Diversão e Arte

Livros de papel e os clubes de leitura continuam em alta no Brasil

postado em 15/12/2010 07:19
Quando Gabriela Gonçalves leu Madame Bovary, de Gustave Flaubert, pela primeira vez, o impacto foi tão grande que sua vontade era de entregar um exemplar para cada pessoa que visse pela frente. ;Quis compartilhar a experiência, queria que várias pessoas sentissem o que senti;, afirma. A aluna de letras da Universidade de Brasília (UnB) é uma amante dos livros. Com 25 anos, a paixão foi compartilhada com a criação, em abril, do Clube das Literatas, uma reunião das amigas Luiza Vieira, Juliana Freitas, Vanessa Vieira, Daniela Inocêncio, Luzia Pires, Aquíria Francielli e Melina Alves em torno de clássicos da literatura mundial. A cada mês o grupo elege uma anfitriã para receber o encontro e escolher o próximo livro que será lido. Luzia Pires, 21, foi escolhida anfitriã para a reunião de discussão do livro A mãe, de Maksim Gorki. A escolha, segundo a estudante, foi uma sugestão do pai.

O grupo é a prova de que velhos hábitos nunca mudam. Com a média de idade de 21 anos, as meninas do Clube das Literatas não abrem mão do bom e velho livro de papel e estão à frente de grande parte da população brasileira na mesma faixa etária, no que diz respeito ao número de livros que leem por mês, uma média de quatro. ;Nosso intuito com o clube é unicamente literário. Não pretendemos estudar as obras, por que isso já fazemos na universidade, mas sim trocar a experiência que o livro escolhido provocou em cada uma de nós;, explica Gabriela.

Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro concluem que a cada quatro brasileiros, um não faz a menor ideia do papel da leitura na formação intelectual do cidadão, e apenas três acreditam que esse hábito tem um significado positivo. Em contrapartida, recentemente uma nova pesquisa mostrou que o índice de leitura dos brasileiros aumentou 150% na última década. O número passou de 1,8 livro por ano, em média, para 4,7.

Boa parte do aumento do hábito de leitura deve-se a aquisição de leitores eletrônicos, como o iPad, o Sony Reader e o Kindle. Em um estudo com 1,2 mil donos de leitores eletrônicos nos Estados Unidos realizado pela Marketing and Research Resources, 40% disseram que passaram a ler mais livros após à aquisição do aparelho e 55% dos entrevistados acharam que vão usar o aparelho para ler ainda mais livros futuramente. Só nos EUA, as vendas desses equipamentos cresceram quase 200% no primeiro semestre. Por enquanto, os aparelhos de leitura ainda são um artigo de luxo e não pertencem à realidade de grande parcela da população brasileira, mas o acesso digital a um grande número de obras da literatura está cada vez mais próximo principalmente para a formação de novos leitores.

Iniciativas
Dona de um dos talk shows mais vistos da televisão norte-americana, Oprah Winfrey é uma defensora da leitura. A apresentadora possui um clube do livro onde a cada mês sugere uma nova obra para o público. Oprah utiliza o espaço para sugerir um livro e avalia a leitura de acordo com as próprias impressões. O sucesso é tão grande que muitos livros se tornaram best-sellers pela divulgação de Oprah e o seu programa é visto em mais de 100 países. Um exemplo é o romance Freedom, de Johatran Franzen, sugerido por Oprah e que ocupou o topo da lista do jornal The New York Times.

No Brasil, a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano (zezedicamargoeluciano.uol.com.br)criou uma corrente de leitura em parceria com os seguidores do Twitter. A cada 60 dias a dupla sorteia 50 pessoas que se cadastram no site e recebem o livro em casa. Na última corrente os livros mais votados pelo público foram Comer rezar amar (Elizabeth Gilbert), O menino do pijama listrado (John Boyne), A cabana (William Young), Querido John (Nicholas Sparks) e A última música (Nicholas Sparks).

CURIOSIDADES ELETRÔNICAS
; Em eventos literários já foram registrados alguns pedidos de autógrafos aos escritores nos aparelhos eletrônicos de leitura. O escritor David Sedaris disse que enquanto lançava o livro When you are engulfed in flames, em uma livraria de Manhattan, Nova York, um leitor apresentou seu Kindle para um autógrafo. O escritor revelou que já assinou pelo menos cinco Kindles e um bom número de iPads.

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Média de livros lidos por mês pelo Clube das Literatas

OS FAVORITOS DO ANO PELO CLUBE

; Madame Bovary, de Gustave Flaubert

; Lavoura arcaica, de Raduan Nassar

; Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos

; Um sopro de vida, de Clarice Lispector

; Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez

; A mãe, de Maksim Gorki

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