Diversão e Arte

Festival Varilux de Cinema Francês chega ao DF; confira programação

Produções do país europeu ganham mostra nacional com diversos gêneros para provar que as obras francófonas não são sempre filmes cabeça

Mariana Peixoto/Estado de Minas, Estado de Minas
postado em 09/04/2014 10:37

''Fazemos questão de apresentar uma oferta diversificada para tirar essa imagem de que filme francês é cabeça, intelectual'' afirma o diretor do festival, Christian Boudier; na foto, 'Um belo domingo'

Dezesseis filmes inéditos, além de um clássico da Nouvelle Vague em versão restaurada, estão na programação da quinta edição do Festival Varilux de Cinema Francês, que começa na próxima quinta-feira, 10, em todo o país. Integram o circuito do evento, que vai até a próxima quarta-feira, 75 salas de 42 cidades de todas as regiões.


"Para a seleção dos filmes demos prioridade àqueles que foram comprados para o mercado brasileiro. Dessa maneira, o festival pôde se inserir numa estratégia de promoção e lançamento", afirma o diretor do festival, Christian Boudier, francês radicado há 10 anos no Rio de Janeiro.

Destaque da programação é ;Yves Saint Laurent;, cinebiografia do estilista argelino dirigida por Jalil Lespert, que ganha lançamento comercial já esta semana. O longa retrata a vida do estilista morto em 2008 a partir de 1958, quando, no início de carreira, ele conheceu seu companheiro e sócio Pierre Bergé. É uma primeira visão do personagem, principal incentivador do prêt-à-porter e criador do smoking feminino, que ganha ainda este ano novo filme, ;Saint Laurent;. Essa segunda obra, em fase de pós-produção, é dirigida por Bertrand Bonello.
Cinebiografia 'Yves Saint Laurent' mostra encontro do estilista com o companheiro Pierre Bergé
A exemplo das edições anteriores, o evento traz ao Brasil comitiva de cineastas e diretores franceses. A estrela deste ano é Isabelle Huppert, que aterrissa no Rio somente na segunda-feira para apresentar duas produções: a comédia ;Um amor em Paris;, de Marc Fitoussi (que também vem ao Brasil), e o drama ;Uma relação delicada;, de Catherine Breillat. François Truffaut, cujos 30 anos de morte serão completados em outubro, ganha homenagem com a exibição de ;Os incompreendidos; (1959).

O grupo maior de franceses chega na quinta-feira para o lançamento oficial da mostra no Rio. O cineasta Jean-Pierre Jeunet, que ficou conhecido mundo afora com o blockbuster francês ;O fabuloso destino de Amélie Poulain; (2001), apresenta seu novo filme, ;Uma viagem extraordinária;. Na narrativa, estrelada por Helena Bonham Carter, Judy Davis e Kyle Catlett, um garoto superdotado que vive numa fazenda em Montana ganha um prêmio de ciências e atravessa, sem que a família saiba, os Estados Unidos de trem.

Além de Huppert, outra atriz veterana vem ao festival. Nicole Garcia, que atuou sob as lentes de grandes como Bertrand Tavernier, Jacques Rivette, Alain Resnais e Claude Lelouch, apresenta seu novo longa como diretora, ;Um belo domingo;, sobre a relação de um professor, um aluno e sua mãe.

Outros destaques são ;O passado;, do iraniano Asghar Farhadi (Oscar de filme estrangeiro por ;A separação;, 2012) e ;Uma juíza sem juízo;, de Albert Dupontel, que levou 2 milhões de pessoas aos cinemas da França. ;Fazemos questão de apresentar uma oferta diversificada para tirar essa imagem de que filme francês é cabeça, intelectual. Há desde comédias a filmes de ação. Acho importante falar que não existe um cinema autoral de um lado e um comercial do outro, dicotomia que no Brasil está muito marcada. ;Eu, mamãe e os meninos;, por exemplo, é o que se chama de comédia de autor. Foi um sucesso popular na França, mas tem um tratamento original;, acrescenta Boudier.
Na comédia 'Eu, mamãe e os meninos', o diretor Guillaume Gallienne assume papéis de mãe e filho
Várias faces

A grande volta
Road-movie sob duas rodas é a proposta desta comédia despretensiosa de Laurent Tuel. O Tour de France, a competição de ciclismo mais famosa no mundo, é caso sério em seu país de origem. Apaixonado pela prova, François Nouel (Clovis Cornillac), homem casado em crise com a mulher e o filho adolescente, abandonou o ciclismo pela família. Agora sem emprego e apoio, decide realizar o sonho de completar o tour. Só que sai um dia antes, causando sensação por onde passa (e ciúme nos competidores oficiais). Com cenas de puro pastelão e belas imagens do interior da França, o filme é descartável, mas diverte em sua hora e meia.

Eu, mamãe e os meninos
Vencedor de cinco prêmios César, incluindo melhor filme, a comédia marca a estreia na direção do Guillaume Gallienne, ator da Comédie-Française que se desdobra em dois personagens: Guillaume e sua mãe. Ele foi criado como menina, e passa a infância e a adolescência em busca de sua identidade sexual. Com leveza, humor inteligente e algumas situações surreais, o filme foi um sucesso do público na França. Gallienne também pode ser visto no festival como Pierre Bergé, companheiro de Yves Saint Laurent, no filme homônimo.

O amor é um crime perfeito

Mathieu Amalric vive um professor de literatura no thriller dirigido pelos irmãos Jean-Marie e Arnaud Larrieu. Mulherengo, tem uma relação um tanto incestuosa com a irmã e coleciona aventuras amorosas com suas jovens alunas da universidade. Quando uma delas desaparece, sua madrasta aparece e se envolve com o professor, que entra numa teia de mentiras e mal-entendidos. Muito cigarro, alguns clichês e paisagens geladas.

Laços de sangue

Algumas relações familiares são inexplicáveis. Laços de sangue, protagonizado por Clive Owen e Billy Crudup, é retrato disso. O longa baseado em fatos reais dirigido por Guillaume Canet é uma refilmagem com tintas americanas da produção que o próprio protagonizou. Atrás das câmeras, convocou Owen e Crudup para dar vida aos irmãos Chris e Frank, um bandido e outro policial. Há uma tensão permanente, assim como a discussão sobre caráter, cumplicidade e amor fraterno. (Carolina Braga)

FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS
De quinta-feira, 10 de abril, ao dia 16.Itaú Cinemas e Liberty Mall. Confira a programação no site variluxcinefrances.com.

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