Diversão e Arte

Em entrevista, assessor de Suassuna revela curiosidades sobre o escritor

Assessor de Ariano Suassuna revela que está escrevendo um livro sobre as aulas-espetáculo do mestre

postado em 27/07/2014 09:19

Samarone Lima:

O jornalista e escritor Samarone Lima, assessor do mestre Ariano Suassuna, o acompanhou durante os últimos cinco anos de vida. Em entrevista exclusiva ao Correio, relata o despojamento completo do autor paraibano e como ele conseguia transformar a vida de quem estava por perto. ;Mesmo em silêncio, porque seus gestos sempre eram profundos;, lembra Samarone, que trabalha atualmente num livro sobre as aulas-espetáculo de Ariano. Sobre o Jumento sedutor, livro que Ariano estava escrevendo há mais de 30 anos, Samarone relata que, ultimamente, o escritor não tocava no assunto. ;Ele tinha deixado de falar porque toda entrevista queriam saber se ele tinha terminado.;

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Você é escritor, apaixonado por literatura, e teve a oportunidade de conviver com Ariano Suassuna nos últimos cinco anos de vida do dramaturgo. Imagino que as conversas sobre literatura e seus personagens eram frequentes. Que memória você guarda dessas conversas?
Eram conversas maravilhosas. Quando tinha alguns pedidos de entrevista, eu levava numa pastinha e resolvíamos com uma certa facilidade, já que ele não tinha como atender tudo que pediam. Depois disso, bastava eu perguntar sobre o livro que ele estava lendo, que seus olhos brilhavam. Era uma felicidade.

Ariano costumava conceder muitas entrevistas. Ele ainda tinha paciência para jornalistas?
Era uma relação difícil, por um motivo simples. Ele tinha uma agenda com várias demandas, e o jornalismo era voltado essencialmente para entrevistas. Se você for pesquisar, vai ver que há muitos anos Ariano dava as mesmas entrevistas, com perguntas que se repetiam. Há, claro, exceções como um Geneton Moraes, que se prepara com extremo rigor para encontrar o entrevistado, sabe cada vírgula da vida da pessoa. A entrevista se torna uma descoberta, um encontro. Mas os jornalistas, regra geral, perguntavam sempre as mesmas coisas. Nossa profissão, de certa forma, precisa se reinventar.

[SAIBAMAIS]Como era a rotina de trabalho com Ariano?

Era bem simples. Eu recebia semanalmente dezenas de pedidos de entrevista, depoimentos para documentários, imprimia e botava numa pasta. Quando tinha muita coisa, acertava com ele e despachava os pedidos. Ele lia e dizia o que aceitava. Depois, era ver a agenda dele e encaixar. A melhor hora era quando ele dava as entrevista e eu acompanhava. Ficava me coçando para perguntar algumas coisas.

Imagino que Dom Quixote seja uma referência para Ariano. É a obra literária que ele mais admirava?
Dom Quixote era sempre citado, mas Tolstói e Dostoievsky sempre chegavam. Foi graças a ele que passei a ler Tolstói, especialmente Guerra e paz, que ele já releu inúmeras vezes. Bastava comentar um capítulo, que ele lembrava de detalhes inacreditáveis.

Ariano tinha uma alma-sertão, mas era um sujeito que vivia nessa maluquice chamada Recife. Como ele convivia com isso?

Ele era um homem absolutamente caseiro.

Assim como ele construiu um sertão ao seu modo, inventando personagens e narrativas maravilhosas, de que maneira ele se alimentava desta cidade conturbada de hoje?
Desconfio que ele se alimentava mesmo era de suas origens mais remotas. Falo do sertão.

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