Diversão e Arte

Série exalta questões atemporais da psicanálise com estética multicolorida

postado em 11/11/2010 07:48
Em Afinal, o que querem as mulheres?, a intenção do diretor e roteirista Luiz Fernando Carvalho é exaltar questões atemporais da psicanálise com uma estética multicolorida. Por isso mesmo, a série que estreia hoje na Globo, às 23h30, mistura tons fortes e vibrantes com um visual ora nonsense ora lúdico ; com direito à máscara de bobo no ator Michel Melamed e uma animação do Sigmund Freud, pai da psicanálise e autor da célebre pergunta que dá nome ao projeto.

;Como a história se passa principalmente em Copacabana, no Rio, há um excesso de cores das mais diversas fontes, sejam as luminárias de lojas, os sinais de trânsito ou os outdoors;, explica o diretor, que também assina o texto final do programa. Na trama, narrativas com diálogos curtos, influenciadas pela linguagem das redes sociais da atualidade. ;Entendo que este seja mesmo o espírito da época, a pós-modernidade. Todos esses atravessamentos diários, as ;zil; conexões se sobrepondo, dialogando... Um discurso mais humano, caótico, próximo do que sentimos e pensamos;, filosofa o protagonista Michel Melamed, que interpreta o escritor e psicólogo André.

Nos seis episódios, que serão exibidos às quintas, o ponto central é justamente o personagem André. Tudo começa a partir de sua tese de doutorado, que tenta responder a famosa pergunta de Freud: Afinal, o que querem as mulheres? Para isso, o rapaz se aventura em pesquisas, colhe depoimentos e, de tão envolvido com o projeto, não percebe que isso deixa de lado a bela Lívia (Paola Oliveira), sua namorada há mais de cinco anos. ;Como temos diálogos curtos, a aparência ganha um peso maior. E também a forma como a personagem se mostra. Gravei com as mãos sujas de tinta e no meio da chuva, toda molhada;, comenta Paola, que vive uma artista plástica na série.

As gravações foram feitas com duas câmeras digitais de alta definição. A primeira, a Arri D21, foi usada por Luiz Fernando Carvalho em Capitu, e foi a que mais ;deu expediente; neste projeto. Já as cenas noturnas, em condições de pouca luz, foram rodadas com a Arri Alexa, estreante no Brasil. A qualidade, o diretor garante, compensa toda a atenção dedicada aos detalhes. Outro ponto tratado com o máximo de cuidado pela equipe foi a inserção de um boneco animado em stop motion, introduzindo Freud na trama e fortalecendo o estado de delírio de André. As expressões mudam com a troca das 10 testas, 21 bocas e 20 mãos confeccionadas para o boneco, que mede 40cm de altura.

A preparação do elenco durou dois meses e as gravações levaram mais ou menos o mesmo tempo. Os atores participaram de oficinas de máscaras, aulas de canto e outras atividades de interação. Entre os intérpretes que aparecem nos seis capítulos estão Tarcísio Meira, Vera Fischer, Osmar Prado, Dan Stulbach, Eliane Giardini, Lavínia Vlasak, Letícia Sabatella, Rodrigo Santoro e Letícia Spiller. ;Todo mundo quer trabalhar com o Luiz. Ele respeita o ator. É impressionante a capacidade que ele tem de explorar cinema, teatro e televisão em um único produto;, elogia Letícia Spiller, que interpreta Sofia, mulher que engravida de André no fim da série.

As aulas de canto do elenco se justificam pela cena de um sonho que André tem quando vai parar no CTI, ao passar mal. O psicólogo se vê morto e, durante o velório, todas as mulheres que passaram por sua vida se reúnem em um número musical. Além disso, Michel também empresta sua voz a Nome à pessoa, música da abertura de Afinal, o que querem as mulheres?. ;Meus trabalhos têm uma ligação forte com a música, principalmente depois de Hoje é Dia de Maria 2. Ela valoriza a dramaturgia e é um tempero a mais para o público;, analisa o diretor.

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