Diversão e Arte

Quadrinhos: Melinda Gebbie rouba a cena na Rio Comicon

postado em 12/11/2010 07:41
Rio de Janeiro ; Se os alto-falantes da Rio Comicon não tivessem anunciado a presença de Melinda Gebbie no recinto, provavelmente a mulher do escritor britânico de histórias em quadrinhos Alan Moore (Watchmen, V de Vingança) passaria despercebida. Melinda, também autora de HQs, passeava tranquilamente pelo evento. Cinquenta e poucos anos, blusa lilás larga, calças, tênis e cabelos pretos. Jeito sereno de professora de escola primária. A fila de interessados em conhecê-la e pegar um autógrafo não era muito grande. No entanto, a artista americana (radicada na Inglaterra desde os anos 1980) dedicou alguns minutos de atenção a cada uma das pessoas ali. Ficou pelo menos duas horas assinando livros, fazendo desenhos e tirando fotos. Gentilmente, sorria timidamente e agradecia a todos pela paciência. Melinda acabou roubando a cena na quarta-feira, segundo dia de programação do evento ; iniciado na terça, na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro.

;Sempre acho corajosa uma convenção de quadrinhos que me convida para participar dela;, disse Melinda em entrevista depois da exaustiva sessão de autógrafos. ;Lost girls é ilegal na Suíça. Uma convenção na Dinamarca me rejeitou. Enfim, não sou convidada para muitos eventos de quadrinhos.; Lost girls, ou Garotas perdidas, como foi publicada na Brasil, apresenta Alice, de Alice no país das maravilhas, Wendy, de Peter Pan, e Dorothy, de O mágico de Oz, em um trama carregada de sexo. Nos Estados Unidos, o livro gerou episódios polêmicos. ;Tivemos sorte que o livro não foi censurado por lá. Mas se alguém reclamou do livro foi porque o comprou. E ele não é vendido como um livro para crianças;, comentou Melinda.

A americana Melinda Gebbie é autora de HQs como Lost girlsO erotismo presente nos trabalhos dela é muito diferente de, por exemplo, outra das atrações da Comicon, o italiano Milo Manara. ;Ele é muito habilidoso como desenhista. Mas parece que faz sempre a mesma mulher, com o mesmo rosto. E em suas histórias a mulher é usada quase como um objeto de decoração. Isso não me atrai, não me interessa. No geral, as mulheres nos comics são retratadas como projeções da mente masculina: mãe, esposa, a bad girl...;, comparou Melinda, que não acompanha séries em quadrinhos; prefere as graphic novels, como as autobiográficas Epilético, de David B., Persépolis, de Marjane Satrapi, e os trabalhos de Linda Berry. A desenhista se disse encantada com o Rio. ;Achei a cidade incrível! As pessoas são adoráveis, carinhosas, educadas e relaxadas;, contou, enquanto saboreava um sorvete.

A Rio Comicon vai até domingo. Além de Melinda e Manara, a lista de convidados internacionais conta com nomes como o inglês Kevin O;Neill, os franceses Killoffer, François Boucq e Etienne Davodeau, os argentinos Lucas Nine e Patricia Breccia e os brasileiros Lourenço Mutarelli, Allan Sieber, Angeli, Laerte, Ota, Rafael Grampá, Rafael Coutinho, Fábio Moon, Gabriel Bá, Caeto, Fábio Zimbres, Guazzelli, Lelis, Arnaldo Branco, Rafael Sica, Fido Nesti, e os brasilienses das revistas Samba e Quebraqueixo. Informações em www.riocomicon.com.br.

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