Diversão e Arte

Simple Minds leva apenas 2 mil pessoas ao Nilson Nelson

Regina Bandeira
postado em 23/08/2010 08:05
Para quem foi adolescente na década de 1980, a noite de sábado teve um gostinho de vitória sobre o tempo. Simple Minds, a banda que embalou uma geração com hits como Don't you (Forget about me), Alive and kicking e Mandela day, reinou absoluta no palco do Nilson Nelson para uma plateia de quase 2 mil pessoas. E prometeu voltar. Jim Kerr, 51 anos, correu, ajoelhou várias vezes e incitou o público a cantar refrões e bater palmasMarcado para começar às 21h, o show parecia fadado ao fracasso de público. No horário combinado, pouco mais de 300 pessoas estavam no estádio. "Será uma pena, um show memorável que o público brasiliense vai perder", lamentava Rafael Reisman, produtor da turnê brasileira do grupo, que comemorou 30 anos de carreira em 2008. A produtora esperava entre 3 e 4 mil pagantes. Para a professora Arlete Rocha, de 37 anos, a pouca plateia era causada pelo preço. "São valores proibitivos", pontuou. Mas, aos poucos e atrasado, o público foi chegando. Às 22h15, os músicos escoceses começaram a tocar os primeiros acordes da instrumental Theme for great cities. Em seguida, o vocalista Jim Kerr atacou com Sanctify yourself, do disco Unce upon a time, de 1985, o mais pop da banda. Composições menos conhecidas do público, como Stars, See the light e Big sleep, vieram em seguida, e Kerr sustentou a platéia esbanjando carisma e simpatia, além de muito fôlego. Aos 51 anos, o band leader acena para fãs mais distantes, pisca os olhos para fotos; corre, ajoelha (várias vezes) e incita o público a cantar refrões e bater palmas em quase todas as músicas. Quem viu o show, assistiu à banda em seu formato mais original - os fundadores do Simple Minds Charlie Burchill (guitarra) mais Mel Gaynor (bateria), Eddie Duffy (baixo) e Andy Gillespie (teclados). A mais nova na turma era a charmosa backing vocal Sarah Brown. A baladinha Mandela day foi recebida com carinho. Someone, somewhere in summertime foi uma dessas que chegou a receber uma versão brasiliense "Somewhere, in Brazilian's winter". O público agradecia com "u-hus" e aplausos. Once upon a time também conseguiu um momento de encontro com a plateia. Mas foi preciso que a banda tocasse o velho e bom hino Don%u2019t you (forget about me) para tirar o pé dos quarentões do chão. Jim Kerr sabe o efeito que essa música causa e aumentou o número de refrões para colocar a público cantando sozinho no estádio. E ela fez bonito, lógico. O vocalista retribuiu a homenagem. "Vocês estão cantando tão bem que vou perder meu emprego", brincou. E depois de dizer estar muito feliz por tocar em Brasília, o líder do Simple Minds promete voltar. "Este não será nosso último show aqui. Eu prometo", jurou. "O som deles é demais", reforçava, empolgado, o publicitário João Rezende, 60 anos, rodeado de um grupo de amigos, e à vontade na plateia do Simple Minds - que estava repleta de jovens senhoras e senhores, com alma de roqueiros. Brasília é a terceira cidade brasileira visitada pela banda - que nunca chegou a ter a mesma repercussão de seus colegas irlandeses do U2, com quem foram comparados durante muito tempo. Ovacionados, eles saem do palco como se encerrassem o show. É só charme e a plateia nem se move. A banda volta para o bis, e toca Let there be love e Rockets antes de finalizar - agora, definitivamente - a terceira apresentação brasileira da turnê. O show termina com Alive and kicking lavando a alma da moçada, em uma noite em que um show de rock nunca viu tantos adolescentes de 30, 40, 50 e 60 anos.

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