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Em entrevista, Rodolfo fala sobre a vida atual, mas desconversa sobre banda

Aos 41 anos, o músico fala ao Correio sobre as transformações da última década e comenta as mortes dos amigos Chorão e Champignon

postado em 19/01/2014 08:00

Aos 41 anos, o músico fala ao Correio sobre as transformações da última década e comenta as mortes dos amigos Chorão e Champignon

;Rodolfo já falou tudo que tinha para falar sobre Raimundos;, disse a assessora, do outro lado da linha. As perguntas são enviadas por e-mail e, tentando driblar a recomendação inicial, algumas interrogações sobre a antiga banda são incluídas. Em vão. O cantor e compositor brasiliense, atualmente morador de Balneário Camboriú (SC), é generoso nos depoimentos, mas ignora os questionamentos sobre o grupo que fundou com Digão e Canisso no fim dos anos 1980. Foi Jacira Abrantes, médica aposentada e mãe de Rodolfo, quem deu uma forcinha para que o filho falasse ao Correio. ;Desculpe a demora e, por favor, corrija os erros de digitação, pois esse teclado é uma luta;, escreveu o vocalista. ;Qualquer dúvida é só dar um grito. Deus abençoe.;

Evangélico desde 2001, o que resultou em sua saída dos Raimundos, Rodolfo Abrantes nunca abriu mão da música. Só que, nos últimos, ela tem outro sentido: detalhar as transformações pelas quais o compositor passou. Ao lado da esposa, Alexandra, ele corre o mundo pregando. Quando está em casa, não abre mão do surfe, paixão antiga. Rodolfo tem um filho em Brasília, Pablo, de 21 anos. Eles se veem com frequência, segundo Jacira, e o jovem, de vez em quando, vai visitar o pai em Santa Catarina. Rodolfo também vem a Brasília, para ver a família e ministrar em cultos. ;Ele não gosta que idolatrem ele. Evitar tirar fotos e dar autógrafos;, diz a mãe.

Com os amigos Anderson, Victor e Tiago, Rodolfo lançou recentemente o disco Rompendo a barreira do templo. ;Nosso esquema é tão simples e sem frescura que às vezes parecemos uma banda de garagem;, diz. O ex-Raimundos não tem empresário nem técnico de som, e não cobra cachê. Dona Jacira, paraibana moradora do Lago Sul, tornou-se evangélica influenciada pelo rebento ilustre. Ela diz não entender o porquê de o filho, de ;personalidade muito forte;, se negar a falar de Raimundos, mas saúda a conversão. ;Ajudou muito. Talvez ele nem estivesse vivo hoje;, comenta. Jacira, contudo, sempre foi fã da banda. ;Ainda choro quando escuto Mulher de fases, me dá uma saudade. Rodolfo ficou famoso muito jovem.;


Ano passado, morreram Chorão e Champignon, do Charlie Brown Jr, músicos da mesma geração que a sua. Como recebeu a notícia?
Acho que essas perdas foram as maiores tragédias da música brasileira desde a morte dos Mamonas Assassinas. Particularmente, acho que uma overdose e um suicídio são piores que um acidente. Fiquei muito mal quando soube da morte do Chorão, que era com quem eu tinha mais contato. Primeiro por que foi uma coisa meio que anunciada, ele estava se afundando, e ninguém bota veneno para dentro sem sofrer consequências.

E o suicídio do Champignon?
Acho que fiquei ainda pior quando, poucos meses depois, o Champs se foi. Um cara tão tranquilo. Que isso sirva de lição para nós, que ainda estamos vivos e podemos tomar decisões que mudem nossos caminhos. Vivemos numa geração onde as pessoas querem aparecer a qualquer custo. Através de redes sociais, cada um faz seu próprio palco. Mas a fama tem um preço e, quando se está exposto, qualquer pressão toma uma dimensão tão grande que muitos se desesperam. Espero que eventos como esse nunca mais aconteçam.

Como é seu dia a dia em Balneário Camboriú? O que gosta de fazer, além da música?

Passo a maior parte do ano fora de casa, viajando pelo ministério. Por isso, quando estou em Balneário, tenho que usar o tempo para deixar tudo em ordem. Mas eu aproveito bastante quando estou na cidade. Gosto de praticar esportes, amo pegar onda, e a cidade favorece atividades outdoor.

Você frequenta muito Brasília?
Vou sempre, pelo menos duas vezes por ano. Minha família mora aí, então aproveito para ficar com eles. Foi o lugar onde nasci e cresci, tenho muitas lembranças. Eu passo pelos lugares e fico me recordando das coisas que vivi. O brasiliense acaba se adaptando a qualquer ambiente, somos meio que cidadãos do mundo. E acho que essa é uma das razões pelas quais tenho esse estilo de vida itinerante, e acabo sempre aprendendo bastante com a cultura dos lugares onde vou. Devo isso ao Cerrado.

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