Diversão e Arte

Ensaio conta uma pequena história do desenvolvimento da técnica fotográfica

Nahima Maciel
postado em 18/08/2011 09:00

Ensaio de Paulo de Araújo vai do preto e branco ao digital: mudanças de tecnologias registradas em imagens

O ensaio começou há 23 anos, em um centro cultural abandonado de Caxias do Sul. O fotógrafo Paulo de Araújo ainda não acalentava a ideia de um trabalho que atravessasse duas décadas. Queria apenas fazer um registro fotográfico em forma de manifesto. Uma velha cantina fechada para ser transformada em centro cultural acabou abandonada pelo poder público. Araújo e a então estudante de artes cênicas Neusa Thomasi decidiram realizar um ensaio fotográfico nas ruínas. As imagens em preto e branco deveriam ajudar a sensibilizar o público.

Quatro anos depois, o fotógrafo voltaria a registrar a intérprete. Dessa vez, em um estúdio de Joinville, no interior de Santa Catarina. Em 2007, um reencontro em Paris renderia um terceiro ensaio. Ao observar o conjunto anos depois, Araújo enxergou ali uma pequena história do desenvolvimento da técnica fotográfica e resolveu juntar os trabalhos na mostra 3X Neusa em cartaz no 1; Festival de Inverno do Terraço
[SAIBAMAIS]
O preto e branco do primeiro ensaio e a cor do segundo, ambos realizados ainda em filme negativo, contrastam com o terceiro, captado com câmera digital. ;Resolvi juntar para mostrar a evolução da fotografia em 20 anos. Houve melhoramento na forma de captar a imagem, de fazer a foto. É uma evolução da técnica e da forma de olhar;, explica o fotógrafo, que é fotojornalista do Correio Braziliense.

;Busquei ser mais seletivo, procurei buscar uma estética diferente, uma evolução do meu fazer fotográfico. Saí do fotojornalismo para uma maneira diversa de enxergar e ver, sem a necessidade de colocar informações objetivas.; Cada ensaio é composto por 12 fotografias impressas em diferentes materiais e formatos.

Araújo nomeou o primeiro ensaio de Retorno primitivo. Nas imagens, Neusa, que integrou a companhia de Antunes Filho e hoje mora em Paris, aparece vestida como uma mulher das cavernas e faz poses e caretas que associam à suposta personagem ao título do ensaio. O segundo, Joinbike, nasceu como uma homenagem a Joinville. ;O tema é a bicicleta porque a cidade era conhecida pelos operários que usavam a bicicleta para ir trabalhar;, avisa o fotógrafo. Em Printemps, o último ensaio, o cenário escolhido pela dupla foi o jardim de Bagatelle, em Paris. ;Queríamos sair do corriqueiro de Paris.;

3 X NEUSA
Exposição de fotografias de Paulo de Araújo. Visitação até 21 de agosto, das 10h às 22h, no Terraço Shopping (AOS 2/8 Lote 5)

INVERNO COM JAZZ (Irlam Rocha Lima)
Indiana Nomma abre hoje, às 20h, a programação musical do 1; Festival de Inverno do Terraço Shopping, com apresentação gratuita na Praça das Palmeiras. Acompanhada pelo trio formado por Daniel Backer (teclado), Renato Glória (bateria) e Oswaldo Amorim (contrabaixo), a cantora vai fazer o show Influência do jazz, no qual interpreta canções do repertório de Cole Porter, George Gershwin, Beatles, The Police; dos brasilienses Eduardo Rangel e Ângela Brandão, e do carioca Gerson Borges. Radicada no Rio de Janeiro desde 2009, Indiana cumpre temporadas no Triboz (Centro Cultural Brasil Austrália, na Lapa) e no Mango Mango, em Santa Tereza. No dia 27, ela participa do Festival de Duetos, com o baixista Bruce Henri, na Sala Baden Powell.

Uma pitada de leveza (Sérgio Maggio)
O livro Catraca inoperante está no campo dos afetos da escritora e jornalista Maria Clara Arreguy. Não só pelas crônicas, surgidas de observações e provocações do cotidiano, mas também pelo prefácio feito pelo amigo Moacyr Scliar, pouco antes dele sofre o AVC que o levaria a morte em março deste ano.

Depois de lançar Catraca inoperante em Brasília e Belo Horizonte, duas cidades do coração, Clara Arreguy administra os últimos 50 exemplares da edição independente do livro, que foi bem comercializado pelas internet. Hoje, ela autografa, a partir das 19h, no Carpe Diem, do Terraço Shopping, dentro da programação do Festival de Inverno. ;Com as redes sociais, fica mais fácil chegar às pessoas. Depois dos lançamentos, vendi muito pela internet;, conta.

Com crônicas repletas de humor e poesia, Catraca inoperante se destaca também por ter seis capas diferentes. ;Seis ilustradores amigos atenderam ao meu chamado e fizeram lindos trabalhos. Em vez de escolher um pra capa, escolhi Ziraldo, Son Salvador, Alexandre Coelho, Caio Gomez, Mário Arreguy e Paulo Fatal;, enumera.

O livro tem provocado bons ecos para Clara Arreguy. A escritora conta que a repercussão tem sido potente o que desmente a tese, sustentada por parte do mercado editorial, de que não há espaço para a publicação de poesia, conto e crônica. Pausa para poesia, que está no livro, traduz a linguagem fluente da cronista de mão cheia. Começa assim: ;Dizem que a poesia é falta de assunto. Dizem que não há lugar para a poesia. Dizem que jornal não comporta poesia. Dizem que nosso tempo não tem espaço para a poesia;. No tempo em que esteve nas redações do Diários Associados (Estado de Minas e Correio Braziliense), Clara Arreguy soube bem pôr uma pitada de leveza na dura vida real.

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