Diversão e Arte

Cordel encantado de destaca pela simplicidade

Mariana Trigo
postado em 21/07/2011 10:24
Cordel encantado encanta o público pela estética apurada e por atuações cuidadosas, como a de Osmar PradoNo mundo da fantasia
A simplicidade da história de Cordel encantado, com a sofisticada embalagem da trama, é o principal atrativo da produção, que vem despertando cada vez mais a atenção do público. Com satisfatórios 29 pontos de audiência, a trama de Duca Rachid e Thelma Guedes tem surpreendido desde o início por contar uma fábula que mescla histórias de princesas e reinos encantados com o folclore brasileiro e o sertão nordestino ao destacar o cangaço. Entre cinderelas, bruxas, príncipes, lampiões e marias bonitas, a trama tece bordados brasileiríssimos com uma requintada plástica artesanal, mérito da caprichada
direção-geral de Amora Mautner.

Com uma iluminação aprimorada, que destaca enquadramentos que muitas vezes parecem telas impressionistas, a trama vai se desdobrando em tomadas cada vez mais sedutoras. O refinamento estético da profusão de figurinos absolutamente bem cuidados, sem definições históricas precisas, faz com que essa mistura de estilos permita ainda mais ousadia na criação.

Por outro lado, essa liberdade estética também parece ultrapassar a ficção. Na própria interpretação dos atores. É como se eles também se sentissem mais livres para criar em seus personagens, sem amarras de comportamentos definidos de um determinado período histórico, prosódia etc.

Mas todo esse caldeirão de permissividade criativa só dá certo pela precisa condução do texto e da direção. Isso sem falar de um elenco de peso, como Luiz Fernando Guimarães, Marcos Caruso, Zezé Polessa, Débora Bloch, Osmar Prado, Domingos Montagner e Ana Cecília Costa.

A pitada certeira da comédia sem esbarrar no pastelão tem sido a dose perfeita para manter o ritmo da trama. Um dos maiores destaques é o casal Ternurinha e Patácio, interpretado por Zezé Polessa e Marcos Caruso com meticulosidade. Já Osmar Prado tem feito o delegado Batoré de forma brilhante pelos seus trejeitos sem beirar a caricatura. Mérito também de Luiza Valdetaro, como a sofrida Antônia. Isso sem falar na bela Bianca Bin, que não tem decepcionado como a determinada mocinha Aurora/Acuçena.

Desde os vestidos esvoaçantes bordados à mão, passando por cenas em que personagens falam sobre a Valsa das flores, de Tchaikovsky, a trama consegue imprimir toda a sua sofisticação sem deixar de ser acessível e atingir a todos os públicos. Afinal, por baixo de toda essa embalagem de seda com brocados de fios de ouro, os arquétipos são os mais simples possíveis e cada vez mais sedutores nesse cordel para todos os gostos.

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