Diversão e Arte

Alexandre Ribondi foi um dos vencedores do Prêmio Sesc de Teatro Candango

Regina Bandeira
postado em 23/11/2010 11:16

O mímico Miquéias Paz representou cada uma das categorias do prêmioA noite de entrega do Prêmio Sesc de Teatro Candango 2010, no último sábado, cumpriu à risca o ritual de emoção característico das premiações. Única mostra teatral com caráter competitivo de Brasília, a cerimônia consagrou nomes tradicionais da cena teatral brasiliense, como o ator e dramaturgo Alexandre Ribondi (Cru) e a atriz Carmem Moretzsohn (Cabaré das donzelas inocentes), mas também não esqueceu de premiar o talento do teatro universitário, vencedor na categoria sonoplastia (A porca faz anos).

Responsável pela composição das músicas de A porca faz anos (projeto de diplomação do curso de artes cênicas da UnB), Fábio Miranda foi representado pela diretora Felícia Johansson, que recebeu a estatueta sob aplausos entusiasmados dos atores estudantes. ;Foi um trabalho louco de pesquisa histórica. Fábio compôs 20 músicas originais, mas o esforço valeu a pena;, disse a diretora da peça, que satirizou a política nacional e os 50 anos de Brasília.

Mas o grande vencedor da noite foi mesmo o ator e diretor Alexandre Ribondi, que há 40 anos se dedica às artes cênicas da capital e que abocanhou com o forte espetáculo Cru. E o que mais você quer além de morrer? cinco das nove estatuetas distribuídas nas categorias espetáculo, ator, atriz, direção, figurino, cenografia, sonoplastia, iluminação e dramaturgia. Superando Cabaré das Donzelas Inocentes e No happy ending, Cru recebeu prêmio de Espetáculo e ainda ganhou as estatuetas de Ator (Sérgio Sartório); Direção (Alexandre Ribondi e Sérgio Sartório); Dramaturgia (Alexandre Ribondi) e Figurino (Cyntia Carla).

O reconhecimento do espetáculo em Brasília, diz o autor, tem um sabor especial. ;Em 1979, estreei Filó brasiliense, meu primeiro texto, exatamente no Teatro Sesc. A arte precisa de continuidade e patrocinadores. Esse é um espaço que se mantém e que incentiva novas produções;, completa. Concentrados principalmente na atuação dos três personagens ; um matador, um travesti e um forasteiro ; , os três atores de Cru foram os únicos indicados a concorrer na categoria que premiou a atuação de Sérgio Sartório.

Fato semelhante ocorreu com a peça Cabaré das donzelas inocentes, cujas interpretações de Bidô Galvão, Adriana Lodi e Carmem Moretzsohn, a vencedora, também foram as únicas indicadas para levar a estatueta. ;Não imaginei que seria premiada, mas não vejo o prêmio como algo apenas meu. Foi um trabalho coletivo; todas nós ganhamos;, disse Carmem, que por pouco não aceitou fazer o papel da prostituta Minininha. ;Uma menina amorosa que pira quando se vê abandonada pela mulher que a colocou na prostituição. Era uma personagem muito complexo e triste. Tive receio de entrar de cabeça nele;, lembra a atriz.

Antes do anúncio de cada indicação, o mímico convidado Miquéias Paz representou com um trabalho de expressão corporal cada uma das categorias. A apresentação deu um tom artístico a festa, que homenageou o ator, diretor e professor aposentado de artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB) João Antônio de Lima. ;A gente sempre acha que não é merecedor. Todos os incentivadores do teatro deveriam estar aqui;, disse João Antônio, aplaudido de pé. ;A política cultural de Brasília é uma loucura; trabalhamos insistindo, lutando contra a corrente. Bem, ao menos recebemos aplausos no final, não é?!”, brincou o homenageado, que também participou do júri.

As indicações à categoria Espetáculo dadas a Cru, Cabaré das donzelas inocentes e No happy ending garantiram às peças a participação na seletiva do Palco Giratório. Posteriormente, as três peças serão apresentadas à curadoria nacional do programa, que poderá incluí-las ou não na mostra itinerante. A caravana rodará o país em 2012.

Os vencedores


Espetáculo:
; Cru ; Prêmio de R$ 6mil

Prêmios: R$ 2 mil
; Ator: Sérgio Sartório (Cru)
; Atriz: Carmem Moretzsohn (Cabaré das donzelas inocentes)
; Direção: Sérgio Sartório e Alexandre Ribondi (Cru)
; Dramaturgia: Alexandre Ribondi (Cru)

Prêmios: R$ 1,5 mil
; Cenografia: Adriano e Fernando Guimarães (Ilhar )
; Iluminação: Diego Bresani (Ilhar)
; Figurino : Cyntia Carla (Cru)
; Sonoplastia: Fábio Miranda (A porca faz anos)

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