Diversão e Arte

Canal Futura exibe série sobre cotidiano de locais pouco conhecidos

postado em 11/07/2011 08:57
Depois do terremoto que destruiu a capital Porto Príncipe, no começo de 2010, centenas de haitianos cruzaram diversas fronteiras até se instalar no Brasil. Tabatinga, no Amazonas, fronteira com Colômbia e Peru, é a porta de entrada. Lá eles vivem em duas igrejas e em uma casa emprestada. Essas pessoas são apenas alguns dos personagens que o jornalista Luís Nachbin encontrou em uma longa viagem que fez por cidades fronteiriças do Brasil, na tentativa de retratar o cotidiano de locais pouco conhecidos. Encontros que deram origem à série Entre fronteiras, que o Canal Futura começa a exibir hoje, às 19h30.

O jornalista Luís Nachbin e Carline, líder de um grupo haitianos refugiados na fronteira entre Brasil, Colômbia e PeruSerão 20 episódios, exibidos diariamente, de segunda a sexta, até 5 de agosto, e que mostram como é a vida em regiões onde o Brasil se mistura com outros países. Guiado por figuras e situações inusitadas, o jornalista mergulha na realidade de cada lugar e aborda aspectos culturais, econômicos, políticos e artísticos da população. A história dos haitianos que deixaram seu país em busca de refúgio na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru é assunto do primeiro programa. Instalado em uma das igrejas, Nachbin conseguiu, em poucos dias, se identificar com o grupo e desenvolver com a líder deles, Carline, uma cumplicidade que superou a dinâmica tradicional entre jornalista e personagem.

Como na série Passagem para..., no ar desde 2004, também no Futura, Luís Nachbin viajou sozinho para produzir os programas. Porém, agora, em vez de retratar locais, o jornalista foi atrás de personagens curiosos e especiais. Cada um dos episódios é dedicado a uma pessoa marcante que ele conheceu durante a viagem. Por meio desses perfis, a série busca superar a distância territorial e apresentar as tantas culturas existentes no Brasil, destacando nuances binacionais e refletindo sobre a integração entre os países do continente.

Com uma linguagem que passeia entre o documental e a crônica, Nachbin também documenta acontecimentos extraordinários. No segundo episódio, narra uma história de amor ao cinema, que tem como cenário o interior do estado de Rondônia, perto da fronteira com a Bolívia. Lá, Jair Rangel, mais conhecido como Pistolino, alimenta o sonho de construir uma carreira como diretor, roteirista e ator cômico, a despeito das limitações financeiras e da falta de recursos. O programa acaba proporcionando ao personagem a realização de um sonho, ao ajudá-lo a filmar um curta especialmente para a série.

Outras histórias que serão contadas nos demais episódios tratam de temas diversos. Há, por exemplo, a aventura de Jorge, ex-morador das ruas do Rio de Janeiro, que escreve, edita e vende o único jornal bilíngue nos limites entre Brasil, Guiana e Venezuela, o Jornal da Fronteira. E tem também a mistura étnicocultural de São Gabriel da Cachoeira, município vizinho à Colômbia e à Venezuela, no extremo norte do Brasil, onde acontece o Festribal, evento que reúne boa parte das tribos que habitam a região, entre outras. Ou, ainda, a celebração do Dia da Prostituta em Corumbá (cidade próxima da Bolívia), promovida pela DASSC (Dignidade, Ação, Saúde, Sexualidade e Cidadania), associação fundada por prostitutas, em busca de respeito e qualidade de vida. Histórias, enfim, que juntas desenham um retrato de um Brasil que o Brasil desconhece.

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