Diversão e Arte

Exposição World Press Photo chega a Brasília com imagens de todo o planeta

postado em 07/07/2011 12:08
Terremoto no Haiti, desastres naturais como as enchentes no Paquistão, um retrato chocante da violência contra a mulher no Afeganistão, o acompanhamento de uma portadora de HIV durante anos até sua morte nos Estados Unidos, a história de um aborto e de uma prisão juvenil na África. Fatos vieram de toda parte do planeta e foram vistos por meio das fotografias que circularam por vários países. Essas imagens chegam pela primeira vez a Brasília, logo após ter passado pelo Rio de Janeiro. A World Press Photo, que será aberta ao público amanhã, é uma conceituada exposição que reúne os premiados pelo concurso de fotojornalismo realizado anualmente pela organização holandesa de mesmo nome.

Entre as imagens da mostra está a sequência Faroeste carioca, série de fotografias do brasileiro Alexandre Vieira, que foi premiada com uma menção honrosa. A foto retrata um tiroteio em plena luz do dia na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Um júri independente seleciona as fotos a cada exposição e esse ano teve uma brasileira em sua composição, a fotojornalista Marizilda Crupper.

A fotografia de Jodi Bieber, de uma jovem com o nariz cortado, foi a grande premiada dessa edição. ;Uma vez que você vê, você não esquece. Ao mesmo tempo que é chocante, vemos uma garota bonita e forte em vez de uma vítima;, explica Erik Kruift, diretor da WPP e curador. Ele compara a imagem ao retrato feito por Steve McCurry de uma jovem refugiada afegã, com surpreendentes olhos de cor verde, publicada na capa da National Geographic Magazine em 1985. ;Todo mundo quando vê faz um link entre as duas. É interessante ver que essa imagem está conectada com a história;, disse.

Corentin Fohlen: protesto antigoverno em Bangkok, Tailândia, em meados de maioCurador da exposição há quatro anos e meio, Kruift acompanha a mostra em 17 das 100 cidades, em 44 países, por onde passa a exposição. ;Eu tenho feito isso muitas vezes, mas cada vez parece a primeira, porque você está lidando com pessoas e lugares diferentes;, conta em sua primeira visita a Brasília.

;Algumas imagens são chocantes, mas eu acho que também é importante as pessoas se darem conta de que é a verdade, é jornalismo. Isso é o que acontece no mundo. Às vezes os fatos não são fáceis, mas é importante vê-los;, avalia ele sobre o conteúdo da exposição. Ao mesmo tempo, Kruift alerta que também é possível ver registros felizes. Ao todo são nove categorias: notícias locais, notícias gerais, as pessoas nas notícias, esportes, questões contemporâneas, cotidiano, artes e entretenimento retratos e natureza.

Mas, afinal de contas, por que mostrar a bárbarie? ;As fotografias lidam com tudo que está acontecendo no mundo. Isso inclui desastres e guerras. É importante manter as pessoas informadas sobre o que estamos fazendo uns com os outros. Porque se queremos mudar algo precisamos saber o que está acontecendo;, justifica.

Além do conteúdo, o curador aponta que o desenvolvimento tecnológico possibilitou a realização de fotografias mais divertidas. ;Em uma dela, pode-se ver o pássaro tão próximo que você pensa: Uau! Como o fotógrafo fez isso?;, exemplifica. Segundo Kruift, a qualidade do material melhora a cada edição a ponto de as pessoas suspeitarem que as imagens são falsas. Contudo, há também menções para fotógrafos não profissionais, como um dos mineiros chilenos que registrou o drama dele e dos colegas, no ano passado. ;O mundo inteiro queria saber o que estava acontecendo lá embaixo, um jornalista deixou a câmera descer e pediu para um dos mineiros tirar fotos;, explica.

Um dos objetivos da mostra é discutir questões atuais do outro lado do mundo ou próximo ao Brasil. ;Nunca permitimos censura. Quando algum país quer a exposição, mas não pode, por exemplo, mostrar nenhuma imagem de nudismo, então não vamos;, garante Kruift. E exposição é promovida pela Embaixada dos Países Baixos em Brasília e faz parte das comemorações do ano da Holanda no Brasil.

World Press Photo 11

A visitação, até dia 30, é de terça-feira a domingo, de 9h às 18h30, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (Setor Cultural Sul, Lote 02). Entrada franca. Informações: 3325-5220 e 3325-6410. Não recomendado para menores de 16 anos.

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