Diversão e Arte

Livro joga luz sobre Thomas Cromwel, conselheiro do rei da Henrique VIII

Em O livro de Henrique, Hilary Mantel mostra a faceta do homem de confiança do temível rei da Inglaterra

Nahima Maciel
postado em 31/05/2013 06:00 / atualizado em 08/10/2020 14:14

Thomas Cromwell nasceu filho de ferreiro na Inglaterra do século 16 e conseguiu uma ascensão social incomum para um homem do povo naquela época: tornou-se o conselheiro do temível Henrique VIII. A mente engenhosa era algo notável, detalhe que chamou a atenção do rei. Henrique fazia poucas coisas sem consultar Cromwell. Foi o conselheiro quem arquitetou a anulação do casamento do rei com Catarina, o que possibilitou o enlace com a amante Ana Bolena. Na maioria dos livros de história, Cromwell é demonizado como um articulador sagaz e vil ou deixado de lado. Mas a escritora Hilary Mantel queria enxergar (e revelar) um outro lado deste personagem, mais humano e menos secundário.

 

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O livro de Henrique é o segundo de uma trilogia iniciada com Wolf hall e dedicado inteiramente à vida de Thomas Cromwell. A série foi tão bem recebida entre a crítica e os leitores britânicos que rendeu a Mantel dois Booker Prize, tornando-a a primeira escritora a ganhar o prêmio duas vezes por romances de ficção histórica de uma mesma trilogia. O nome da autora é conhecido de quem acompanha as listas de premiações literárias mais importantes do cenário internacional. Em 2006, ela venceu o Orange Prize e o Commonwealth (conferido a autores em língua inglesa) por Além da escuridão, divertida ficção sobre uma vidente que sobrevive de sessões coletivas de adivinhação do futuro alheio e tem um espírito-enxaqueca como acompanhante eterno. Entrevista /Hilary Mantel Como é a relação de um autor com uma personagem de romance histórico, que existiu e tem uma história pregressa? Creio que é diferente. Você não tem a responsabilidade de suas próprias invenções, enquanto como ficcionista tem um compromisso com o leitor, de dar aos seus personagens uma consistência interior e não lidar com eles de maneira arbitrária. Quando se escreve sobre pessoas reais, você tem que ser justo e preciso, assumindo a responsabilidade e o trabalho de um historiador. Que tipo de liberdade é possível ao escrever ficção histórica? Seria o gênero um meio caminho entre ficção e não-ficção? Todo autor marca a fronteira em um ponto diferente. Se você estiver escrevendo sobre personagens inventados, sem um passado histórico, você tem mais liberdade, mas se seus personagens forem pessoas que realmente viveram, então há um contrato implícito com o leitor: você vai apresentar a verdade tanto quanto possa obtê-la. O desafio é mostrar fatos complexos sem compromisso, mas fazê-lo de maneira a entreter e, talvez, até a chocar o leitor, ao ponto de afastá-lo de suas expectativas. Você está tornando o passado novo. Há sempre pontos na sua narrativa que você deseja, pelo bem da história contada, que tivessem sido diferentes. Mas eu tento abraçar o que é espinhento, os contornos difíceis construídos pela vida real e pelos fatos, em vez de tentar arredondar os cantos e picos. O livro de Henrique Tradução: Heloísa Mourão. Record, 364 páginas. R$ 49,90. Leia a matéria na íntegra na edição desta sexta-feira do Correio Braziliense

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