Diversão e Arte

Disco reúne novas leituras de sucessos de Dorival Caymmi

Parceria de Mário Adnet e Dori Caymmi. CD tem a presença de orquestra de cordas e convidados especiais

Estado de Minas, Ailton Magioli
postado em 16/09/2014 11:26
Mário Adnet, Caetano Veloso e Dori Caymmi: competência para celebrar o centenário do baiano ilustre

Por mais requintado e estelar que possa ser o resultado de ;Dorival Caymmi ; Centenário;, álbum que a Biscoito Fino acaba de lançar para comemorar o centenário do compositor baiano, pode-se dizer que ;Nana, Dori e Danilo ; Caymmi;, com o mesmo objetivo, lançado no ano passado, saiu-se melhor. Ainda que o novo projeto tenha a presença de orquestra de cordas, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Além das pérolas caymmianas pouco exploradas, o primeiro disco leva vantagem por preservar a propalada simplicidade da obra do mestre, sem maiores investimentos em produção, mesmo que estejam no CD Nana, Dori e Danilo, que representam o que há de melhor na obra de Dorival, além da música propriamente dita.

Projeto dividido pelo filho Dori e Mário Adnet, o novo disco poderá ganhar versão ao vivo, com a apresentação de concertos que ainda dependem de patrocínio. ;A proposta anterior é mais simples, já que foi focada na composição de Caymmi e na interpretação dos filhos;, compara o arranjador Mário Adnet, que também marca presença cantando em ;A vizinha do lado;. ;É como se fosse um disco meu e de Dori sobre a obra de Caymmi;, acrescenta Mário, salientando o trabalho de dois arranjadores de gerações diferentes em ;Dorival Caymmi ; Centenário;.

;Neste disco, a ideia foi ir aos clássicos do mestre, com arranjos de orquestra;, justifica Mário Adnet, lembrando que estão no repertório ;O que é que a baiana tem?; (Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque), ;Saudade da Bahia; (Caetano Veloso) e ;Dora; (Chico Buarque), entre outros clássicos.

Verdade que os três, além dos filhos Dori e Danilo Caymmi, contribuem para fazer desse segundo disco um lançamento de peso. Mas Nana Caymmi (;Sargaço mar; e ;A lenda do Abaeté;, além de dividir com os irmãos a interpretação de ;Canção da partida;) continua sendo a maior intérprete da obra do pai, capaz de revelar-se a cada nova leitura, caso do clássico dos clássicos, ;Sargaço mar;.

Infância

Na opinião de Mário Adnet, que divide com Dori os novos arranjos, até então, o único disco de orquestra com a obra do mestre que havia sido bem sucedido era ;Caymmi e o mar;, de 1957, com toda a história dos pescadores, no qual o próprio compositor incorporava o narrador. A convivência de Mário Adnet com o cancioneiro caymmiano remonta à infância, quando a família se imprensava em uma Kombi para viajar do Rio para Guarapari (ES), onde o avô dele tinha uma casa de praia. ;As viagens eram marcadas pela cantoria, do início ao fim;, lembra, emocionado, o arranjador que cresceu naturalmente embalado por Ary Barroso, Dorival Caymmi e outros compositores da MPB.

Apesar de em 1990 Mário Adnet ter decidido gravar um disco independente com a obra de Caymmi, o sonho ainda não havia se concretizou (o arranjo feito por ele para ;Maracangalha; encantou Tom Jobim, que acabaria o indicando para participar do songbook do compositor). Somente agora ele se debruça sobre tal cancioneiroi. ;Por se tratar de algo tão simples, a música de Caymmi acaba nos dando muitas possibilidades harmônicas;, elogia. ;Para um arranjador isso é um prato feito;, conclui, salientando: ;Por isso, a música de Caymmi atravessa gerações;.

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