Planalto, Brasília foi projetada. E que muita cor azul precisaria nela ser focada. E ela se transformaria na mais linda Capital; E de receber a influência de seu azul celestial. Tens a forma de um pássaro, e não de um avião; Como se o céu azul convidasse a um voo de elevação. O mundo inteiro conhece sua beleza e arquitetura; E recebe a proteção do céu, com esse azul de pintura. A ajudar nos pensamentos de todos os governantes. O azul é refletido sobre eles, a cada instante. Para ajudar seu povo e toda a sociedade; E o sentimento que mais cresça que seja o da caridade. O destino é que me trouxe a morar nesta cidade. Com muitas finalidades, com certeza eu acredito, Que pelo menos escrito pelo punho da minha mão, Cogito, mesmo contrito, uma outra explicação, Porque Brasília tem céu de azul intenso e infinito!

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