Diversão e Arte

Escritor discute produção literária indígena no Brasil durante Bienal

Caroline Maria
postado em 16/04/2012 13:30
O autor paraense Daniel Munduruku, mestre em antropologia e filho do povo munduruku, trouxe à Bienal a discussão sobre produção literária indígena no Brasil. Durante palestra no auditório Jorge Amado, às 10h, Munduruku abordou temas como dinâmica, identidade e interação indígenas dentro do contexto social brasileiro. "Quando pensamos em manter um povo vivo, é preciso manter o seu saber e material produzido. Desta forma, a literatura surge como uma resposta da cultura indígena, que se atualiza para responder a demanda da própria sociedade brasileira", expôs Munduruku.

Para o autor, fugir dos estereótipos ainda é um ponto a ser trabalhado no Brasil, que não deixou de reconhecer o índio como figura caricatural. "Ser munduruku é diferente de ser índio. Ser brasileiro no norte é diferente de ser brasileiro no sul. Ser índio não é falar guarani. Todos os povos precisam de peculiaridades que os identifiquem", distingue.

Presentes em todos os estados brasileiros, os povos indígenas encontram na literatura uma maneira de se aproximarem da sociedade sem apagar as diferenças culturais. A tradição da oralidade, dos rituais e da dança, por exemplo, é atualizada a partir de uma literatura tridimensional, como explica Munduruku. "O conhecimento indígena não é quadrado, mas circular, esférico. Todas manifestações interagem: o grafismo no corpo é nossa escrita, o pé que batemos no chão para chamar nossos antepassados é literatura e o canto é uma literatura que tem som."

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação