Diversão e Arte

Filme sobre Di Cavalcanti permanece interditado por desrespeitar memória

"Di Glauber" foi dirigido pelo cineasta baiano Glauber Rocha e permanece censurado há 34 anos por ferir o artigo 20 do Código Civil

Severino Francisco
postado em 12/11/2013 08:00

Glauber Rocha (D) durante as filmagens do enterro do artista modernista

Em 27 de outubro de 1976, o cineasta baiano Glauber Rocha irrompeu na sede da Regina Filmes (produtora de Nelson Pereira dos Santos) e começou a berrar, no seu estilo épico, inflamado e delirante: ;Morreu Di Cavalcanti, o último grande pintor modernista. Precisamos filmar!”

Nelson emprestou sobras de filme e Glauber saiu voado, com o fotógrafo Mário Carneiro, rumo ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde o corpo de Di estava sendo velado. Ao chegar, foram barrados pelo guarda: ;Só tenho ordem de deixar entrar a equipe da Rede Globo;. Glauber não se intimidou: ;Olha, a Globo é uma empresa comercial. Aqui, quem está chegando é o Cinema Novo, ocupamos um outro espaço. Por favor, o senhor nos ajude a transportar nossos equipamentos. ;Ao ouvir o diretor ordenar com tamanha autoridade, o guarda obedeceu prontamente ao ultimato e ajudou a recolher as pesadas tralhas cinematográficas.



[SAIBAMAIS]E, assim, começaram as filmagens do documentário Di Glauber, consagrado no Festival de Cannes de 1979 com o Prêmio Especial do Júri e considerado uma das obras-primas do cinema brasileiro e mundial. A polêmica sobre a liberdade de expressão desencadeada pelo grupo Procure Saber convergiu para as biografias, mas o fato é que Di Glauber está censurado há 34 anos em razão do mesmo artigo 20 do Código Civil, que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento e Roberto Carlos se empenham em manter.

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