Diversão e Arte

Aniversário de João Donato é comemorado com discos, documentário e shows

Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mônica Salmaso e Luiz Melodia participam das homenagens

Irlam Rocha Lima
postado em 13/08/2014 09:29
João Donato:
A música brasileira está em festa. Domingo próximo, completa 80 anos um gênio da raça: o pianista, compositor e arranjador João Donato, responsável pela fusão de ritmos latinos com o jazz e criador de algo em torno de 400 canções ; entre elas, incontáveis clássicos, da importância de Amazonas, A paz, Até quem sabe, Bananeira, Nasci para bailar, Lugar comum e Sambou, sambou.

Nascido em Rio Branco, no Acre, desde a infância, o artista viveu num ambiente musical. O pai João Donato de Oliveira Filho, major da Aeronáutica e piloto de avião, nas horas vagas, tocava bandolim. A mãe, a dona de casa Eutália Pacheco da Cunha, gostava de cantar nas reuniões da família. Eneyda, a irmã mais velha, pretendia ser concertista de piano; enquanto Lysias, o irmão caçula, tinha talento para as letras e tornou-se o principal parceiro nas composições de João.



A iniciação musical foi com um acordeon nos braços. Criou, aos 8 anos, a valsa Nini, a primeira composição. Em 1945, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro e, em pouco tempo, João passou a frequentar o circuito musical do bairro da Tijuca e adjacências. Ao tentar a sorte no programa de Ary Barroso, esbarrou com a intransigência do apresentador, que recusou a escutá-lo, sob a alegação de que ;não gostava de menino prodígio;.

Enturmado, aos 15 anos, João participava de jam sessions que ocorriam na casa do cantor Dick Farney, onde nasceria o Sinatra-Farney Fã Clube, uma espécie de clube fechado. Ele tinha ao seu lado, além do anfitrião, Johnny Alf, Paulo Moura, Nora Ney, Doris Monteiro e Jô Soares ; que tocava bongô. Um pouco depois, integrando o grupo do flautista Altamiro Carrilho, tocou acordeon em duas faixas do 78 rotações: Brejeiro, de Ernesto Nazareth, e Feliz aniversário, de Altamiro. Foi sua primeira gravação.

Você sabia?

Na década de 1960, morando nos Estados Unidos, tocou num club de jazz em São Francisco, levou o trompetista Chet Baker para tocar com ele no conjunto da casa. O genial músico norte-americano faltava bastante e certa noite apareceu com o rosto ensanguentado e com os dentes quebrados, e perdeu o emprego;

O A bad Donato, considerado um dos discos clássicos de João, foi gravados nos Estados Unidos e dele tomaram parte os músicos brasileiros Oscar Castro Neves (violão), Dom Um Romão (bateria) e integrantes da orquestra do maestro norte-americano Stan Kenton.

Em Nova York, João costumava acompanhar João Gilberto em shows e programas de tevê de grande audiência. O mesmo aconteceu com Tom Jobim.

João e Tom acompanharam Astrud Gilberro no peimeiro disco da xantora brasileira e ex-mulher de João Gilberto

Parceiro de vários letristas, João Donato compôs Doralinda com o roqueiro Cazuza. A músia foi gravada em duo por Nana Caymmi e Emílio Santiago, em disco da cantora e, também, por João no CD Coisa tão simples.

Quem também é parceiro de João Donato numa rara composição é o poeta concretista Haroldo de Campos. Juntos eles fizeram Alea lenda, ainda inédita.

Celebração dos 80 anos

Domingo
Sarau com a participação de vários convidados, na casa da família na Urca/Rio de Janeiro

Dia 20
Show no Circo Voador (na Lapa, Rio de Janeiro), acompanhado por sua banda, com a participação de Caetano Veloso, Luiz Melodia, Marcos Valle, Wanda Sá, Leny Andrade e Donatinho. Lançamento dos CDs O couro tá comendo! e O bicho tá pegando.

Dias 30 e 31
Show no Sesc Vila Mariana (São Paulo), com sua banda e participação de Mônica Salmaso, Filó Machado, Luisa Maita, Filó Machado e Laércio de Freitas.

Dia 27 de setembro

Show Bossa & samba, com a participação de Gilberto Gil, em Montreux (Suiça)

Dia 3 de novembro

Inauguração da exposição João Donato ; 80 anos, na Galeria Athos Bulcão do Teatro Nacional, em Brasília

Clube do Choro

Está em andamento no Espaço Cultural do Choro, em Brasília, o projeto João Donato ; 80 Anos. No Rio de Janeiro, estão sendo feitas gravações de depoimento e filmagens para um documentário, com a participação de vários artistas e direção de Tetê Moraes e Lysias Ênio

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