Diversão e Arte

Das superpoduções para os videoclipes mais humanos, mais perto da realidade

postado em 27/07/2011 08:00
Menos grana, mais suor
Quando gravou o videoclipe Dívida em 2008 da banda Lesto, o diretor Pedro Bedê aprendeu a ter jogo de cintura. "Haviamos conseguido um playback emprestado, mas na hora, o cara furou com a gente", explica. A solução encontrada foi gravar com um aparelho de som de carro. "Hoje, qualquer um compra câmera na feira do paraguai e consegue imagem bacana sem se preocupar com iluminação", compara. De acordo com ele, a tendência é sair das superproduções para videoclipes mais humanos, mais próximos da realidade de todos.

Mesmo com uma tecnologia mais acessível, não se gasta com o que pode ser obtido por meio de empréstimo. Foi assim no último videoclipe produzido, dirigido e editado por Bedê, o Quanto mais, com o músico Fernando Cabral. "O lanche da equipe saiu R$ 5 para cada um. O carro peguei emprestado do meu avô", conta Cabral se referindo ao automóvel que é consumido pelo fogo ao final do vídeo, por meio de um efeito especial. "Só a computação gráfica sairia por R$ 3 mil reais", especula. Mas nesse caso foi feita por amizade. Para este trabalho a câmera utilizada também foi uma Canon HDSLR.

Desvalorização do diretor de videoclipes
Lendo o jornal de manhã, Jarbas Agnelli se deparou com uma foto de pássaros nos fios elétricos. Ele recortou a foto e decidiu compor uma música, usando a exata posição dos pássaros como notas. Curioso, ele queria ouvir a melodia que as aves criavam. "Tem mais de 3 milhões de views, virou palestra e ganhou Festival Youtube Play Guggenheim. E não custou nenhum centavo", exalta. Para Agnelli sempre haverá superproduções, ligadas a pop stars, que não necessariamente são as mais criativas. "Coisas ruins com muito dinheiro não faltam por aí. Na música, o dinheiro geralmente anda junto com a ala mais convencional, mais comercial, e os clipes na maioria das vezes são repetições de fórmulas batidas", acredita.

"Mesmo quando a indústria da música ainda tinha algum fôlego, nunca se investiu em videoclipes no Brasil. Sempre se usou e abusou da vontade e do trabalho de diretores iniciantes tentando produzir peças diferenciadas", pensa Agnelli que já dirigiu 15 produções deste gênero. O maior orçamento que a AD Studio, produtora dele, teve para a produção de um videoclipe foi para o Rappa, Instinto Coletivo. "A verba foi cerca de 70 mil. Mas é bom ressaltar que se todos os envolvidos recebessem pelo que fizeram, o valor seria de 3 a 4 vezes o pago pela gravadora", explica.



Linha do tempo

* Uma coreografia em um fundo branco, roupas iguais, iluminação e fotografia simples foram os ingredientes do clipe mais comentado de 2009, Single ladies, de Beyoncé, dirigido por Jake Nava. Só o anel que custou U$ 5 milhões estourou o orçamento.

* Em 2006, Marisa Monte lançou o vídeo para o single Até Parece, sob a direção de Cláudio Torres. Ao contrário de grandes produções como Segue o seco e Amor I love you, apenas um fundo preto e uma câmera subjetiva compunham o clipe. O resultado foi simples, mas adequado à letra da canção.

* Em 1981 estreia a MTV canal dedicado a exibir somente videoclipes. No Brasil, chegou nos anos 90.

* Um dos primeiros videoclipes exibidos no Brasil foi América do Sul, música é interpretada por Ney Matogrosso. Foi ao ar no Fantástico da rede Globo, em 1975.

* Em 1975, a banda Queen lança o vídeo Bohemian Rhapsody, segundo os estudiosos, é o primeiro videoclipe intencionalmente produzido com o objetivo de divulgar uma música. A exibição frequente do clipe no programa Top of the Pops, da rede BBC, fez com que o disco chegasse ao topo de vendas.

* Em 1964, quando lançaram o filme A Hard Day;s Night, os Beatles faziam também alguns vídeos que não podem ser considerados videoclipes, porque eram usados para que a banda pudesse aparecer em mais de um programa.

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