Diversão e Arte

Em sua quarta edição, o Otacon reúne 7 mil fãs da cultura pop japonesa

postado em 31/10/2011 08:56

As amigas Marianny Nezumi e Jéssica Shimizu vestiram-se de Sasuke e Hidan, respectivamente, personagens da segunda temporada de Naruto

Ponto de encontro de fãs de anime, o Otacon chegou à quarta edição neste fim semana e fez do Colégio Dom Bosco, na Asa Sul, uma vitrine de cultura pop japonesa. Com animekê (karaokê com canções de origem nipônica), salas temáticas de jogos (RPG, card games, videogames) e de desenhos (Transformers, Homem de Ferro), o evento teve como tema ;evolução ao extremo; e reuniu 7 mil pessoas no sábado e domingo. A homenagem ao seriado Dragon Ball Z contou com a presença do dublador Wendel Bezerra ; a voz de Goku, Bob Esponja e Jackie Chan ;, que participou de um bate-papo com os fãs.

Carro-chefe do encontro cultural, o cosplay (hobby de usar fantasias de personagens) foi o que mais animou os participantes. ;Vejo animes na tevê há muito tempo, mas só a partir de 2002 comecei a participar dessas reuniões. O que mais gosto é de treinar a costura e a maquiagem. A fantasia deste ano ficou pronta em um mês e meio e custou uns R$ 200. Mas conheço pessoas que chegaram a gastar R$ 5 mil;, contou Enaile Lourenço, vestida de Mística, dos quadrinhos X-Men.

A programação também teve apresentações das bandas Rockband, The Kira Justice, Os Seminovos, Gaijin Sentai (que tem no repertório trilhas sonoras das séries National Kid, Death Note e Jaspion) e de grupos de K-pop (pop coreano). ;É a segunda vez que venho porque gosto me fantasiar e exibir o personagem que admiro. Mas estou mesmo é ansiosa para ver os shows;, comentou Bruna Neri, com trajes da ninja Deidara, do mangá Naruto.

As amigas Jéssica Shimizu e Marianny Nezumi, de Samambaia, foram à festa com trajes da segunda temporada do desenho Naruto, intitulada Shippuden. As fantasias foram montadas às pressas ; a uma semana do evento ;, mas as garotas ficaram satisfeitas com o resultado. ;Ninguém botava fé que a coisa realmente iria acontecer ainda este ano. Todo mundo teve que correr para conseguir fazer a tempo. Fizemos em poucos dias, mas ficaram legais;, disse Marianny, 15 anos, vestindo peças do personagem Sasuke.

Jéssica, 14 anos, só não gostou da organização espacial das atrações da atual edição. ;Hoje (domingo), está menos cheio do que ontem. As salas temáticas ficaram um pouco longe. Mas tivemos boas atrações, como Os Seminovos e o dublador do Bob Esponja;, avaliou a fã de animes, maquiada e arrumada com o visual dark de Hidan.

O dono da voz de Bob Esponja

Wendel Bezerra começou nos palcos, mas percebeu que sua vocação era ficar no backstage. Hoje, é um dos principais dubladores do Brasil e empresta sua voz para personagens como Bob Esponja, Jackie Chan e Goku. Em filmes, já dublou atores como Leonardo Di Caprio (O homem da máscara de ferro), Ashton Kutcher (Efeito borboleta), Sean Astin (O senhor dos anéis), Ryan Gosling (Diário de uma paixão), Ryan Phillip (Segundas intenções), Edward Norton (Tenha fé), Robert Pattinson (Saga Crepúsculo). Wendel veio a Brasília para duas palestras no Otacon e conversou com o Correio sobre o trabalho que faz há 29 anos.

Como você compõe as vozes?
Pego a referência do original e tento ser o mais fiel possível. Na minha opinião, quanto mais próxima da original, melhor é a dublagem. A risada tem que ser igual para a criança dos Estados Unidos e para a brasileira.

Como faz para mudar de uma personagem para outra?
Basicamente, não altero a voz. O que muda é a interpretação. Por isso, algumas vezes as pessoas não percebem que é a mesma voz, pois tom e volume acabam diferentes.

Você sempre viu desenhos?
Cara, eu adoro desenhos. Sempre curti, desde pequeno. É uma coisa que me dá muito prazer. Os meus prediletos são os desenhos cômicos, como Bob Esponja.

O que um bom dublador precisa ter?
É obrigatório o curso de ator, pois é fundamental saber interpretar. Um bom curso de dublagem também é um complemento interessante.

Como é o mercado para dubladores?
O mercado hoje é muito acessível. O público está aceitando mais a dublagem do que as gerações anteriores. Não tem mais preconceito.

Que preconceito?
Sabe aquele lance de pensar que dublagem era coisa de pobre e que o cool era ver filme no original? Isso acabou.

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